Graduado em Medicina pela Faculdade de Medicina do ABC (1978) e doutorado em Psiquiatria pela Faculdade de Medicina da U...
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O consumo de bebidas alcoólicas faz parte de muitas práticas culturais, religiosas e sociais, inclusive não causando problemas para a maioria dos consumidores. No entanto, uma parcela da população faz uso nocivo do álcool, podendo se envolver em situações graves e até mesmo chegar à dependência.
No caso específico do alcoolismo, é preciso esclarecer que se trata de uma doença crônica de origem multifatorial, que depende da quantidade e frequência do uso de álcool, da saúde e das condições psicossociais do indivíduo, além da herança genética. A pessoa que desenvolve dependência por álcool é alcoolista (ou alcoólatra, na expressão popular).
Como saber se uma pessoa é alcoolista
Mas, afinal, como reconhecer se alguém próximo está com problemas decorrentes do álcool? A Classificação Internacional de Doenças (CID-10), da Organização Mundial de Saúde, aponta critérios diagnósticos para a dependência, que são sintomas indicativos que nos ajudam a reconhecer essa condição. São eles:
- A pessoa tem um forte desejo de beber quase incontrolável
- Ela não consegue diminuir nem parar o uso de álcool, apesar dos prejuízos
- O consumo é priorizado em detrimento de outras atividades e relações
- A pessoa precisa beber maiores quantidades para atingir os mesmos efeitos de antes (a chamada tolerância ao álcool)
- Na falta de álcool no organismo, podem ocorrer sintomas físicos de abstinência, como sudorese, tremores de extremidades, aumento dos batimentos cardíacos e da pressão arterial.
Ajudando um dependente de álcool
Se você conhece alguém que apresenta alguns destes sintomas, não se desespere. O alcoolismo é um problema de saúde que deve ser abordado com muito cuidado e empenho. Familiares e amigos são essenciais e muitas vezes o tratamento se inicia através deles.
Converse sem julgar
A primeira maneira de ajudar é evitando rótulos e julgamentos. Portanto, ofereça escuta, informação e apoio necessário. Encontre o momento mais adequado para conversar, de preferência quando a pessoa estiver sóbria e em local com privacidade. É imprescindível fazer uma aproximação afetuosa e amiga, com respeito pela pessoa, sem acusá-la ou culpá-la por seu comportamento em relação à bebida.
Demonstre compreensão
Seja objetivo ao dizer que está preocupado com seus hábitos e que gostaria de auxiliá-la a procurar ajuda, dando exemplos de situações negativas que ocorreram com ela em função do uso do álcool. Procure ajudá-la a perceber que pode ter desenvolvido uma doença e que as pessoas não esperam que ela consiga parar de beber sozinha.
Mostre os pontos negativos do hábito
Durante as conversas, tente mostrar que há o lado prejudicial do consumo de álcool. Faça com que ela pese os motivos que teria para continuar e os motivos para interromper o uso, com o objetivo de reforçar o desejo de mudar que o dependente geralmente tem - mesmo que de forma inconsciente.
Encoraje o tratamento
Incentive, sempre, a busca por tratamento. Nesse sentido, é importante tentar encaminhar o dependente para um médico especialista o quanto antes. Somente ele poderá diagnosticar a doença e, caso positivo, iniciar o tratamento mais adequado.
Papel da família no tratamento contra alcoolismo
A família, em especial, é muito importante no tratamento contra o alcoolismo, principalmente porque o usuário de álcool costuma não aceitar o seu problema, não reconhece que o uso dessa substância lhe traz prejuízos ou está desmotivado para buscar ajuda.
Nesse sentido, os familiares conseguem auxiliar o paciente na aderência, na permanência, na superação de dificuldades decorrentes do processo e no estabelecimento de um novo estilo de vida sem o álcool.
Muitas vezes, porém, a família pode adoecer junto com o alcoolista - no fenômeno chamado de codependência. Isso porque o familiar passa a se preocupar mais com o dependente do que consigo mesmo, sentindo-se dominado pelas suas necessidades e desejos. Nesses casos, abordagens psicoterápicas podem beneficiar o familiar, assim como grupos de ajuda mútua.
É preciso compreender que, mesmo com muito esforço e dedicação, a mudança será um processo difícil, demorado e permeado de dúvidas e recaídas. O caminho é cheio de obstáculos, mas a maioria se beneficia de alguma forma com o tratamento, e ter o apoio daqueles que o amam pode ser o ponto-chave para a recuperação.
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