Possui graduação em medicina pela Universidade São Francisco, residência médica em infectologia pediátrica e em pediatri...
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O que é Vírus sincicial respiratório?
O vírus sincicial respiratório (VSR) é um dos principais causadores de infecção respiratória, afetando brônquios e pulmões. Na maioria dos casos está associado à bronquiolite e à pneumonia, gerando sintomas como coriza, tosse, febre e dificuldade para respirar.
Apesar de atingir todas as faixas etárias, os mais vulneráveis à infecção por VSR são bebês e crianças de até dois anos, já que têm o sistema imunológico e respiratório mais frágil.
A seguir, vamos explicar com mais detalhes o que é o vírus sincicial respiratório, seus principais sintomas, como é transmitido e quais são os tratamentos possíveis. Confira!
Causas
Transmissão do vírus sincicial respiratório
A transmissão do vírus sincicial respiratório acontece através do contato de pessoa a pessoa, por meio da secreção - fala, tosse ou espirros - ou do contato com objetos contaminados. Seu período de maior circulação, quando os casos de surto estão em alta, é no outono e no inverno.
“Nesta época do ano, há a diminuição da umidade do ar, deixando as mucosas do trato respiratório ressecadas e mais propícias à irritação. Além disso, pelas baixas temperaturas, os ambientes tendem a ficar fechados, abafados e, assim, as partículas ficam suspensas no ar, aumentando a contaminação por vírus e bactérias”, explica Claudia Maruyama, infectologista da rede de hospitais São Camilo de São Paulo.
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É importante lembrar que o vírus é altamente contagioso e tem transmissão rápida. Por esse motivo, é comum que irmãos apresentem o quadro ao mesmo tempo.
Quais são as doenças causadas por VSR?
As doenças causadas pelo vírus sincicial respiratório são a bronquiolite e a pneumonia. A primeira condição é caracterizada pelo acúmulo de muco nos bronquíolos, a parte final e menor dos brônquios, e causa sintomas como tosse, febre, respiração rápida, desconforto respiratório e chiado no peito.
Já a pneumonia é uma infecção que acomete os alvéolos pulmonares e gera sintomas como febre, tosse seca ou com catarro, falta de ar e dificuldade para respirar. O VSR é uma das causas mais comuns de pneumonia em crianças menores de cinco anos.
Segundo dados do boletim InfoGripe, divulgado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) semanalmente, as infecções causadas por VSR são uma das principais responsáveis por casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) em crianças.
Sintomas
Os principais sintomas que o vírus sincicial respiratório pode causar em infecções são:
- Tosse
- Congestão nasal
- Coriza
- Febre
- Chiado no peito
Em casos mais graves, a infecção pode levar a sintomas mais intensos e que merecem acompanhamento médico, como:
- Dificuldade para respirar
- Aumento da frequência respiratória
- Retrações intercostais (quando os músculos da costela afundam à medida em que a criança tenta respirar)
- Irritabilidade
- Apetite reduzido
-
Dificuldade para mamar
Diagnóstico
O diagnóstico da infecção por vírus sincicial respiratório é clínico, ou seja, é feito levando em conta os sintomas e considerando a época do ano em que a circulação do vírus está em alta. Além disso, existem exames laboratoriais que podem confirmar a doença.
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É o caso de exames feitos com amostras de sangue ou com swab (cotonete) com a secreção de nasofaringe e orofaringe. Essa segunda opção é parecida com o teste que é feito para diagnosticar COVID-19, por exemplo. A radiografia do tórax também pode ser solicitada para confirmar o diagnóstico e avaliar possíveis complicações.
Fatores de risco
Como já vimos, o VSR pode acometer pessoas de todas as idades, mas é mais comum em bebês e crianças de até dois anos de idade. Entre o público infantil, os grupos de risco são:
- Crianças prematuras (que nasceram antes de 35 semanas de gestação completas)
- Crianças com doença pulmonar crônica causada pela prematuridade (displasia broncopulmonar)
- Crianças com cardiopatias congênitas (anormalidade na estrutura ou na função do coração)
Já nos adultos, os principais grupos de risco são os idosos, pessoas com imunossupressão ou doenças pulmonares crônicas, como, por exemplo, doença obstrutiva crônica (DPOC) e doenças cardíacas. “Esse público está mais propício a ter complicações ou descompensar doenças de base”, afirma Claudia.
Buscando ajuda médica
É importante buscar ajuda médica caso os sintomas comecem a ficar mais graves e intensos, como dificuldade para comer e para respirar. O caso exige ainda mais atenção entre o grupo de maior risco para complicações, como bebês, crianças de até dois anos ou idosos.
Entre as especialidades que podem diagnosticar e tratar as infecções causadas pelo vírus sincicial respiratório estão:
- Pediatra
- Infectologista (pediátrico ou adulto)
- Alergista (pediátrico ou adulto)
- Pneumologista (pediátrico ou adulto)
Tratamento
Tratamento para vírus sincicial respiratório
Ainda não existe um tratamento para vírus sincicial respiratório específico, já que ainda não foi desenvolvido um antiviral capaz de impedir a ação do patógeno. Mas tem como tratar os sintomas com alguns cuidados especiais, como hidratação, repouso e mantendo o ambiente ventilado e úmido com a ajuda de um umidificador.
Em casos mais graves, a internação pode ser necessária, principalmente quando há dificuldade para respirar. Nesse cenário, tratamentos como oxigenoterapia, medicamentos intravenosos e uso de máquina para respiração podem ser opções.
Tem cura?
Sim, a infecção por vírus sincicial respiratório tem cura. Os sintomas costumam aparecer entre um e cinco dias desde a transmissão e costumam durar até 14 dias. O pico acontece entre o terceiro e o quinto dia do início dos sintomas. Após esse período, a infecção cessa.
Saiba mais: Meu filho está com Vírus Sincicial Respiratório (VSR): e agora?
Prevenção
Ainda não existe vacina contra o vírus sincicial respiratório e a principal forma de prevenção atual contra a infecção é através do medicamento Palivizumabe.
“Trata-se de um anticorpo monoclonal recomendado para crianças de até dois anos de idade para prevenção da doença em situações específicas que possam evoluir para complicações graves da doença”, explica a infectologista Claudia.
O medicamento é oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e também está disponível na rede privada. Ele é indicado para prematuros de até 35 semanas de gestação e bebês com cardiopatias congênitas e displasias pulmonares. Além disso, é interessante investir em atitudes como:
- Higienizar as mãos com frequência, sempre usando água e sabão
- Evitar ambientes com aglomerações
- Não fumar próximo ao bebê
- Evitar o contato entre bebês e adultos gripados e/ou resfriados
- Higienizar brinquedos
- Deixar ambientes ventilados
- Estimular o aleitamento materno
Referências
Condino-Neto A. Susceptibilidade a infecções: imaturidade imunológica ou imunodeficiência?. Rev Med (São Paulo). 2014 abr.-jun.;93(2):78-82. DOI: http://dx.doi.org/10.11606/issn.1679-9836.v93i2p78-82.
Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm). Imunização: tudo o que você sempre quis saber/Organização Isabella Ballalai, Flavia Bravo. Rio de Janeiro: RMCOM, 2016. Disponível em: https://sbim.org.br/images/books/imunizacao-tudo-o-que-voce-sempre-quis-saber.pdf.
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