Redatora de saúde e bem-estar, autora de reportagens sobre alimentação, família e estilo de vida.
Apesar de ser bastante comum, a prisão de ventre é um assunto com muitas concepções erradas. E, de fato, é um assunto complicado. Para entender melhor, um estudo feito por uma universidade em Londres encontrou diferentes padrões para diagnosticar a constipação. Utilizando estudos de casos, a taxa de diagnóstico correto de prisão de ventre variou entre 99% e 39%, dependendo dos sintomas apresentados.
Por outro lado, é possível destacar os principais sintomas, que são desconforto abdominal, dor e inchaço, desconforto retal, evacuações esparsas, fezes duras, disfunção sensorial, flatulência e inchaço, além de incontinência fecal.
Além da falta de clareza no diagnóstico, há algumas concepções sobre o intestino preso que não são bem compreendidas. Para lhe ajudar a entender melhor a prisão de ventre, separamos 09 mitos e verdades sobre o quadro.
1 - Quem não vai todos os dias ao banheiro tem prisão de ventre?
Mito! Uma forma de diagnosticar a constipação intestinal são os critérios de Roma III, que englobam alguns sintomas, sendo um deles a periodicidade menor que três vezes por semana, ou seja, não ir ao banheiro todos os dias é considerado normal.
2 - Tomar laxante causa efeito rebote no intestino?
Mito! Usar laxantes estimulantes, mesmo que por longos períodos, não causa efeito rebote da constipação. Além disso, os laxantes também não causam vício.
3 - Comer mais fibras ajuda a regular o intestino?
Parcialmente verdade! A constipação intestinal pode estar relacionada com a falta de uma alimentação balanceada e equilibrada. A suplementação de fibras ou a maior ingestão delas pode ser uma maneira de tratar a constipação, mas nem sempre será eficiente.
Não há dúvidas de que as fibras aumentam o volume e a frequência das fezes, entretanto, a baixa ingestão de fibras não é a causa única da constipação e apenas 20% dos pacientes com trânsito intestinal lento se beneficiam do aumento da ingestão de fibras.
Por isso é importante consultar o médico caso o quadro não melhore após o aumento do consumo de fibras e água.
3 - Beber água ajuda?
Verdade! Quando o corpo não está hidratado, há maior risco de prisão de ventre. A dica é ingerir de 1,5 a 2 litros de água por dia, pois o líquido colabora para melhorar o trânsito intestinal.
4 - Não há problema em segurar a vontade de ir ao banheiro?
Mito! Segurar a vontade de evacuar pode, inclusive, levar à prisão de ventre. Por isso, é sempre importante respeitar os sinais que o corpo dá de que é hora de ir ao banheiro.
5 - O emocional altera a regularidade do intestino?
Verdade! O estado emocional é capaz de influenciar o funcionamento do intestino por meio de um sistema de comunicação de dois lados entre o intestino e o cérebro. O intestino é um catalisador emocional importante, e pode modular o comportamento psicológico.
6 - Intestino preso baixa a imunidade?
Verdade! A microbiota intestinal é responsável pela nutrição, manutenção da integridade da barreira gastrointestinal e desenvolvimento da imunidade da mucosa do intestino. O desequilíbrio da microbiota tem papel no desenvolvimento de doenças gastrointestinais. Por isso, pessoas com constipação intestinal podem apresentar desequilíbrio da microbiota habitual e aumento de microrganismos patogênicos.
7 - Idosos sofrem mais com intestino preso?
Verdade! A idade é um fator de risco para a constipação intestinal, e é muito frequente entre os idosos. A prisão de ventre atinge de 21 a 34% das mulheres e de 9 a 26% dos homens acima de 65 anos. Alterações fisiológicas do envelhecimento, como condições de saúde e uso de medicamentos predispõem os idosos ao desenvolvimento do problema.
8 - Fazer exercícios ajuda?
Verdade! A atividade física é capaz de transformar a microbiota intestinal, além disso, a prática estimula a atividade muscular do intestino e atua na melhora do tônus muscular pélvico, facilitando a defecação.
9 - Mulheres sofrem mais com a constipação?
Verdade! Existem alguns indícios que explicam o motivo de as mulheres serem mais afetadas do que os homens. As alterações hormonais, menopausa, parto, cirurgias ginecológicas e gravidez são alguns dos fatores que aumentam a incidência de prisão de ventre nas mulheres.