A doação de órgãos e tecidos é um grande ato de solidariedade que pode ajudar a salvar vidas. Diferente do que muitos imaginam, ela pode ser realizada tanto em vida quanto após o falecimento de uma pessoa, passando por inúmeros critérios sanitários que garantem segurança ao receptor.
Apesar de ser uma prática realizada há décadas no Brasil, alguns detalhes acerca do procedimento podem não ser tão claros para a população. Informações sobre a doação de órgãos podem ser distorcidas, incompletas ou equivocadas e, por isso, necessitam de verificação.
Para evitar a desinformação a respeito do tema, a nefrologista Luciana Neiva de Miranda, do Hospital Albert Sabin, traz explicações sobre o que é mito e o que é verdade sobre a doação de órgãos no país. Tire suas dúvidas e ajude na conscientização sobre a importância deste ato:
Mitos e verdades sobre doação de órgãos
1. A doação de órgãos pode beneficiar mais de uma pessoa
Verdade! Um único doador de órgãos e tecidos pode beneficiar diversas pessoas que aguardam por transplante, já que cada órgão pode ser direcionado para indivíduos diferentes. Porém, a doação múltipla só é possível em casos de pacientes que tiveram morte cerebral (encefálica) confirmada.
2. Grande parte dos órgãos pode ser doada
Verdade! Entre os órgãos e tecidos que podem ser doados após a morte de uma pessoa, estão:
- Coração
- Pulmão
- Fígado
- Rins
- Pâncreas
- Intestinos
- Pele (camada superficial)
- Ossos
- Válvulas cardíacas
- Córneas
- Tendões.
3. Idosos e pessoas que já tiveram problemas de saúde não podem doar órgãos
Mito! Todas as pessoas podem ser consideradas potenciais doadores, independentemente da idade ou histórico médico. Os exames clínicos e laboratoriais no momento da morte determinarão a possibilidade da doação e quais órgãos e tecidos poderão ser aproveitados.
4. Para ser doador, é necessário manifestar o desejo por escrito em documento
Mito! O mais importante é deixar claro para a família o seu desejo de ser doador. No Brasil, o transplante de órgãos e tecidos só pode ser realizado após autorização familiar no caso de doadores falecidos. Por isso, muitas vezes, o assunto é debatido entre a família, sem o conhecimento da existência ou não desse desejo.
5. É possível ser doador de órgãos vivo sem grandes riscos
Verdade! O doador vivo pode doar um dos rins, parte da medula óssea, parte do fígado e parte do pulmão - desde que a retirada não seja prejudicial à sua saúde. Nesses casos, é necessário passar por uma avaliação médica para saber a compatibilidade com o receptor e presença de contraindicações para o procedimento.
6. Religiões proíbem a doação de órgãos
Mito! A maior parte das religiões pregam os princípios de solidariedade e amor ao próximo, que são as principais características do ato de doar órgãos.
7. Há um limite de tempo para o qual o transplante de órgãos deve ser feito
Verdade! Cada órgão tem suas características que influenciam no tempo máximo para retirada após a morte encefálica do doador e no tempo máximo para a realização do transplante.
8. Órgãos doados podem ser transplantados mais de uma vez
Relativo! Um órgão que foi transplantado uma vez e não apresentou problema de rejeição pode ser doado caso o primeiro receptor tenha morte encefálica. As córneas, no entanto, são mais sensíveis e só aceitam um receptor. O reuso de órgãos, em suma, não é fácil.
9. Doadores vivos podem fazer doações para qualquer pessoa
Mito! Em geral, apenas familiares até o terceiro grau podem receber ou doar órgãos entre si. Para pessoas fora da família, um doador em vida só pode disponibilizar um órgão ou tecido mediante a confirmação de compatibilidade com o receptor.
10. Nem todo órgão é compatível com qualquer pessoa
Verdade! Para a doação de órgãos, são realizados diversos testes para avaliar a compatibilidade do órgão do doador com o receptor. Além disso, é necessária uma avaliação clínica e laboratorial do potencial doador para obter um enxerto de qualidade e evitar a transmissão de enfermidades infecciosas ou neoplásicas.
11. A doação deixa o corpo deformado
Mito! Os órgãos e tecidos doados pelos indivíduos são removidos por meio de um processo cirúrgico cuidadoso. Dessa maneira, não provoca qualquer deformação no corpo - nem mesmo nos casos em que a pele do doador é retirada.
Detalhes sobre a doação de órgãos
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