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A gripe (influenza) é um tipo de infecção viral altamente contagiosa que afeta o sistema respiratório. Durante o início da pandemia do novo coronavírus, os sintomas entre essas duas condições passaram a ser comparados frequentemente.
Apesar das complicações causadas pela COVID-19 ainda serem objeto de pesquisa para muitos cientistas, já foi esclarecido que, enquanto a influenza pode ser identificada dois dias após o seu surgimento, a SARS-CoV2 possui um quadro mais arrastado.
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Entre os sintomas que as duas doenças compartilham em comum estão a febre alta, dor muscular e tosse seca. Com isso, muitas pessoas passaram a se perguntar se a vacina contra a gripe pode provocar algum efeito benéfico em quadros de infecção pelo novo coronavírus.
Vacina da gripe x COVID-19
"Se pensarmos em cada uma das vacinas, é importante considerar que a vacina contra a gripe induz proteção ou imunidade contra o vírus causador da gripe, enquanto a vacina contra a COVID-19 induz proteção ou imunidade contra o vírus causador da COVID-19. Assim, nenhuma delas induz proteção ou anticorpos contra o vírus da outra", diz Jefferson Russo Victor, imunologista e professor do curso de Medicina da Universidade Santo Amaro (UNISA).
De acordo com o especialista, ao considerar o efeito de cada vacina, não há a possibilidade de que haja um efeito positivo "cruzado", já que as imunizações induzem a produção de anticorpos para um vírus diferente.
Porém, ainda é possível que a vacina contra a gripe possua algum impacto positivo em pacientes diagnosticados com o coronavírus. Jefferson explica que, uma vez que a COVID-19 é uma doença pulmonar que causa dano no mesmo tecido que o vírus da gripe, caso uma pessoa com coronavírus contraia, ao mesmo tempo, uma infecção pela influenza, as chances de complicações graves e agravamento do quadro de saúde são altas.
"Assim, se a pessoa tiver tomado a vacina contra a gripe, ela tem uma proteção decorrente da vacina que vai diminuir a possibilidade de ter as duas doenças no pulmão ao mesmo tempo. Logo, tomar a vacina contra a gripe faz com que a pessoa tenha mais resistência e menor gravidade caso contraia a COVID-19", diz o imunologista.
As vacinas podem ser aplicadas no mesmo dia?
No Brasil, duas vacinas contra o coronavírus já receberam a aprovação da Anvisa para o registro definitivo de uso - BioNTech, da Pfizer, e Oxford AstraZeneca, distribuída pela Fiocruz. Além dessas, as vacinas Janssen, da Johnson & Johnson, e Coronavac, do Butantan, foram aprovadas para o uso emergencial.
Até o momento, apenas a Coronavac e a Oxford AstraZeneca já começaram a ser aplicadas na população. De acordo com Jefferson, ainda não há estudos que falem sobre administrar tais vacinas contra o coronavírus e a contra a gripe ao mesmo tempo.
"Muitas das coisas que nós vemos, como limitações ou recomendações da vacinação contra a COVID-19, devem-se ao fato de que se tratam de vacinas utilizadas há pouco tempo, então é importante deixar claro que, no futuro, isso pode mudar", ressalta o imunologista.
Logo, como esses dados ainda não estão disponíveis, a recomendação feita por especialistas segue uma cautela: não administrar as duas vacinas (influenza e coronavírus) em um intervalo menor do que 14 dias.
"Nesse aspecto, ainda é importante ressaltar o seguinte: a Coronavac e a Oxford AstraZeneca têm esquemas de vacinação diferentes. No caso da Coronavac, você toma a primeira dose e espera entre 14 e 28 dias para tomar a segunda, e só depois de 14 dias da segunda dose você deve tomar a vacina contra a gripe, para que não haja a possibilidade cruzamento entre a primeira e a segunda dose da coronavac com a dose única da vacina da gripe", explica Jefferson.
Já no caso da vacina da Oxford, AstraZeneca, o professor conta que há um intervalo de três meses entre a primeira e a segunda dose. Portanto, a pessoa pode tomar a primeira dose e esperar pelo menos 14 dias para tomar a vacina da gripe. "O próprio esquema de administração da AstraZeneca já provê esse intervalo de segurança, então dá para tomar a vacina da gripe entre as doses, desde que se espere no mínimo 14 dias entre a primeira dose da Oxford AstraZeneca e a aplicação da vacina contra a gripe", finaliza o especialista.