Redatora especialista em bem-estar, família, beleza, diversidade e cuidados com a saúde do corpo.
Com o início da vacinação contra a COVID-19 no Brasil muitas dúvidas sobre o protocolo a ser seguido e os efeitos da imunização no organismo começaram a surgir. Entre elas está a pergunta: é seguro consumir álcool antes e/ou depois de se vacinar?
Apesar de ainda não existirem estudos elaborados sobre esse tema, a maior parte dos profissionais de saúde recomenda que a ingestão de bebidas alcoólicas não ocorra durante o período de imunização.
"Como o consumo pesado pode enfraquecer o sistema imunológico e limitar os benefícios da vacina, pessoas que bebem em excesso devem buscar ajuda para parar ou reduzir o uso de álcool enquanto o processo de imunização está ocorrendo", explica Arthur Guerra, psiquiatra e presidente do CISA (Centro de Informações sobre Saúde e Álcool).
Segundo o especialista, o ideal é que seja feita uma pausa no consumo de álcool por, no mínimo, duas semanas após a aplicação da segunda dose da vacina contra o novo coronavírus.
Álcool e sistema imunológico
Um artigo estadunidense revelou que o sistema gastrointestinal é normalmente o primeiro ponto de contato do álcool ao passar pelo corpo, sendo absorvido pela corrente sanguínea logo em seguida. Portanto, um dos seus efeitos imediatos mais significativos é que ele afeta a estrutura e a integridade do trato gastrointestinal.
"O álcool altera o número e a abundância relativa de micróbios no microbioma intestinal, uma extensa comunidade de micro-organismos no intestino que auxiliam no seu funcionamento normal. Esses organismos afetam a maturação e a função do sistema imunológico. O álcool interrompe a comunicação entre esses organismos e o sistema imunológico intestinal. O consumo de álcool também danifica as células epiteliais, células T e neutrófilos no sistema GI", explicam os pesquisadores.
Dessa forma, muitos cientistas acreditam na possibilidade de o álcool interferir no processo de imunização que ocorre com a vacina.
Entretanto, em um comunicado recente, a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) afirmou que não há a necessidade de cortar o consumo de bebidas alcoólicas para se vacinar contra a COVID-19.
Segundo a entidade, durante os estudos clínicos e testes da vacina, os voluntários não precisaram restringir o consumo de qualquer tipo de bebida. Dessa forma, não existem dados suficientes que comprovem qualquer efeito negativo que o álcool possa causar durante a imunização contra o coronavírus.
Em nota, o Ministério da Saúde reforçou que "não há nenhuma evidência sobre a relação do álcool com o comprometimento da formação de anticorpos promovida pela vacina COVID-19". Além disso, o Instituto Butantan e a Fiocruz, fabricantes da CoronaVac, Oxford AstraZeneca e Covishield, também alegaram que não existem recomendações que proíbam o consumo de álcool antes ou depois da vacinação.