Ao contrário do que muitos pensam, bebês prematuros precisam de ainda mais cuidados quando o assunto é vacinação e imunização, exatamente para que não desenvolvam nenhuma doença prevenível1, levando em consideração que o sistema imunológico desses pequenos ainda não está totalmente desenvolvido2.
Esses bebês não tiveram tempo suficiente para se desenvolver por completo durante a gestação e, em consequência do nascimento prematuro, têm o sistema imunológico imaturo. Diferentemente dos bebês a termo, que nasceram a partir de 37 semanas de gestação, muitos dos bebês prematuros permanecem por períodos maiores na unidade de terapia intensiva (UTI)2.
E é para isso que os Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE) são recomendados: eles fornecem um serviço diferenciado para essa população que precisa de mais cuidado4.
Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE)
Para entender melhor, o CRIE é um centro de referência para Imunobiológicos Especiais sob administração do Sistema Único de Saúde (SUS) e que têm infraestrutura e logística próprias com a finalidade de facilitar o acesso de pessoas com necessidades específicas de imunização a uma ampla gama de vacinas, soros e imunoglobulinas que não são oferecidos nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) ou são ofertados apenas para faixas etárias restritas.6
A função do CRIE é também garantir os mecanismos necessários para investigação, acompanhamento e elucidação dos casos de eventos adversos graves ou inusitados associados à aplicação de imunobiológicos6.
E esse cuidado cai como uma luva para os bebês prematuros, especialmente os prematuros extremos. O uso das vacinas acelulares e combinadas, que são aquelas que oferecem proteção para mais de uma doença com a aplicação de uma única injeção, e estão disponíveis no CRIE, é de extrema importância para os bebês prematuros, já que proporcionam menos efeitos colaterais e o risco de descompensação é menor5.
Idade ideal para vacinação em prematuros
Para compreensão, o esquema de vacinação dos bebês prematuros segue o mesmo dos bebês que nasceram no tempo correto: a vacinação deles deve acontecer pela idade cronológica e não pela idade corrigida.
Para muitos outros assuntos de prematuridade há a diferenciação da idade cronológica e idade corrigida. A idade corrigida é aquela que tem como base 40 semanas de gestação. Portanto, o bebê prematuro que nasce de 35 semanas só atingirá a semana um de idade corrigida quando ultrapassar as cinco semanas que ele ainda deveria estar em gestação3.
Porém, quando se trata de vacinação a idade corrigida é desconsiderada, levando em conta o momento em que o bebê efetivamente saiu do útero3. E foi também para regular e ajudar as famílias de bebês prematuros na missão que é a imunização dos pequenos, o Sistema Único de Saúde (SUS) criou os Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE)6.
Vacina pentavalente x hexavalente acelulares: qual a diferença?
Presente no CRIE e indicadas para bebês prematuros - especialmente os prematuros extremos -, as vacinas pentavalente e hexavalente apresentam pequenas diferenças entre si6. Entenda:
- Pentavalente acelular: Vacina adsorvida Difteria, Tétano, Pertussis (acelular), Poliomielite 1, 2 e 3 (inativada) e Haemophilus influenzae B (conjugada)4.
- Hexavalente acelular: Vacina adsorvida Difteria, Tétano, Pertussis (acelular), Poliomielite 1, 2 e 3 (inativada), Haemophilus influenzae B (conjugada) e Hepatite B (recombinante).4
As duas vacinas acelulares estão disponíveis no CRIE e podem ser administradas em bebês prematuros extremos4. Pais de bebês prematuros devem buscar informações, para ter acesso a essas vacinas gratuitamente.
Caso não seja possível vacinar o bebê em um CRIE, é importante lembrar que as vacinas disponíveis nas UBS através do Programa Nacional de Imunizações (PNI) também são eficazes e protegem o bebê contra doenças graves. Jamais deixe de vacinar seu filho, a vacinação salva vidas.
MAT-BR-2102594 - Maio/21
Referências
1 - Gagneur A, Pinquier D, Quach C. Immunization of preterm infants. Human Vaccines & Immunotherapeutics. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4685684/ Acesso em 11 de maio de 2021.
2 - Melville JM, Moss TJM. The immune consequences of preterm birth. Frontiers in Neuroscience. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3659282/ Acesso em 11 de maio de 2021.
3 - Sen S, Cloete Y, Hassan K et al. Adverse events following vaccination in premature infants. Acta Paediatrica. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/11529542/ Acesso em 11 de maio de 2021.
4 - Informe Técnico - Vacina Penta Acelular e Vacina Hexa Acelular. Ministério da Saúde - Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Imunização e Doenças Transmissíveis. Coordenação Geral do Programa Nacional de Imunizações. Disponível em: https://sbim.org.br/images/files/notas-tecnicas/informe-incorporacao-penta-hexa-acelulares-210104.pdf Acesso em 11 de maio de 2021.
5 - Asad A. Common Queries About Immunizations in Preterm Infants. Pediatric Annals. Disponível em: https://www.healio.com/pediatrics/journals/pedann/2018-4-47-4/%7B6b63c3d7-aac3-4c39-a5cc-692480e4c8bd%7D/common-queries-about-immunizations-in-preterm-infants Acesso em 11 de maio de 2021.
6 - Manual dos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais. Fundação Oswaldo Cruz. Disponível em: https://portal.fiocruz.br/sites/portal.fiocruz.br/files/documentos/manual-cries-9dez14-servico_vacinacao_ini.pdf Acesso em 11 de maio de 2021.