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Que a obesidade é uma doença crônica, multifatorial e que precisa de tratamento, você já sabe1. Mas você também está ciente de que o excesso de gordura corporal tem relação com diversas doenças, como diabetes, hipertensão arterial, apneia do sono, problemas cardíacos, colesterol alto, depressão, ansiedade e outros problemas de ordem mental2, além de diversos tipos de câncer3,4, inclusive o de mama?
A obesidade está relacionada à inflamação crônica, que por sua vez está ligada a diversas reações no organismo que podem levar a essas doenças. E não para por aí: o excesso de gordura corporal também está associado a alterações nos hormônios sexuais (como estrona e estradiol, por exemplo), cujas alterações específicas podem estar ligadas a crescimento, proliferação e diferenciação celular, o que pode ser responsável pelo surgimento de câncer, por exemplo1.
O ideal, portanto, é manter-se dentro do peso adequado. Abaixo, saiba mais a respeito das principais causas da obesidade e o que fazer para reverter o excesso de gordura corporal.
Principais causas da obesidade
A obesidade, de forma bem simples, é o acúmulo de gordura em excesso em todo o corpo. E é preciso tomar cuidado com esse excesso de gordura - e aqui não estamos falando da questão estética, mas, sim, pensando na saúde. Vale lembrar que a obesidade é uma doença crônica e pode trazer sérios problemas, de dificuldade para respirar e se locomover a enfermidades graves como diabetes, doenças cardiovasculares e o câncer, como já mencionamos1.
As causas da obesidade são diversas, ou seja, é uma doença multifatorial. Os fatores relacionados a ela incluem predisposição genética, aspectos ambientais e também sociais como maus hábitos alimentares e sedentarismo, e questões endócrinas e hormonais5. Saiba mais detalhes:
- Maus hábitos alimentares e sedentarismo: Esses dois pontos são considerados os grandes vilões, isso porque a obesidade é consequência de um desequilíbrio nutricional com excesso de calorias, ou seja, a pessoa come mais do que o organismo gasta em energia. Com isso, a energia se acumula e, graças a ação da insulina, acaba virando gordura no corpo6.
Por um lado, com uma rotina de trabalho puxada e até um acesso mais fácil a determinados alimentos, como os industrializados, cada vez mais as pessoas estão consumindo uma dieta rica em gorduras, açúcares, alimentos processados, comida pronta e fast food7.
Soma-se a isso a falta de atividade física. Muita gente entrou em um ciclo de diminuir progressivamente o tempo de atividade física, seja ela uma simples caminhada ou um exercício na academia, para passar horas e horas diante do computador, da televisão ou outra tela6.
Está criado o cenário para o acúmulo de peso e de gordura no corpo!
- Fatores genéticos e influência familiar: pesquisas mostram que há uma herança genética e familiar na obesidade6. Por exemplo, filhos de pais obesos correm um risco de duas a três vezes maior de serem obesos no futuro em comparação com crianças de famílias que nem o pai ou a mãe sofre com obesidade7.
Também se encaixam aqui fatores hormonais e neurais que são determinados geneticamente. Eles influenciam em pontos como saciedade e regulação do peso corporal e, com isso, acabam tendo relação com ganho de peso, acúmulo de gorduras e obesidade6.
- Problemas endócrinos e outras alterações: algumas questões endócrinas também apresentam relação com a obesidade, como hipotireoidismo e alterações no hipotálamo. A forma como o corpo metaboliza determinadas substâncias, como os corticóides, e até os ovários policísticos podem levar ao sobrepeso6.
- Fatores psicológicos: baixa-autoestima, ansiedade e depressão também podem resultar em ganho excessivo de peso6.
Tratamentos para obesidade
Da mesma forma que a obesidade é uma doença multifatorial, o tratamento também pode incluir diversas etapas e técnicas, ele é multidisciplinar. É indicado que o portador de obesidade passe por acompanhamentos de especialistas como nutricionista, endrocinologista, psicólogo e educador físico para buscar uma mudança no estilo de vida que seja eficiente e duradoura8.
E nada de partir para dietas malucas ou da moda na ânsia de perder peso! Os tratamentos devem ser individualizados, com planos alimentares e exercícios voltados para aquele paciente. Já é comprovado que um planejamento flexível, que vise a reeducação alimentar respeitando as necessidades e características de cada um, desde profissão, arranjo familiar a questões econômicas, é a chave para os melhores resultados8.
Para melhorar hábitos alimentares e a questão do sedentarismo é possível partir para uma reeducação alimentar e um plano de exercícios, por exemplo. Em diversos casos, essas atitudes podem vir acompanhadas do uso de medicamentos6, que serão prescritos por um médico - de novo, nada de tomar remédio para emagrecer por conta própria! Também vale ressaltar que não existe tratamento com medicamentos a longo prazo que não envolva mudanças no estilo de vida8.
Como a obesidade também está relacionada a questões emocionais, parte do tratamento também passa pelo uso de técnicas comportamentais. A ideia, com isso, é conseguir atuar em estímulos que antecedem ao comportamento compulsivo, de comer por comer ou apenas para tentar controlar a ansiedade ou o estresse. Aqui também é possível associar tais técnicas ao uso de medicamentos8.
Mais um caminho é apostar, junto com os demais tratamentos, em terapias alternativas, como acupuntura, aromaterapia ou o uso de fitoterápicos e suplementos8.
A cirurgia bariátrica é mais uma forma de tratamento para a obesidade. O procedimento é indicado para pacientes que não conseguiram emagrecer ou manter a perda de peso apesar de cuidados médicos por um período de dois anos, que tenham entre 18 e 65 anos, IMC maior a 40 kg/m² ou 35 kg/m² e com uma ou mais comorbidades graves relacionadas com a obesidade8.
A perda de peso resultante da cirurgia pode ajudar a melhorar também outras doenças, como diabetes do tipo 2, hipertensão, doenças cardíacas, função respiratória, refluxo, síndrome de ovário policístico, entre outras. É preciso, entretanto, seguir protocolos de pré e pós-operatório e acompanhamento médico de perto para o sucesso no tratamento8.
Referências
1 - Pinheiro ARO, Freitas SFT, Corso ACT. Uma abordagem epidemiológica da obesidade. Revista de Nutrição. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script= sci_arttext & pid=S1415-52732004000400012. Acesso em 27/01/2021.
2 - Centers for Disease Control and Prevention. Adult Obesity - Causes & Consequences. Overweight & Obesity. Disponível em: https://www.cdc.gov/obesity/adult/causes.html Acesso em 14/10/2021.
3 - Rezende LFM, Arnold M, Rabacow FM et al. The increasing burden of cancer attributable to high body mass index in Brazil. Cancer Epidemiology. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S1877782118300900 Acesso em 27/01/2021.
4 - Organização Pan Americana da Saúde (OPAS). Doenças Transmissíveis e Não-Transmissíveis - Câncer. Disponível em: https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=393:cancer&Itemid=463 Acesso em 27/01/2021.
5 - 10 Coisas que Você Precisa Saber Sobre Obesidade. Sociedade Brasileira de Endocrinologia. Disponível em: https://www.endocrino.org.br/10-coisas-que-voce-precisa-saber-sobre-obesidade/. Acesso em 26/01/2021.
6 - Barbieri AF, Mello RA. As causas da obesidade: uma análise sob a perspectiva materialista histórica. Conexões - Educação Física, Esporte e Saúde. Unicamp. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/conexoes/article/view/8637693. Acesso em 27/01/2021.
7 - Dalcastagné G, Ranucci JMA, Nascimento MA et al. Influência dos pais no estilo de vida dos filhos e sua relação com a obesidade infantil. RBONE - Revista Brasileira De Obesidade, Nutrição E Emagrecimento. Disponível em: http://www.rbone.com.br/index.php/rbone/article/view/67. Acesso em 27/01/2021.
8 - Diretrizes Brasileiras de Obesidade. 4ª edição. Abeso. Disponível em: https://abeso.org.br/wp-content/uploads/2019/12/Diretrizes-Download-Diretrizes-Brasileiras-de-Obesidade-2016.pdf. Acessado em 27/01/2021.