Mariana Teixeira Vilasboas, formada em Medicina pela primeira turma da faculdade Pitágoras Montes Claros, fez Residência...
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Com resultados cientificamente comprovados, a Análise de Comportamento Aplicado (Applied Behavior Analysis), também conhecida como terapia ABA, é um dos métodos mais efetivos de modelagem comportamental para crianças com algum desenvolvimento atípico. Por isso, ele é indicado àquelas com diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Atualmente, é uma das modalidades utilizadas no programa Intervenção Comportamental Intensiva Precoce (EIBI, no inglês).
Segundo Marcio Moacyr de Vasconcelos, membro do Departamento Científico de Neurologia da Sociedade Brasileira de Pediatria, a terapia ABA é uma das modalidades da psicoterapia comportamental e foi criada a partir dos princípios do Behaviorismo, que defende que o comportamento pode ser moldado através do condicionamento.
Nesse contexto, a ABA "presume que existem relações estreitas entre o comportamento e o ambiente e que, através de mudanças e estímulos no segundo, seja possível modificar o primeiro", explica o especialista.
Apesar de ser um método mais utilizado em intervenções terapêuticas de pessoas com autismo, existem estudos que apontam a eficácia da terapia ABA para outros transtornos, como o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH).
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Como funciona a terapia ABA?
A análise do comportamento aplicada busca ampliar comportamentos úteis e desejáveis, ao mesmo tempo em que diminui aqueles que são prejudiciais e interferem no processo de aprendizado da criança.
Sendo assim, o método intervém em múltiplos comportamentos, ao contrário das terapias convencionais, e é delimitado de acordo com cada necessidade.
Como aplicar a terapia ABA?
De acordo com Márcio Vasconcelos, a terapia é aplicada de maneira intensiva - e a criança deve ser assistida pela terapeuta em sessões individuais.
"O terapeuta ABA analisa o comportamento da criança e procura modificar aspectos desfavoráveis do comportamento, às vezes decompondo um dado comportamento em vários segmentos. A análise busca compreender por que aquele comportamento desfavorável está ocorrendo", elucida Marcio.
A ABA deve ser adaptada às necessidades de cada criança, conforme explica a pediatra Mariana Vilasboas. A abordagem inclui o desenvolvimento e outras técnicas de aprendizagem, variedade de objetivos e avaliações e abordagens mais lúdicas e envolventes, todas acompanhadas de muito reforço positivo.
Isso pois, de acordo com Vasconcelos, a ABA parte do princípio que todo comportamento tem um antecedente e uma consequência. A natureza da consequência de um dado comportamento pode interferir na chance daquele comportamento se repetir. Por isso, uma das estratégias utilizadas pelo terapeuta seria o reforço positivo.
Qual o tempo de duração de cada sessão?
As sessões de terapia podem durar de 2 a 4 horas por dia e idealmente devem ocorrer cinco dias por semana. O modelo original de Lovaas, segundo Marcio, previa 40h por semana de terapia, mas a carga horária semanal foi reduzida com a finalidade de expandir e viabilizar a técnica.
Quais os especialistas podem aplicar a terapia ABA?
A aplicação do método pode ser realizada por inúmeros profissionais. Segundo Mariana, são eles:
- Terapeutas
- Médicos
- Psicólogos
- Fonoaudiólogos
- Professores.
Vilasboas ainda acrescenta que a terapia ABA também pode ser aplicada por familiares que desejem contribuir para otimizar os resultados. Todavia, é essencial contar com a orientação e supervisão de profissionais capacitados.
Benefícios da terapia ABA
Um dos principais benefícios e objetivos da terapia ABA é promover a expansão das habilidades psicossociais da criança, aumentando as chances dela se comunicar e interagir com os outros. Com isso, a abordagem visa:
- Desenvolver habilidades
- Melhorar comportamentos
- Manejar limitações.
"Além disso, a terapia pode almejar outros objetivos, como a independência, a destreza motora e o aprendizado, através da ênfase nas habilidades de autocuidados, tarefas motoras e função cognitiva", diz Marcio Moacyr de Vasconcelos.
Papel familiar na terapia ABA
O envolvimento familiar é fundamental durante o processo de aprendizado, pois proporciona uma estimulação mais intensiva no ambiente doméstico e atua com efeito positivo sobre os benefícios da terapia ABA.
"A família pode ajudar muito o(a) terapeuta ABA, fornecendo informações precisas sobre o comportamento da criança e aplicando os preceitos da técnica explanados nas sessões de orientação com o(a) terapeuta", finaliza Márcio.
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