Graduado em Medicina pela Faculdade de Medicina do ABC (1978) e doutorado em Psiquiatria pela Faculdade de Medicina da U...
iPara a Organização Mundial da Saúde (OMS), casais que não usam métodos contraceptivos durante 12 meses e não conseguem engravidar podem ter problemas de fertilidade. As causas são variadas, e fatores ambientais e relacionados ao estilo de vida impactam negativamente na fertilidade de homens e mulheres. Um desses fatores pode ser o consumo excessivo e crônico de álcool.
Estima-se que a infertilidade afeta em torno de 15% dos casais em idade reprodutiva no mundo. Desses casos, 35% estão relacionados à mulher, 30% estão associados ao homem, 20% a ambos e 15% são provocados por causas desconhecidas.
No caso dos homens, as evidências científicas são mais robustas e mostram que mais de 50% dos bebedores pesados tiveram uma suspensão no processo de formação de novos espermatozoides. Pesquisas também apontaram que, ao comparar homens que bebem diariamente com bebedores ocasionais, as alterações hormonais foram significativamente piores em pacientes do grupo de bebedores diários.
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Além disso, beber de forma abusiva pode ter efeito direto no metabolismo da testosterona (hormônio masculino fundamental no processo de formação e amadurecimento dos espermatozoides) e na espermatogênese (processo de produção dos espermatozoides), produzindo alterações morfológicas nos espermatozoides, como observou um estudo com quase 30 mil participantes.
Segundo os autores, a ingestão de bebidas alcoólicas em grau elevado pode levar a uma redução do volume de sêmen e da concentração de esperma, além da diminuição nos níveis de testosterona – condições que interferem diretamente na fertilidade dos homens.
Álcool e a fertilidade das mulheres
De forma semelhante como ocorre entre os homens, a ingestão abusiva e crônica de bebida alcoólica está relacionada tanto à redução da fertilidade feminina como a um risco maior de desenvolver distúrbios menstruais.
Estudos nessa área apoiam que o consumo de álcool nesses padrões diminui a probabilidade de concepção e sugerem que mesmo a ingestão em níveis inferiores pode diminuir a fertilidade se feita durante intervalos fisiológicos críticos do ciclo menstrual.
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Foi o que apontou uma pesquisa publicada na revista Human Reproduction. De acordo com os autores, o consumo moderado a intenso de bebidas alcoólicas durante a fase lútea (período que vai da ovulação até a menstruação) e o consumo intenso de álcool na janela ovulatória podem atrapalhar a delicada sequência de eventos hormonais femininos, afetando as chances de uma concepção bem-sucedida.
Portanto, para mulheres que desejam engravidar, a recomendação é evitar a ingestão de bebida alcoólica, mesmo que ocasional. Outro alerta importante é sobre o consumo de álcool durante a gravidez: ele deve ser interrompido totalmente, pois pode resultar em efeitos adversos no desenvolvimento do feto, como a Síndrome Alcoólica Fetal.