Formada em 1991 pela Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto-UNESP. Estágio em Dermatologia no Hospital Darcy Var...
iRedatora especialista em conteúdos sobre saúde, família e alimentação.
Obter um bronzeado bonito e a famosa marquinha de biquíni é o objetivo de muitas pessoas com a chegada do verão. Mas, para isso, algumas delas estão adotando práticas perigosas à saúde. Além dos bronzeadores caseiros, a nova moda da estação é o uso de biquíni de fita isolante, que promete trazer resultados rápidos.
O recurso consiste em colar fita isolante no corpo, em regiões que normalmente ficam cobertas pelo biquíni. Em conjunto, há a aplicação de substâncias que aceleram o bronzeamento, como a parafina. Pessoas adeptas à prática ficam expostos ao sol por aproximadamente duas horas.
Nesse contexto, todo o processo pode ser altamente nocivo à saúde — desde o uso da fita como biquíni até a exposição excessiva ao sol. O MinhaVida conversou com Maria Paula Del Nero, dermatologista e diretora da Clínica Healthy Dermatology, para esclarecer as dúvidas sobre a prática e orientar sobre uma exposição solar saudável. Confira!
Quais os riscos do biquíni de fita isolante?
Segundo Maria Paula, o bronzeamento com biquíni de fita isolante pode trazer riscos à saúde, especialmente em função da exposição solar em excesso — que ocorre entre uma hora e meia a duas horas. Além de insolação, a prática pode provocar:
- Urticária: é uma irritação cutânea caracterizada por lesões avermelhadas e levemente inchadas na pele, como vergões, que provocam coceira intensa;
- Descamação: a exposição excessiva à radiação ultravioleta provoca a divisão das células e o calor faz com que elas ressequem e morram, o que causa uma descamação;
- Dermatite: também chamada de eczema, é uma reação inflamatória da pele que pode provocar coceira, vermelhidão e inchaço, além de espessamento e rachaduras na pele;
- Fotoenvelhecimento: é o envelhecimento precoce da pele devido à exposição excessiva aos raios do sol, que pode surgir a partir de manchas, rugas acentuadas e uma pele áspera e espessa;
- Câncer de pele: por fim, Maria Paula aponta o aumento do risco da doença, causada pelo desenvolvimento anormal das células da pele, que multiplicam-se repetidamente até formarem um tumor maligno.
Além dos riscos da exposição solar, Maria Paula também destaca que a cola da fita isolante pode provocar um processo alérgico, além de uma queimadura da pele, em especial para pessoas com alergia à substância. A retirada da fita também pode causar danos e, em alguns casos, deixar cicatrizes na pele.
Aceleradores de bronzeamento são seguros?
Depende do modo como são utilizados. Embora substâncias como a parafina sejam capazes de potencializar o bronzeamento, aumentando a pigmentação e acelerando a melanina, elas devem ser utilizadas com muita cautela — assim como todas as formas de bronzeamento que não visam a proteção solar.
De acordo com Maria Paula, o principal risco associado aos produtos é o aumento do risco de câncer de pele, devido às horas excessivas de exposição aos raios UV. Além disso, tanto o sol quanto máquinas e outros produtos de bronzeamento causam o envelhecimento precoce da pele, além da chance de queimaduras sérias.
Existe forma segura de fazer o bronzeamento com fita isolante?
A resposta é não. Segundo Maria Paula, o mais recomendado é utilizar o biquíni tradicional, em um tecido próprio para a pele (como algodão ou lycra), para tomar sol nos horários e tempos adequados — que é antes das 10h e após as 16h. O uso do protetor solar é indispensável e seu fator nunca deve ser abaixo de 30. Ele deve ser aplicado, de preferência, trinta minutos antes da exposição.
Saiba mais: Bronzeamento natural também exige proteção, explica especialista
Uma dica da dermatologista é utilizar um protetor solar com acelerador de melanina, que protege a pele e ajuda a conseguir um bronzeado bonito. É importante destacar que o produto deve ser reaplicado com frequência, especialmente se a pessoa está na praia, na piscina ou percebe que suou muito. O ideal é reaplicar a cada duas horas.
Como se bronzear sem colocar a saúde da pele em risco?
Além do uso do protetor solar, é fundamental que a pessoa priorize a ingestão de água. Com as altas temperaturas, o corpo precisa manter uma temperatura adequada e o principal mecanismo para isso é a transpiração, que causa o aumento da eliminação de água e de sais minerais. Por consequência, a pele e o corpo podem acabar desidratados, o que pode fazer com que você passe mal.
Certos alimentos e complementos podem ajudar a estimular a produção de melanina no organismo. Segundo a biomédica Christina Souza em entrevista prévia ao MinhaVida, cenoura, beterraba e mamão são alguns alimentos que, por serem ricos em betacaroteno, contribuem para o processo. Todavia, deve-se começar a dieta com 30 dias de antecedência para obter mais resultados.
Por fim, destaca-se que nem todo mundo atinge o bronzeado da mesma forma. Cada pessoa produz quantidades diferentes de melanina no corpo, dependendo do tipo e cor da pele. Pessoas brancas, por exemplo, tendem a queimar com mais facilidade, mas não atingem o bronzeado tão facilmente — ao contrário da pele negra, que possui maior quantidade de melanina e produz um bronzeado mais rápido.
Saiba mais: Para além do verão: saiba como fazer o bronzeado durar mais
Com os cuidados certos, é possível obter um bronzeado natural e saudável, que não oferece riscos a curto e longo prazo. Para qualquer dúvida, é fundamental consultar um dermatologista, que poderá indicar os melhores produtos para cada tipo de pele e auxiliar no caso de problemas.
*Com colaboração de Murilo Feijó