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Nesta segunda-feira (2), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o primeiro tratamento de uso semanal para sobrepeso e obesidade. Trata-se de uma molécula semaglutinada 2,4 mg, cujo nome comercial é Wegovy — inicialmente liberada no Brasil para o tratamento de diabetes, mas que mostrou resultados importantes para a perda de peso. A decisão foi publicada no Diário Oficial da União.
O medicamento, que usa a mesma droga ativa do Ozempic e do Rhybelsus, é fabricado pela farmacêutica Novo Nordisk e deve chegar às farmácias brasileiras no segundo semestre do ano, segundo previsão. Não deve ocorrer, neste momento, um pedido de inclusão do fármaco no Sistema Único de Saúde (SUS).
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O uso do Wegovy é indicado para adultos com IMC (Índice de Massa Corporal) inicial ou maior a 30 — quando o quadro começa a ser considerado obesidade, ou em pessoas com o IMC maior ou igual a 27, o chamado sobrepeso, com outras comorbidades associadas, como diabetes tipo 2, pré-diabetes, hipertensão ou problemas cardiovasculares.
Ele é aprovado para essa função nos Estados Unidos desde o ano passado. No Brasil, por outro lado, ele era usado off label para a perda de peso — que é quando o médico determina seu uso por conta própria, mas a indicação da bula é para outra doença ou sintoma.
Estudos clínicos do medicamento Wegovy
O aval do medicamento foi baseado em resultados do programa de ensaios clínicos STEP (Semaglutide Treatment Effect in People with Obesity), que demonstrou uma perda de peso corporal média de 17% em 68 semanas pelos participantes do estudo, contra 2,4% do grupo placebo.
Além disso, um em cada três pacientes perdeu 20% de seu peso corporal e 83,5% dos pacientes alcançaram uma redução de 5% ou mais com a utilização do Wegovy, em comparação a 31,1% para placebo. Houve também a melhora dos índices cardiometabólicos, como redução da circunferência abdominal, hemoglobina glicada (exame que mede o índice de glicemia no sangue), triglicérides e pressão arterial.
Como o medicamento funciona?
O funcionamento do Wegovy é imitar o funcionamento do GLP-1, um tipo de hormônio que já existe no intestino humano. A ideia é que a molécula transmita a sensação de saciedade, contribuindo para que o paciente coma menos e, por consequência, reduza a ingestão de alimentos calóricos.
Durante os ensaios clínicos, a droga injetável apresentou efeitos colaterais leves e transitórios, sendo os mais comuns problemas gastrointestinais, tais como náusea e vômitos, constipação e dores abdominais. Destaca-se que a semaglutida não deve ser utilizada com outros produtos que contenham a mesma substância ou com a liraglutida, que é indicada, por exemplo, para o tratamento de diabetes tipo 2.
Taxa de obesidade cresce no Brasil
Segundo dados da Federação Mundial de Obesidade, existem 764 milhões de pessoas vivendo com obesidade no mundo. No Brasil, a expectativa é que, até 2030, 29 milhões de mulheres, 21 milhões de homens e 7,7 milhões de crianças tenham obesidade — representando cerca de 30% da população do país.
"A aprovação de Wegovy no Brasil representa importante conquista para as pessoas que convivem com a obesidade e excesso de peso. Trata-se de uma doença crônica, progressiva e multifatorial e que exige uma série de cuidados durante todo o tratamento”, explica a diretora médica da Novo Nordisk, Priscilla Mattar.
Destaca-se que o tratamento com Wegovy deve ser sempre aliado com mudanças comportamentais e hábitos mais saudáveis de vida, como a prática de atividades físicas e uma alimentação adequada. No geral, o medicamento pode ser um aliado no tratamento de pacientes que apresentam dificuldades para perder peso.