Nutricionista formada pelo Centro Universitário São Camilo, especialista em Controle Higiênico Sanitário dos Alimentos p...
iRedatora de saúde e bem-estar, autora de reportagens sobre alimentação, família e estilo de vida.
Ao encontrar uma fruta ou vegetal apodrecendo na geladeira, o primeiro pensamento que passa pela cabeça de muita gente é o descarte. Essa ideia, inclusive, já faz parte do nosso comportamento, como demonstrou um levantamento recente realizado pela Embrapa. Segundo a pesquisa, cada brasileiro joga fora aproximadamente 130 quilos de comida por ano.
Diante desse grande desperdício de alimentos, várias iniciativas pelo mundo promovem o consumo consciente e buscam reduzir a geração de resíduos. Porém, algumas mudanças também podem ser feitas dentro de casa. Frear o descarte de comida traz benefícios não só ao meio ambiente, mas também ao bolso, tendo em vista a alta nos preços dos alimentos.
Pensando nisso, o MinhaVida separou seis hábitos para adotar na rotina que ajudam a reduzir o desperdício de alimentos no dia a dia — e um deles pode até te incentivar a ter uma hortinha em casa! Confira:
1. Organize suas compras
Antes de ir ao mercado, faça uma lista de compras e verifique o que está faltando. A lista irá ajudar a comprar apenas o necessário e também evitar que leve um item que já possua em casa.
“Uma lista de compras enxuta, baseada no que a família come no dia a dia é o melhor a se fazer. Hoje, com a facilidade de comprar qualquer coisa a qualquer momento, não precisamos nos preocupar em levar algo que talvez nem iremos usar”, orienta a cozinheira e chef zero-desperdício, Paloma Zaragoza.
2. Monitore da validade dos alimentos
Uma dica simples, mas que muitas vezes não temos consciência. Saber se um alimento está perto da validade ou não possibilita que ele seja consumido dentro dos prazos e evita que acabe sendo descartado sem uso.
Algumas dicas para controlar os prazos de validade são: etiquetar os alimentos com as datas e organizá-los no armário de forma que os que estejam mais próximos do vencimento fiquem à frente, para serem consumidos primeiro.
3. Aproveite talos, folhas e outras partes que costumam ser descartados
Partes como talos, cascas e algumas folhas geralmente acabam indo para o lixo por serem consideradas ruins ou impróprias para consumo. No entanto, esses componentes são ricos em nutrientes e vitaminas, como explica a nutricionista Gisele Haiek.
“Geralmente os talos, cascas e sementes são as partes mais nutritivas dos vegetais ou tanto quanto a polpa e possuem características especiais, como: mais fibras, por exemplo, por serem mais rígidas. O aproveitamento integral dos alimentos é uma excelente pedida para evitar o desperdício e aumentar o valor nutricional das receitas”, afirma.
Se preparadas de forma correta, esses ingredientes podem agregar no nosso cardápio. “Talos e folhas dos brócolis, que podem ser cozidas ou refogadas; talos de couve picadinho fica bem em sopas e farofas; a casca de batata (eu mesmo não as tiro mais para cozinhar); folhas e talos de beterraba e cenouras, que podem ser comidas cruas na salada ou refogadas. No geral, o reaproveitamento dos alimentos é, na verdade, uma reeducação alimentar que tira o estigma dessas partes dos alimentos”, defende Paloma.
Saiba mais: 8 alimentos que podem ser consumidos com casca
4. Crie novos pratos com alimentos que seriam descartados
Sabe aquelas sobras de outras refeições, que acabam indo para a geladeira? Elas podem servir como ingredientes de um novo prato. A chef conta que o arroz pode ser utilizado no preparo de bolinhos, com restos de legumes e carnes.
O feijão pode ser reaproveitado para uma pasta de feijão, sopas e bolinhos. Os legumes podem compor uma sopa ou risoto. Com ossos de costelinha, galinha e restos de rabada é possível preparar caldos.
5. Armazene corretamente os alimentos
A forma e o local em que os alimentos são armazenados na geladeira ajudam a prolongar o tempo de conservação. É recomendável guardar os alimentos da seguinte forma:
Compartimento extrafrio: alimentos que não podem sofrer alteração de temperatura, como queijos e frios.
Prateleira superior: alimentos de consumo imediato, como comidas prontas, manteigas, margarinas, ovos, laticínios, frutas em potes.
Prateleiras intermediárias: enlatados, doces, refrigerantes, sucos e bebidas alcoólicas.
Gavetas: frutas, legumes e verduras. “O ideal é guardar as folhas lavadas em potes ou sacos com uma ou duas folhas de papel toalha para que absorva a umidade. Isso faz com que elas durem mais de uma semana”, aconselha Paloma.
Portas: por ser um local com constante contato com ar externo, deve-se colocar produtos em conserva, como geleias, molhos, condimentos e bebidas.
Congelar os alimentos é um método indicado para os alimentos que vão demorar para serem consumidos. Para legumes e vegetais, a cozinheira recomenda realizar o processo de branqueamento, que nada mais é do que o cozimento do ingrediente antes do congelamento.
“O congelamento tende a queimar um poucos os alimentos por conta do frio, por isso o cozimento. O ideal é consumir os congelados em até três meses”, explica.
Segundo a nutricionista, com o processo de congelamento, naturalmente ocorre uma pequena perda nutricional de alguns alimentos. “Especialmente vitaminas sensíveis à luz, como é o caso da Vitamina C e de algumas fibras, minerais e até um pouco de água (no processo de descongelamento)”, conta.
Porém, a profissional incentiva a prática. “Deixar de congelar os alimentos com o pensamento de perder nutrientes é perder a oportunidade de fazer algo que seria bom para a saúde, esperando o cenário ideal”, declara.
Para não se esquecer dos itens congelados, a cozinheira Paloma Zaragoza sugere ter uma lista com tudo que foi armazenado. “Temos a tendência a colocar as coisas no freezer e simplesmente esquecer que estão lá. Um pente fino na geladeira e no freezer uma vez por semana também ajuda”, indica.
6. Considere utilizar uma composteira
Raízes, folhas, cascas, borra de café, sementes e restos de comida podem ganhar um novo destino com a compostagem. A técnica consiste em transformar esses rejeitos em húmus, que pode ser usado como adubo para plantas. No mercado, há diversos modelos e tamanhos de composteiras, mas também é possível fazer uma composteira doméstica, utilizando baldes, tambores, garrafas PETs ou pallets.
Uma vez que você tiver esse húmus à disposição, é possível utilizá-lo, por exemplo, em uma hortinha caseira. Essa, inclusive, é mais uma maneira de evitar o desperdício de alimentos e economizar nas compras de mercado — já que você pode cultivar ervas e até verduras em pequenos vasos e colher apenas o que será consumido em um determinado momento.