Dr. Carlos Moraes se graduou na Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo em 1991. Fez Residência Médica...
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O parto domiciliar tem sido cada vez mais escolhido por gestantes por ser considerado uma alternativa mais acolhedora, confortável e íntima. No entanto, é fundamental que esse tipo de parto seja feito com uma equipe de saúde especializada e seguindo cuidados especiais.
“O parto domiciliar tem como objetivo principal promover um nascimento mais natural e humano, em ambiente familiar, evitando intervenções que muitos julgam desnecessárias”, afirma Carlos Moraes, ginecologista e obstetra pela Santa Casa de São Paulo e membro da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia Obstetrícia).
O parto em casa é indicado somente nos casos de gestações de baixo risco e não é recomendado para gravidez de gêmeos e nem para mulheres com quadro de diabetes gestacional e outros problemas de saúde. A seguir, entenda mais sobre parto domiciliar, seus benefícios e quais as indicações e contraindicações.
Como funciona o parto domiciliar?
O parto domiciliar deve seguir alguns critérios para que seja seguro. Um deles é a presença de uma equipe de profissionais de saúde especializados, que tenham conhecimento de ações de emergência, caso necessário. “A equipe médica que vai realizar o atendimento deve ter toda uma infraestrutura de equipamentos e de pessoal para garantir segurança para a gestante e para o bebê”, reforça Carlos.
Geralmente, essa equipe deve ser coordenada por um médico obstetra, um médico auxiliar ou uma enfermeira obstetra para acompanhar o trabalho de parto. Em alguns casos, a paciente também pode contratar uma doula, que dará o suporte emocional para a gestante.
“Essa é a equipe que se presta aos cuidados da mãe e também pode fazer parte dela um pediatra neonatologista, que é o especialista em recém-nascidos. Ele não precisa estar presente desde o começo do trabalho de parto, mas, sim, naquelas horas finais quando o bebê está perto de nascer”, acrescenta o ginecologista.
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Durante todo o parto em casa, é fundamental a monitorização constante de temperatura, pulso, pressão sanguínea e batimentos cardíacos do feto. Além disso, são necessários materiais como fios de sutura, anestésico local, fórceps ou material de reanimação para o bebê, caso seja necessário. Todo esse material deve ser descartável, incluindo os lençóis, limpos e aquecidos.
As gestantes que optam pelo parto domiciliar devem ser informadas sobre seus riscos e benefícios e devem ter um transporte seguro e rápido para os hospitais caso seja necessário. O ideal é que ela esteja a, pelo menos, 15 minutos de um centro hospitalar capaz de receber urgências maternas-infantis.
Parto em casa é seguro?
A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece o parto domiciliar como seguro, desde que ele atenda aos critérios como estrutura para atendimento emergencial, transporte seguro e presença de equipe especializada. “Respeitando essas indicações, é um procedimento relativamente seguro”, reforça Carlos.
Sendo assim, há alguns benefícios do parto domiciliar a serem considerados, como:
- Autonomia da mulher
- Parto em ambiente confiável e confortável do ponto de vista emocional
- Não ter intervenções farmacológicas, como analgesia e indução medicamentosa
- Não estar sujeita às infecções hospitalares
- Ter mais de um acompanhante, caso seja sua vontade
- Nascimento do bebê no local em que ele irá viver
- Cama, chuveiro e comida de casa durante o pós-parto.
Por outro lado, também há riscos do parto domiciliar, como:
- Dificuldades na contração e dilatação uterina
- Nó verdadeiro no cordão umbilical
- Alterações de placenta
- Variações no batimento cardíaco do bebê
- Hemorragia uterina pós-parto
- Diminuição da oxigenação do bebê na fase final do nascimento, necessitando de reanimação neonatal.
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O que as entidades dizem sobre o parto em casa?
O Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) defendem o parto em ambiente hospitalar, por oferecer mais segurança à mãe e ao recém-nascido. De acordo com essas entidades, o parto domiciliar está associado a um risco duas a três vezes maior de morte neonatal quando comparado com o parto hospitalar planejado.
Em 2021, o Ministério da Saúde publicou uma nota técnica que também defende o ambiente hospitalar como o local de maior segurança para o nascimento, por conter uma equipe assistencial completa e equipamentos para assistência emergencial. Para o ginecologista e obstetra Carlos, é preciso, ainda, estabelecer uma série de diretrizes para a seleção adequada das candidatas ao parto domiciliar.
“Há uma ampla discussão sobre esse assunto, visando estabelecer um consenso que garanta o respeito às escolhas da mulher (em acordo com as recomendações médicas). De qualquer forma, vale lembrar que a prioridade sempre deve ser a segurança e a saúde da mãe e do bebê”, afirma.
Quem pode fazer parto domiciliar?
Segundo Carlos, o parto domiciliar é indicado para gestantes que estão na primeira gravidez ou para pacientes com histórico de partos normais anteriores, sem nenhuma complicação. “Essas são boas candidatas, porque, geralmente, o segundo e o terceiro parto têm uma evolução mais rápida”, afirma o ginecologista.
Além disso, o parto em casa é indicado em gestações de baixo risco, quando não há patologias maternas ou fetais. Já as contraindicações incluem gestantes de gêmeos, pacientes com diabetes gestacional, doenças cardíacas, doenças renais, hipertensão, pré-eclâmpsia, pneumopatias, malformação ou doença congênita do bebê e alterações anatômicas na bacia.
Quanto custa parto domiciliar?
O valor do parto domiciliar depende da avaliação de cada médico e da estrutura de profissionais e materiais que estarão presentes. No geral, a média de preço pode ser de 15 a 20 mil reais. Também é possível realizar o parto em casa pelo Sistema Único de Saúde (SUS), sob a condição de que ele aconteça entre 37 semanas e 41 semanas e seis dias.