Formada pela Universidade de São Paulo (USP), com especialização no programa de residência do Hospital Sírio-Libanês. Os...
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O período do aleitamento materno traz uma série de benefícios para a lactante e para o bebê, mas algumas mudanças no estilo de vida são essenciais para que ele seja bem-sucedido. Além de práticas adequadas de amamentação, que envolvem o posicionamento do bebê e a pega, equilibrar a alimentação também é essencial para não afetar a qualidade do leite materno e comprometer a saúde da criança.
Por isso, durante a amamentação, é recomendado evitar alimentos com alto teor de cafeína, açúcar e alergênicos. Também é aconselhável consumir com moderação alimentos que causam gases, condimentados ou picantes, pois podem afetar o bebê através do leite. “Cada bebê é único, portanto, é importante observar a reação do bebê após cada mamada e buscar orientação médica se necessário”, explicam Sheila Myritis e Paula Hibari, nutricionistas do Fleury Medicina e Saúde.
O cuidado com a hidratação também deve ser redobrado, uma vez que a parte líquida do leite é produzida a partir da hidratação da mãe e, como a demanda por água no organismo é maior, a lactante pode sentir mais fome e sede. O ideal é manter sempre uma garrafa de água por perto quando for amamentar.
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Quais alimentos devem ser evitados na amamentação?
Durante a amamentação, a produção de leite requer um gasto energético considerável. Para se ter uma ideia, com a produção de 100ml de leite, que tem aproximadamente 65 calorias, a lactante gasta cerca de 85 calorias. Por essa razão, é importante que ela adote uma dieta equilibrada e saudável, o que inclui o consumo de frutas, verduras e legumes — além de muitos líquidos.
O MinhaVida conversou com as nutricionistas e selecionou alguns alimentos que não podem ser consumidos ou que devem ser evitados durante o aleitamento materno. Confira!
1. Chocolate
O consumo de chocolate pode ter alguns efeitos negativos no comportamento do bebê, além de afetar o leite materno, já que contém teobromina, substância que pode provocar irritabilidade e diarreia em quantidades elevadas.
2. Cafeína
O consumo de café ou de outras bebidas que contêm cafeína, como chá preto e chá mate, não é recomendado durante a amamentação. Ao ser ingerida, a cafeína entra na corrente sanguínea da lactante e chega até o leite materno. Como o bebê tem um organismo imaturo para metabolizar a substância, ela tende a ficar mais tempo em seu corpo. Além disso, o estimulante pode provocar quadros de irritabilidade e distúrbios do sono no bebê, especialmente se o consumo for excessivo.
3. Alimentos alergênicos
Algumas crianças desenvolvem hipersensibilidades ou alergias a alimentos consumidos pela mãe. Por isso, alguns deles devem ser consumidos com cautela, como leites e derivados, nozes, amendoim e pistache.
Em casos de alergia, o bebê pode apresentar sintomas como vermelhidão na pele, coceira, eczema e prisão de ventre. Por isso, é importante ter atenção aos alimentos consumidos horas antes da amamentação e se a criança apresenta alguma reação.
“Se você acha que algum alimento pode estar perturbando o bem estar do seu bebê, pode retirar o alimento suspeito e observar a reação do bebê. E, assim que possível, procurar um profissional capacitado, médico ou nutricionista, para identificar as verdadeiras causas do problema”, recomendou a nutricionista Isabel Jereissati previamente ao MinhaVida.
4. Alimentos ricos em açúcar
Alimentos processados com alto teor de açúcar, como refrigerantes, frutas cristalizadas e bolachas, podem prejudicar a qualidade do leite materno. Os refrigerantes, em especial, contêm adoçantes que passam pelo leite e podem irritar a mucosa intestinal do bebê, causando dores abdominais.
Um estudo publicado pela The American Journal of Clinical Nutrition também apontou que consumo de bebidas doces em fase de amamentação pode deixar os bebês mais propensos a desenvolver problemas cognitivos.
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Por isso, é importante evitar ou reduzir ao máximo o consumo desse tipo de alimento, dando preferência a opções mais naturais, como chás suaves (camomila ou erva doce) e sucos de frutas.
5. Álcool
Nenhuma bebida alcoólica ou alimento que pode conter álcool, como doces recheados e carnes e massas, é recomendada durante os seis primeiros meses de amamentação. O álcool possui efeito supressor sobre a secreção de prolactina e ocitocina, o que pode comprometer a produção de leite materno.
Além disso, alguns trabalhos científicos apontam que bebidas alcoólicas podem provocar alteração no sabor do leite, gerando a recusa do bebê e, por consequência, levando ao desmame precoce.
6. Alimentos condimentados e gordurosos
Durante o aleitamento materno, é preciso cuidado redobrado com alimentos condimentados, como molhos e caldos concentrados, e opções gordurosas, como hambúrguer, pipoca de micro-ondas, snacks e margarina. Eles podem alterar a composição do leite materno e comprometer a saúde do bebê.
7. Peixes com alto teor de mercúrio
Apesar de seus benefícios, uma preocupação quanto ao consumo de alguns peixes é o risco de contaminação por metais tóxicos, como o mercúrio, que prejudica o bom funcionamento do organismo. Durante o aleitamento materno, o contato com o mercúrio pode afetar o sistema nervoso do bebê. Alguns exemplos de peixes com maior quantidade de mercúrio incluem marlim, bagre e espadarte.
Como deve ser a alimentação durante o aleitamento materno?
Na amamentação, gestante deve dar preferência à uma alimentação rica em vitaminas, nutrientes e fibras, como:
- Frutas frescas: maçã, morango, uva, melancia, pera, banana, abacate, laranja
- Verduras e legumes: alface, tomate, repolho, brócolis, couve
- Cereais integrais: macarrão integral, pão integral e arroz integral
- Leguminosas: feijão, lentilha, soja, grão-de-bico
- Proteínas: ovos, carne e frango bem cozidos
Além disso, deve ter atenção extra à hidratação, que é indispensável para a produção de leite materno. “O ideal é procurar um profissional capacitado para avaliar se a alimentação está equilibrada, com todos os nutrientes que a mãe necessita nessa fase”, finalizam as nutricionistas Sheila e Paula.
Referências
Sheila Myrits, nutricionista do Fleury Medicina e Saúde.