Possui graduação em Medicina pela Universidade Federal do Espírito Santo (1993), e Residência Médica em Pediatria no Hos...
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Uma nova vacina contra a doença pneumocócica, que pode levar à pneumonia e à meningite, começou a ser disponibilizada na rede privada no Brasil. O imunizante, chamado VPC15 (VaxNeuvance 15-valente) e desenvolvido pela MSD, oferece proteção contra 15 sorotipos da bactéria pneumococo, que provoca as doenças.
A Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) indica a vacinação com VPC15 para bebês entre 2 e 15 meses de vida, já que são mais vulneráveis à doença. O esquema vacinal recomendado é de quatro doses, com dois meses de intervalo entre a primeira e a terceira aplicação, além de uma dose de reforço entre 12 e 15 meses de vida.
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O pneumococo é uma bactéria que causa infecção de ouvido, uma doença comum em crianças, sinusite, epiglotite, pneumonia e meningite.
“Essa última pode causar alto grau de sequelas. A criança com meningite pneumocócica pode sobreviver, mas um número alto de pacientes tem sequelas, como retardo mental, surdez e cegueira. Por isso é importante protegê-las”, afirma Euzanete Maria Coser, do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
A nova vacina também é indicada para crianças a partir de seis anos, adolescentes, adultos e idosos. Além disso, ela é fundamental para pessoas de todas as faixas etárias com doenças crônicas que aumentam o risco para doença pneumocócica invasiva (DPI), a forma grave da infecção. Esse grupo deve tomar uma dose de VPC15, complementando o esquema com a vacina pneumocócica polissacarídica 23-valente (VPP23).
A partir de 60 anos, a VPC15 é recomendada em esquema vacinal sequencial com a VPP23: uma dose do primeiro imunizante, uma dose de VPP23 com intervalo de 6 a 12 meses e outra dose de VPP23 a partir de cinco anos após a anterior.
Quais são as outras vacinas pneumocócicas conjugadas disponíveis?
A VPC15 não é a primeira vacina contra a infecção causada por pneumococo disponível no Brasil. Outras duas vacinas já foram disponibilizadas em território nacional e uma delas já foi incorporada ao Calendário Básico de Vacinação da Criança do Ministério da Saúde: a VPC10 (que protege contra 10 sorotipos, disponível no SUS) e a VPC13 (que protege contra 13 sorotipos).
Segundo o Programa Nacional de Vacinação (PNI), a VCP10 deve ser administrada em três doses: duas no primeiro ano de vida, com intervalo mínimo de 2 meses, e uma dose de reforço aos 12 meses de idade. Crianças menores de 6 anos que iniciaram ou completaram o esquema com VCP10 serão beneficiadas caso recebam a VPC13 ou a VPC15.
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Nesse caso, o esquema e o número de doses da VPC13 ou VPC15 dependem da idade da criança no momento da administração da primeira dose:
- Entre 2 e 6 meses: três doses no primeiro ano de vida e reforço entre 12 e 15 meses de idade
- Entre 7 e 11 meses: duas doses no primeiro ano de vida e reforço entre 12 e 15 meses de idade
- Entre 12 e 24 meses: duas doses com intervalo de dois meses
- Entre 2 e 5 anos de idade: dose única, podendo ser necessário complementar a vacinação com a VPP23 em casos de crianças com doenças crônicas que aumentam o risco para DPI
Já a vacinação completa com a VPC13 segue o mesmo esquema vacinal que a VPC15. A primeira vacina está disponível nos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE) para situações especiais e serviços privados de vacinação. Já a VPC15 está disponível na rede privada pelo valor sugerido de R$ 350 a dose.
Contraindicações e efeitos adversos da nova vacina
A vacina VPC15 é contraindicada para crianças que apresentaram anafilaxia depois de usar algum componente das vacinas ou após dose anterior. As reações adversas comuns que o imunizante pode causar incluem: febre acima de 38ºC, sonolência, dor, irritabilidade, manchas vermelhas no local da injeção e redução do apetite.
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Para quem já completou a vacinação com a VPC13, não há necessidade de se vacinar novamente com a VPC15. “Não é proibido, mas, ao pé da letra, o aumento da proteção entre uma e outra não é tão grande, então não há necessidade”, diz Euzanete.
Porém, para aqueles que só tomaram a VPC10 (vacina pneumocócica conjugada 10-valente), a vacina disponibilizada pelo Sistema Único de Saúde, pode haver, sim, a necessidade.
“A VPC15 tem cinco sorotipos a mais que a VPC10 e dois a mais que a VPC13. As duas mais recentes [13 e 15] possuem os sorotipos 3 e 19A, que é o mais comum entre os causadores da doença pneumocócica invasiva hoje em dia”, afirma a especialista. “Por isso, quem só foi vacinado com a 10 pode ser vacinado com a 13 ou com a 15. Já sabemos que, hoje em dia, não vale a pena ficar só na VPC10”, completa.