Graduou-se em Medicina pela Faculdade de Medicina de Mogi das Cruzes (2012), fazendo especialização na Irmandade Santa C...
iRedatora especialista na cobertura de conteúdos sobre saúde, bem-estar, maternidade, alimentação e fitness.
Diversos estados brasileiros têm enfrentado intensas ondas de calor. São Paulo, por exemplo, bateu o recorde histórico com máxima de 38ºC na terça-feira (14). Na mesma semana, a cidade de Araçuaí, no interior de Minas Gerais, registrou a temperatura mais alta da história do Brasil: 44,8ºC.
Essas ondas de calor são fruto do efeito do El Niño (fenômeno climático que altera a distribuição de temperatura na superfície da água do Oceano Pacífico), que foram intensificados pelas mudanças climáticas e pelo aquecimento global. Diante desse cenário, que tende a se estender com a chegada do verão, os cuidados com a saúde são indispensáveis. Afinal, o calor extremo pode, sim, levar ao óbito.
“O calor intenso pode ser fatal, principalmente, para as pessoas mais vulneráveis, como idosos, crianças e pessoas com alguma doença pré-existente, como doença cardíaca, respiratória e problemas renais”, explica Thiago Piccirillo, clínico geral da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo.
Quais são os efeitos do calor intenso no organismo?
As altas temperaturas podem gerar vários efeitos adversos no organismo, como a desidratação, a exaustão e a insolação - principalmente, ao ficar exposto por muito tempo ao sol. Inclusive, essa condição também pode levar à morte.
“Em casos de insolação, o corpo não consegue regular a sua temperatura interna, o que pode causar alguns danos irreversíveis ao corpo, principalmente no cérebro e nos órgãos vitais”, esclarece Thiago.
Outro risco importante é a hipertermia, condição caracterizada pela elevação excessiva da temperatura do corpo que não está relacionada à febre. Ou seja, é o aumento de temperatura corporal causado por agentes externos, como o sol e o calor.
“A hipertermia leva à sudorese excessiva, ou seja, um suor mais intenso que o normal. A pele pode ficar vermelha e quente, a pessoa sente tontura, têm náusea e vômitos, dor de cabeça intensa e, em casos extremos, confusão mental e até perda de consciência”, alerta o clínico geral.
Ao sentir esses sintomas, é fundamental procurar ajuda médica. “A perda de consciência pode levar a crises convulsivas, o que pode ser fatal”, ressalta.
Calor pode levar à parada cardiorrespiratória?
As altas temperaturas também podem trazer efeitos negativos para a saúde cardiovascular e respiratória. Isso porque o calor aumenta a frequência cardíaca e a pressão arterial. Inclusive, a própria hipertermia pode levar ao colapso desse sistema. “Como resultado, o indivíduo pode apresentar uma parada cardiorrespiratória e vir a óbito”, afirma Thiago.
A parada cardiorrespiratória acontece quando o coração para de bater e o indivíduo para de respirar. Nesse momento, é imprescindível acionar a emergência médica, para que uma massagem cardíaca seja feita para tentar reanimar o coração.
A desidratação, que pode ser causada pelo calor extremo, também pode levar a uma parada cardiorrespiratória. A água é fundamental para resfriar o corpo e para levar nutrientes essenciais para todo o organismo, garantindo seu bom funcionamento.
O que fazer para se proteger do calor?
A principal medida para se proteger das altas temperaturas é manter uma boa hidratação, principalmente se estiver ao ar livre. Inclusive, se possível, é importante evitar se expor ao sol nos momentos de maior incidência dos raios solares (entre 10h e 16h).
Se estiver em alguma atividade ao ar livre, fique atento à vestimenta: procure usar roupas de tecidos leves, como algodão, e de cores claras. Use acessórios como chapéus, bonés e óculos de sol. Se possível, procure uma sombrinha ou ande com um guarda-chuva para te proteger dos raios solares.
Além disso, é fundamental evitar praticar atividades físicas extenuantes ao ar livre. “Se você pratica exercícios físicos ao ar livre, procure fazer essas atividades mais cedo ou mais tarde, nas horas menos quentes do dia”, finaliza Thiago.