Carolina dos Santos Lázari atualmente é médica assessora para análises clínicas em Infectologia do Grupo Fleury e médica...
iRedatora entusiasta de beleza e nutrição, autora de reportagens sobre alimentação, receitas saudáveis e cuidados pessoais.
iO que é Gonorreia?
A gonorreia é uma infecção sexualmente transmissível (IST) que afeta pessoas de todos os gêneros. Ela é transmitida através do contato sexual por uma bactéria e, por isso, requer tratamento com antibióticos. A depender do local da infecção, pode ter sintomas como dor e ardência.
Gonorreia na gravidez e em recém-nascidos
A gonorreia pode aparecer durante a gravidez. Caso a mulher apresente os sintomas da doença, como ardência ao urinar, sangramento fora do período menstrual e dor pélvica durante a gestação, é importante recorrer a um especialista para que faça o diagnóstico e tratamento adequado.
Gestantes com gonorreia podem infectar seus bebês durante o parto. Além disso, a doença também pode aumentar o risco de prematuridade e o bebê pode apresentar alguns quadros após o nascimento, como conjuntivite e, em casos mais graves, meningite.
Causas
Como a gonorreia é transmitida?
A gonorreia é causada pela bactéria Neisseria gonorrhoeae, também conhecida como gonococo. A infecção pode ser transmitida em qualquer contato sexual, seja penetração vaginal, anal ou sexo oral.
A bactéria se prolifera em áreas quentes e úmidas, incluindo o canal que leva a urina para fora do corpo, a uretra. Além disso, pode ser encontrada também no sistema reprodutor feminino, que inclui o útero e o colo do útero. As manifestações também podem ocorrer em outros órgãos, como na pele, na garganta, nos olhos e nas articulações.
A gonorreia é uma das IST’s que mais tem crescido no Brasil e no mundo. Em 2017, a Organização Mundial da Saúde alertou para como a bactéria Neisseria gonorrhoeae está se tornando cada vez mais resistente a antibióticos.
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Sintomas
Sintomas da gonorreia
A gonorreia também pode surgir em outras partes do corpo:
- Reto: os sintomas comuns da gonorreia na região anal são coceira, secreção de pus e sangramentos
- Olhos: dor, sensibilidade à luz e secreção de pus em um ou nos dois olhos
- Garganta: dor e dificuldade em engolir, presença de placas amareladas na garganta
- Articulações: se a bactéria afetar alguma articulação do corpo, esta poderá ficar quente, vermelha, inchada e muito dolorida
Sintomas da gonorreia masculina
No pênis, entre os sintomas da gonorreia masculina, estão:
- Dor e ardência ao urinar
- Secreção abundante de pus pela uretra
- Dor ou inchaço em um dos testículos
Sintomas de gonorreia feminina
Já na vagina, os sintomas da gonorreia feminina, são:
- Aumento no corrimento vaginal, que passa a ter cor amarelada e odor desagradável
- Dor e ardência ao urinar
- Sangramento fora do período menstrual
- Dor abdominal
- Dor pélvica
Diagnóstico
O diagnóstico da gonorreia é clínico, feito por um médico infectologista, a partir dos seguintes exames:
- PCR: os exames que pesquisam o DNA do gonococo são especialmente úteis para a triagem em pacientes assintomáticos, são mais rápidos do que as culturas e podem ser realizados em amostras de urina, que são muito mais fáceis de coletar do que amostras da região genital. Geralmente, são feitos pelo método de reação em cadeia da polimerase (PCR)
- NAAT: sigla para testes de amplificação de ácido nucleico, estes testes detectam, simultaneamente, gonorreia e infecção por clamídia e depois as diferenciam em um teste subsequente específico. Os NAAT são bastante acurados para o diagnóstico
- Coloração de Gram: a gonorreia pode ser identificada por meio de um método simples que consiste na observação de uma amostra de secreção no microscópio chamada de coloração de Gram, incluindo exames do colo do útero em mulheres, corrimento uretral em homens e dos fluidos em geral, dependendo da região acometida, a exemplo do líquido articular
- Exames de cultura de bactérias: as amostras para uma cultura de bactérias são colhidas do colo do útero, da vagina, da uretra, do ânus ou da garganta. Os testes podem apresentar um diagnóstico preliminar em 24 horas e um diagnóstico confirmado em 72 horas. Este método é mais específico que os exames de coloração de Gram
Saiba mais: ISTs: conheça os exames para identificá-las e quando fazê-los
Tratamento
Como tratar a gonorreia?
O tratamento de gonorreia é feito a partir da administração de antibióticos, por se tratar de uma infecção bacteriana, e pode durar, em média, de três a quatro dias, se realizado corretamente. Ele consiste na cura da gonorreia e na interrupção da cadeia de transmissão. Também é importante localizar e examinar todos os contatos sexuais do paciente para tratá-los, se indicado.
Uma visita de acompanhamento após o tratamento é importante, principalmente em caso de dor nas articulações, erupções cutâneas ou dores mais fortes na região pélvica ou abdominal. Também devem ser realizados exames para garantir que a infecção tenha sido curada.
Tratamento para bebês com gonorreia
Em caso de bebês, rotineiramente os pediatras aplicam um medicamento imediatamente após o parto nos olhos do recém-nascido para evitar infecção. Se ainda assim o bebê desenvolver a infecção, poderá ser tratado com antibióticos.
Tem cura?
Sim, a gonorreia tem cura. Uma infecção que não tenha se espalhado pela corrente sanguínea ou outras partes do corpo pode ser curada com antibióticos.
Prevenção
A gonorreia pode ser prevenida através do uso de preservativos na relação sexual, seja qual for o tipo de contato. De modo geral, é recomendado evitar ter relações sexuais com pessoas diagnosticadas com gonorreia até que estejam completamente tratadas.
Para evitar futuras transmissões da infecção, é importante também que todos os parceiros sexuais sejam tratados. A doença pode voltar caso uma das partes não tenha recebido tratamento adequado.
Complicações possíveis
Quando não tratada ou quando ocorrem repetidos episódios, a gonorreia pode levar a complicações mais graves, como:
- Infertilidade: quando a gonorreia é espalhada pelo sistema reprodutor feminino pode causar a DIP, doença inflamatória pélvica, que aumenta os riscos de complicações na gravidez e pode levar à infertilidade. Já no pênis, a gonorreia não tratada pode causar epididimite, uma doença que leva à inflamação no reservatório de esperma e que também pode levar à infertilidade
- Infecções: a bactéria pode entrar na corrente sanguínea e se espalhar pelo corpo, inclusive pelas articulações. Isso pode despertar alguns sintomas característicos, como febre, feridas na pele, dores nas articulações, inchaço e enrijecimento muscular
- Risco maior para Aids/HIV: ter gonorreia ou qualquer outra IST torna a pessoa mais suscetível ao contágio com o HIV, o vírus da imunodeficiência humana (aids)
Referências
Carolina Lázari, infectologista do Fleury Medicina e Saúde.
Daniella C. de Menezes e Gonçalves, médica infectologista do Hospital Samaritano de São Paulo (CRM/SP 92373)
Ministério da Saúde
Centro de Controle e Prevenção de Doenças do Governo dos Estados Unidos (CDC)
Manual MDS de Medicina para Profissionais de Saúde
Biblioteca Nacional de Medicina dos Estados Unidos (Medline Plus)
Mayo Clinic, clínica de referência médica nos Estados Unidos