Sexóloga, educadora sexual, palestrante, psicóloga, especialista em Saúde da Mulher
Jornalista especializado na cobertura de temas relacionados à saúde, bem-estar, estilo de vida saudável e à pratica esportiva desde 2008.
iVivenciar todo o processo da maternidade é um desejo de muitas mulheres que sonham com a ideia de construir uma família. Nem todas, porém, pensam igual. Algumas podem querer ter filhos cedo, enquanto outras preferem deixar o tempo passar para tomar a decisão com mais maturidade.
No Brasil, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), as mulheres parecem optar por adiar essa decisão nos últimos tempos. Segundo dados divulgados pela entidade, a taxa de nascimento registrou queda no Brasil.
Mas isso significa que brasileiras não querem mais ser mães? Calma, vamos entender!
O que dizem os dados divulgados pelo IBGE?
- O Brasil teve 2.542.298 nascimentos em 2022 contra 2.635.854 em 2021
- A queda representa 3,5% na comparação entre cada ano
- 11,4 - essa é a queda de nascimentos quando comparado com a média do país entre 2010 a 2019
- Nesse período, a média nacional era de 2.868.479 nascimentos
Essa queda tem caráter nacional e diz respeito a todas as regiões do país. Ou seja, todas as regiões sentiram uma queda de natalidade nesse período. Apenas Santa Catarina e Mato Grosso tiveram um crescimento nas taxas de natalidade.
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As brasileiras não querem mais ser mães?
Um fator que pode explicar a queda da taxa de natalidade, segundo os dados do IBGE, é que as mulheres têm engravidado mais tarde: enquanto 39% dos nascidos em 2022 tinham mães com 30 anos ou mais de idade, as taxas de gravidez na adolescência caíram.
Isso implica em outro fator: o aumento da escolaridade. Ou seja, é normal que, pelo fato de as mulheres deixarem para ter filhos em faixas etárias maiores, como entre os 30 e 39 anos, tenham mais tempo para investir em educação e na própria qualificação profissional.
Em entrevista à Folha, Janaína Feijó, pesquisadora da FGV-Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas), explicou que, à medida que se aumenta o nível de escolaridade, as mulheres têm maior tendência a postergar a maternidade.
Ou seja, ao adiarem a maternidade para investirem em si, na própria educação e no caminho profissional, muitas mulheres podem ter menos filhos ou mesmo não quererem mais engravidar.
Portanto, pode ser que a explicação para a queda de nascimentos registradas passe pela possibilidade de um maior planejamento das mulheres com relação à maternidade e pela sua maior inserção no mercado de trabalho, que tem aumentado a cada ano.
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E quando há medo de engravidar? Entenda a tocofobia
É cada vez mais frequente encontrar mulheres que optam por postergar a maternidade para priorizar outros aspectos de suas vidas, como educação e carreira profissional. O contexto cultural exerce uma influência significativa nessa decisão e a determinação do momento oportuno para ter um filho pode ser influenciada não apenas pelos desejos individuais da mulher ou do casal, mas também pelas expectativas da sociedade.
Porém, existe um cenário em que não há apenas postergação, mas um medo patológico de engravidar. Isso tem nome: tocofobia, termo utilizado para descrever o medo de engravidar e/ou de realizar um parto. Esse medo interfere diretamente no estado psicológico, biológico e até social de quem o possui e pode surgir a partir de experiências traumáticas vivenciadas pela própria pessoa ou por alguém próximo.
"Apesar de o parto [e a gravidez] ser um processo inteiramente biológico, para muitas mulheres ele está associado a sentimentos de dor, sofrimento e a uma ampla gama de medos", explicou Giuliana Carvalho, psicóloga clínica da Telavita, em entrevista prévia ao MinhaVida.
Alguns sintomas da tocofobia incluem:
- Medo de engravidar
- Descontrole emocional ao falar do assunto
- Oscilação de humor
- Crises de ansiedade
- Insônia
- Apetite reduzido
- Pesadelos com gravidez
- Depressão
- Depressão pós-parto e antes do parto.
"Pessoas com essa fobia, sem tratamento psicoterápico adequado, podem desenvolver repulsa por relacionamentos, sejam eles afetivos ou sexuais. Muitas das vezes, a pessoa cria uma neurose e utiliza simultaneamente vários tipos de preservativo", alertou a sexóloga Karina Brum em entrevista prévia ao MinhaVida.