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Uma coceirinha aqui, outra li. Não é difícil perceber que alguma coisa de errado está acontecendo com o pequeno: quando ele começa a reclamar de muita coceira e fica irritado à toa, há chances de que os piolhos estejam incomodando. Na época de aulas, o melhor mesmo é prevenir, prendendo os cabelos compridos e lavando a cabeça das crianças todos os dias. Apesar de os piolhos ocuparem as cabeças limpas e sujas, sem distinção, eles preferem ambientes quentes e úmidos (como o provocado pela oleosidade, comum quando a criança fica muitos dias sem lavar a cabeça).
"Diferente do que as pessoas acreditam os piolhos não voam e nem pulam de uma cabeça para outra", afirma o pediatra e neonatologista do Hospital Albert Einstein e do Instituto Saúde Plena, Jorge Huberman. "O máximo que pode acontecer é que eles sejam levados pelo vento".
Segundo o médico, a infestação acontece pelo contato direto entre pessoas. Por esse motivo que a incidência é tão grande em crianças na fase escolar, entre 4 e 12 anos, que mantêm um contato direto maior.
Problema simples, riscos graves
Quando não tratados, os piolhos podem evoluir para problemas que vão desde dermatites até lesões mais graves. "A coceira intensa pode até provocar mudança no comportamento da criança, causando insônia. Em casos mais graves, os gânglios cervicais inflamam e há machucados passíveis de infecção", afirma o pediatra. Nesse último caso, as lesões constituem entradas permanentes de bactérias, inclusive aquelas trazidas pelas fezes do piolho. Já a anemia decorrente de piolhos é quase impossível, e acontece raramente e em casos muito graves.
Receitas caseiras
Vinagre e querosene, os inimigos do piolho. Certo? De acordo com o especialista, os pais se enganam com essas receitas caseiras e podem colocar a saúde dos pequenos em risco. "O vinagre não possui nenhum efeito contra os piolhos e pode acarretar em alergia para as crianças. Já o querosene pode até apresentar um resultado positivo no primeiro momento, mas os piolhos voltam logo depois. Sem contar que o seu uso proporciona ainda mais coceira, lesões no couro cabeludo e intoxicação", alerta Jorge Huberman.
Prevenção
Tão importante quando acabar com os piolhos é prevenir que eles apareçam novamente. "Os piolhos se proliferam, sobretudo, em ambientes quentes e úmidos e, ao contrário do que se imagina, sua incidência não tem relação direta com a higiene. Para evitar:
- Não compartilhe objetos pessoais como pentes, escovas, bonés, gorros, tiaras, travesseiros e almofadas.
- Mantenha os cabelos curtos ou presos;
- Desinfete o couro cabeludo com remédio próprio ou água quente (60 graus)
- Lave com água quente (60 graus) fronhas, lençóis e toalhas de quem está com piolhos;
- Limpe com aspirador de pó as poltronas, almofadas e bichos de pelúcia onde os piolhos podem ter ficado;
- Passe periodicamente o pente fino na cabeça da criança.
Tratamento:
Antes de apostar nos remédios de farmácia, a dica do especialista é esterilizar roupas e ambientes. Mas, se o problema persistir é preciso tomar cuidado. "O tratamento para Pediculus capitis requer mais cautela por estar localizado na cabeça. Neste caso, é apropriado lavar diariamente a cabeça da criança infectada, passar diariamente um pente fino e retirar as lêndeas. De forma geral, é indicado dar preferência a métodos que não empreguem piolhicidas. E de maneira nenhuma utilizar outro tipo de inseticida", explica.
O remédio também precisa ser dosado de maneira adequada, e qualquer duvida requer o conselho de um especialista. "Antes de escolher o piolhicida é preciso conversar com o médico da criança, só ele pode indicar a formula ideal. Outro erro comum dos pais é aumentar a dose recomendada. Atitude que pode resultar em problemas para crianças", alerta o pediatra. "Uma dica é passar o remédio novamente 10 dias depois da primeira aplicação", finaliza.
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