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Um estudo realizado pela Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP) da USP constatou que a herança psíquica que envolve o desenvolvimento de distúrbios alimentares, como a anorexia e a bulimia, é transmitida de geração para geração.
O estudo analisou hábitos alimentares de 60 mães de adolescentes com anorexia nervosa que frequentaram o grupo de apoio psicológico aos familiares do Grupo de Assistência em Transtornos Alimentares (GRATA) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HCFMRP) da USP no ano de 2008.
Os cientistas queriam entender a relação que as mães tinham com a alimentação e o que aconteceu depois do diagnóstico de transtorno alimentar da filha. Chamou a atenção, o fato de a maioria das mães (42 ao total) trazerem histórico de restrição alimentar em algum momento da vida, principalmente na infância, seja por questões financeiras ou restrição auto-imposta.
RepetiçãoO estudo mostrou que, depois do episódio de restrição, essas mães tentaram modificar um pouco a história. Ao se tornarem mães, 40% delas ofereciam aos filhos abundância de comida ou alimentos muito calóricos. Elas relataram que queriam dar as filhas aquilo que não tiveram ou impedir que eles cometessem o mesmo erro, no caso das que seguiram dietas perigosas e restritas.
O problema é que ao enfatizar a questão alimentar em excesso, as mães criam nas filhas uma espécie de rejeição, fazendo com que as garotas estabeleçam uma relação negativa com a comida, daí o desenvolvimento dos distúrbios.
Os cientistas garantem que esse mecanismo não é regra para todas as filhas de mães que viveram situações de restrição alimentar, mas que a descoberta é um grande passo para entender melhor a incidência destes distúrbios em jovens.
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