Sou médico formado pela Universidade Estadual de Londrina em 1994.Atualmente, sou cirurgião vascular do Hospital das Clí...
iHá alguns anos, Emma Christoffersen, uma jovem atleta amadora britânica voltava de uma viagem à Austrália. No setor de bagagens do aeroporto sentiu-se mal, morrendo alguns minutos depois. Ela tinha acabado de chegar de um vôo de 15 horas. O que poderia levar uma jovem saudável, uma atleta, a morrer após um simples voo de avião?
Com a morte de Emma, a expressão "Síndrome da Classe Econômica" ganhou a mídia mundial. Esta síndrome pode ser caracterizada da seguinte forma: A falta de mobilidade em longos vôos favorece a formação de coágulos nas veias das pernas (este problema é denominado trombose venosa profunda). Estes coágulos podem ser deslocados pela circulação, indo invariavelmente parar nos pulmões (a chamada embolia pulmonar). Caso o volume de coágulos que chega aos pulmões seja muito grande, a oxigenação do sangue pode ser dramaticamente prejudicada, e levar à morte.
Porque classe econômica?
Como todos sabem os assentos econômicos dos aviões não são exatamente o que se pode chamar de confortáveis. São estreitos e há pouco espaço para as pernas, o que leva os passageiros a restringir seus movimentos. Com as pernas paradas, a musculatura local fica inativa. E é justamente a atividade dos músculos das pernas a principal responsável por expelir o sangue das veias na direção do coração. Este sangue, congestionado nas veias da perna, tem tendência aumentada a coagular-se, isto é, sair do estado líquido e formar uma espécie de gel. Geralmente viagens curtas não oferecem riscos, mas sim vôos com duração superior a oito horas. É importante ressaltar que apesar do termo, os riscos de se desenvolver trombose venosa não são exclusivos dos viajantes da classe econômica.
Não há dados conclusivos sobre quais indivíduos teriam maior predisposição a desenvolver trombose venosa após uma viagem aérea e não há consenso sobre freqüência geral com que esta ocorre. Algumas investigações científicas identificaram-na com mais frequência em portadores de varizes dos membros inferiores, usuárias de alguns tipos de hormônios (incluindo pílulas anticoncepcionais), portadores de trombofilias (classe de doenças que tornam o sangue hipercoagulável, aumentando o risco de trombose) e obesos, entre outros.
Prevenindo a trombose venosa relacionada a vôos longos
Para combater esse problema que pode levar a morte, existem algumas medidas simples são essenciais para evitar a trombose venosa associada a vôos longos. Veja a lista.
Hidrate-se: Beba água e sucos regularmente. Quando você está bem hidratado, é como se estivesse ?diluindo? o sangue. Este se torna menos viscoso, diminuindo o risco de trombose.
Evite bebidas alcoólicas e café em excesso: Ambos ajudam na desidratação do corpo, com o efeito inverso do descrito acima.
Movimente-se: Não fique na poltrona o vôo inteiro. É muito importante que você ande pelos corredores a cada duas horas, ativando os músculos das pernas e assim beneficiando a circulação sanguínea. Alguns indivíduos sentem-se constrangidos por incomodar o passageiro ao lado, ao pedir licença para passar. Vença seu constrangimento, pois seu bem-estar e saúde estão em jogo.
Exercite-se: Mesmo sentado você pode estimular sua circulação por meio de exercícios simples: contraia e relaxe os dedos dos pés, como se estivesse tentando pegar algo com eles. Levante os pés do chão alternadamente (uma perna de cada vez). Fique na ponta dos pés alternadamente. Faça dez repetições de cada um desses exercícios a cada hora, se possível.
Meias elásticas: São meias medicinais bastante úteis na compressão das veias da perna, promovendo um aumento na velocidade da circulação destas. Mas não as use sem antes procurar a orientação de um cirurgião vascular. A escolha de modelos inadequados ou o mau uso das meias elásticas podem ser prejudiciais.
Medicamentos: Apenas em situações extremas é necessário o uso de medicamentos anticoagulantes para prevenir a Síndrome da Classe Econômica, e estes devem ser obviamente prescritos por um médico. É extremamente desaconselhável o uso destes medicamentos sem a devida orientação médica, pois podem ter efeitos colaterais fatais.
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