Regina Silva é especialista em coaching de vida e psicóloga clínica há 25 anos. A profissional dirige o Gyraser Centro...
iÉ interessante saber que a culpa não é uma emoção verdadeira, ou seja, ela é uma emoção de disfarce que utiliza a reação fisiológica normalmente da raiva ou da tristeza pra se manter ativa.
A culpa só existe a partir do momento em que estamos vivendo em sociedade e nos comparando com padrões, comportamentos e modelos sejam eles sociais, familiares ou religiosos.
Normalmente, já nascemos carregando muitas culpas, mesmo que não sejam nossas. As primeiras emoções que armazenamos são normalmente de nossas mães, como nessa fase a nossa identificação com ela é 100%, consideramos que tudo o que ela sente nos pertence e com isso adquirimos uma série de emoções que somente no futuro com um trabalho de neutralização de emoções é que conseguiremos deixar ir embora.
A nossa memória é uma memória emocional, ou seja, armazenamos nossos eventos de acordo com as emoções que associamos a eles.
Por isso, se torna complexo adquirir a inteligência emocional, pois como ser inteligente, emocionalmente falando, se carrego uma série de emoções que são ativadas continuamente em mim, a cada vez que sou exposta a ela?
Imagine que você tem diversas caixinhas dentro de você, e cada vez que uma é aberta todos os eventos que estão guardados saem dessa caixinha e você revive todos estes eventos em questão de segundos. Imagine qual seria a sua reação, principalmente se estamos falando de uma emoção forte como a culpa?
De repente ocorre algo e isso ativa a sua culpa e, nesse momento, em questão de segundos, você revive todos estes eventos e toda a carga de culpa gerada por eles, como seria a sua reação diante da pessoa ou evento que gerou esta culpa nesse momento?
Correto, você vai ter uma reação over, excessiva. Normalmente, nem você e tão pouco quem gerou esta situação vai entender a sua reação que será desproporcional e durará mais tempo que o normal.
Nesse caso, ouvimos diversos comentários sobre não dar importância para o evento, que aquilo não é tudo isso, que é bobagem, enfim, isso e mais mil e uma explicação.
Porém, fica difícil para quem está vivendo a culpa simplesmente abandonar estas sensações. Racionalmente é compreensível, mas emocionalmente não.
O que fazer nesse caso?
Tomar um medicamento? Pedir perdão? Buscar um terapeuta da linha do tempo urgente? Tudo vai depender da situação que você está vivendo. Acho válido olhar para a situação e verificar o que aprendeu, pedir desculpas, e perdoar.
Mas, se o seu arquivo interno estiver sobrecarregado, isso será paliativo até o próximo evento e aí lá estará tudo novamente. Por causa deste arquivo sobrecarregado algumas pessoas acabam misturando emoções e nesse caso, temos depressão, pânico, medos associados, fobias e muito estresse.
Devido ao arquivo sobrecarregado tudo é motivo pra se sentir extremamente culpado. Esse comportamento é muito observado nas mulheres, que têm uma tendência a se sentirem mais culpadas em diversas situações, mesmo quando ela não possui nenhum tipo de responsabilidade pelo que está acontecendo. Ledo engano.
Neutralize as emoções
A grande sacada em relação às emoções em geral é neutralizá-las. Pois enquanto você tiver arquivos e alimentá-los com novas emoções, seja consciente ou inconscientemente, a tendência é que o sentimento de culpa aumente e se transforme em um monstro maior a cada dia.
Resumindo, a culpa pode gerar sabotagens que atrapalham a carreira, o casamento, a relação com os filhos, amigos, enfim, faz com que cada dia a situação vivida pela pessoa com culpa fique pior.
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