A infertilidade é resultado de uma falência orgânica provocada pela disfunção dos órgãos reprodutores, dos gametas (óvulos e/ou espermatozóides) ou do concepto (nome genérico dado ao fruto da concepção, seja feto, embrião ou pós-parto imediato). A taxa de infertilidade entre as mulheres é similar a dos homens e ocorre por diferentes causas, sendo as mais comuns a síndrome dos ovários policísticos, a endometriose, a obstrução tubária, a insuficiência ovariana, as patologias uterinas, os tumores, as malformações anatômicas e as anomalias do cariótipo.
A partir dos 35 anos a mulher está mais sujeita a insuficiência ovariana, por conta da idade, situação que tem sido frequente nos dias de hoje por conta da opção feminina pela gravidez tardia. Em consequência da idade avançada, a mulher sofre uma redução natural do seu potencial de fertilização. Mas o problema também pode surgir em mulheres que não atingiram essa faixa etária. Apesar de ser menos frequente, a insuficiência ovariana em mulheres mais jovens é causada pelas portadoras de genes determinantes de doenças severas. O tratamento em ambos os casos depende da doação de óvulos.
A ovodoação, ou doação de gametas femininos (óvulos), é uma alternativa da Medicina Reprodutiva e uma possibilidade de alcançar a maternidade. A técnica permite que os gametas femininos, ou óvulos, de uma mulher (doadora) sejam doados a outra (receptora) para serem fertilizados pelo sêmen do marido da receptora ou esperma também doado.
No Brasil, a ovodoação costuma ser compartilhada, ou seja, a doadora também necessita realizar fertilização in vitro, geralmente por fator masculino ou tubário, e doará metade dos seus óvulos. Ela se submete aos mesmos procedimentos da receptora, passa pela investigação médica, tem acompanhamento psicológico e realiza exames laboratoriais (como sorologia, hormônios e tipo sanguíneo). O processo de doação é anônimo e quem recebe os óvulos não sabe quem os doou.
O importante no tratamento de ovodoação é deixar ambas as partes confortáveis com o tratamento. A doadora deve ter todas as informações necessárias sobre o procedimento e autorizar o compartilhamento dos óvulos. A receptora deve receber uma atenção especial no lado emocional porque é comum ocorrer um processo psíquico muito parecido com a adoção de uma criança, porque a mulher, a princípio, poderá ter uma sensação de recusa e frustração com o fato de não poder mais gerar filhos com seus próprios óvulos. Mas é só uma fase que ela supera com a gestação, a amamentação e todas as sensações normais da maternidade.
Em resumo, devemos sempre respeitar a decisão da doadora e da receptora, tendo em vista um só objetivo: uma gravidez saudável de ambas.
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