Médica Endocrinologista formada pela UNISA em 1993. Doutorado em endocrinologia pela FMUSP. Médica fundadora do Ambulató...
iA prevalência da obesidade quase duplicou em 30 anos. É o que diz o estudo do periódico Lancet, publicado em maio deste ano, que aponta 500 milhões de adultos obesos no mundo.
O tratamento inclui mudanças de estilo de vida, com correção de dieta e incremento da atividade física. Contudo, o mais difícil é a manutenção do peso perdido. O chamado "efeito sanfona", que desanima muitos pacientes, pode atrapalhar inclusive na hora de dar o primeiro passo. Por isso, vale lembrar que uma perda de 5% a 10% do peso já traz grandes benefícios.
Investir numa dieta equilibrada e pobre em gordura saturada abaixa os níveis de colesterol no sangue, principalmente do LDL, fração "ruim" do colesterol, que potencialmente entope mais as artérias. Uma perda de peso bem modesta já gera uma queda em torno de 12-30 mg\dL do colesterol LDL.
O risco de desenvolver diversos tumores, como de esôfago, pâncreas, ovário, rins, útero e mama cresce com o nível da gordura corporal. Sem o excesso de peso, o organismo controla os hormônios que favorecem a desregulação de células, assim como fatores inflamatórios que deixam o organismo vulnerável ao câncer. Alguns estudos, como um realizado pelo Inca (Instituto Nacional do Câncer), demonstram que 19% dos casos de câncer no Brasil poderiam ser evitados se as pessoas mantivessem o peso ideal.
As articulações consideradas de impacto, como quadril, joelho e tornozelo, sofrem bastante com o excesso de peso. Além disso, o sobrepeso inicial parece produzir substâncias que agridem a cartilagem das articulações. Emagrecer é muito favorável, já que, quando caminhamos, o impacto do nosso peso nas articulações é duas vezes o peso do corpo. Já quando corremos, esse impacto varia de 5 a 8 vezes o peso do corpo.
A hipertensão arterial também caminha lado a lado com a obesidade. Quando diminuímos o peso, o corpo diminui a produção exagerada de insulina, diminuindo também a retenção de água e sal. Com o emagrecimento de poucos quilos, a pressão arterial pode reduzir de 5 a 20 mmhg.
Outro ponto que melhora com o emagrecimento é a memória. Ao perder peso, diminui-se a resistência à leptina. Essa substância sinaliza se o individuo está saciado ou não e também participa do processamento da memória no hipocampo, assim como protege a massa cinzenta.
Vimos que pequenas diminuições de peso melhoram muito a qualidade de vida. Por isso, anime-se e dê o primeiro passo, sua saúde agradece!
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