Natural do Rio de Janeiro, graduou-se em Medicina pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em 1999, concluindo...
iO Brasil atravessa um dos piores períodos de seca em muitas décadas, em especial na regiões Norte e Centro-Oeste. Brasília, a capital federal que historicamente sofre com períodos de estiagem, igualou seu recorde histórico de 10% de umidade relativa do ar, níveis apenas observados nos desertos espalhados pelo mundo.
Entende-se a umidade relativa do ar como a quantidade de vapor d´água presente na atmosfera que respiramos. É esse vapor d´água que forma as nuvens e é essencial para evitar o ressecamento excessivo da mucosa dos olhos, nariz e garganta.
Além de provocar incêndios em pastagens e florestas e causar aqueles inconvenientes choques estáticos quando saímos do carro ou abrimos uma porta, a seca causa uma série de doenças respiratórias, aumentando a incidência de asma, bronquite e infecções pulmonares, sangramentos nasais, ressecamento da pele e irritação dos olhos.
A defesa civil classifica os baixos níveis de umidade relativa do ar em três estados, de acordo com as chances de ocorrências de complicações à saúde e riscos de incêndios:
- Entre 20% e 30%: Estado de Atenção
- Entre 12% e 20%: Estado de Alerta
- Abaixo de 12%: Estado de Emergência
Uma vez que muitos de nós não podemos nos dar ao luxo de migrar para regiões praianas nesses períodos, aqui vão algumas dicas de como se proteger da seca:
- Evitar exercícios físicos nos períodos de umidade relativa do ar abaixo de 30%, em especial entre 11 e 15 horas. Isso inclui a moderação nas aulas de educação física nas escolas.
- Aumentar a ingesta hídrica: água, sucos, água de coco. Refrigerantes não ajudam.
- Lubrificar constantemente a mucosa nasal e os olhos com soro fisiológico. Recentemente alguns estudos também apontam para os benefícios de alguns óleos vegetais na lubrificação da mucosa nasal.
- E, por último, vejamos a polêmica dos umidificadores de ar:
Vários trabalhos já demonstraram que o ar seco é prejudicial para o nariz, ao passo que o ar mais aquecido e úmido contribui para reduzir os sintomas da rinite.
A controvérsia, entretanto, diz respeito à questão dos fungos. Em teoria, um ambiente úmido propicia a proliferação de esporos e fungos que, por sua vez, podem agravar alguns quadros de rinite quando aspirados.
Diante desses dois aspectos, algumas considerações são válidas. Em primeiro lugar, como tudo em medicina, o bom senso é soberano. Uma coisa é trazer a umidade relativa do ar de volta a níveis humanamente suportáveis, isto é, acima de 35%. Outra coisa é umidificar o ar a ponto de permitir que a umidade torne um ambiente propício para o surgimento de mofo. A segunda hipótese só se concretiza se o umidificador é usado em exagero.
Mas o que seria o exagero? Novamente, bom senso. Se o chão do quarto fica úmido, coberto por um "orvalho" pela manhã, o umidificador passou do limite. Se o aparelho é colocado muito em cima da cama, e o colchão está "molhado" de manhã, idem. Se o vapor gerado pelo aparelho encontra tecidos felpudos ou espessos como carpetes, cortinas pesadas etc; lógico que a chance de surgir mofo é maior. Caso contrário, certamente o umidificador ajuda.
Saiba mais: Respiração pela boca