A tristeza em excesso pode ser um perigo e tanto à eficiência do tratamento do câncer. Segundo uma pesquisa do Departamento de Psiquiatria da Unifesp, que revisou diversos estudos sobre o assunto, quase 50% dos pacientes com a doença desenvolvem algum transtorno psiquiátrico, principalmente depressivo. Infelizmente, somente 2% dessas pessoas recebem atendimento especializado.
É possível, entretanto, contornar as emoções negativas - e há histórias de vida que comprovam. "Quando recebi o diagnóstico de câncer de mama, o primeiro pensamento que veio à cabeça é que eu ia morrer", conta a representante comercial Joseane Dias, que teve de retirar as mamas. A costureira Ivanilde Rocha, de Uberlândia, teve o mesmo câncer de Joseane. "É uma fase da vida que deixa qualquer um triste, quase perdi os ânimos após ser aposentada por invalidez", comenta. Apesar das dificuldades, ambas adotaram atitudes para combater os sentimentos negativos. Hoje, reconhecem que o câncer não é uma sentença de morte: estão curadas e compartilham a alegria de ter enfrentado a doença. Siga o exemplo delas e veja o que psicólogos e psiquiatras recomendam para não se deixar abater com o diagnóstico.
Encarar a realidade
Aceitar e enfrentar o câncer é um desafio possível que ajuda a vencer a doença. A psiquiatra Sara conta que a maioria das pessoas relaciona o câncer à morte - algo que nem sempre é verdade. Muitos já tiveram tumores, passaram por tratamento e viveram ainda muitos anos, às vezes até mais do que quem sequer teve a doença.
Segundo a psicóloga Viviane Totina, ao encarar a doença, a pessoa pode aceitar aos poucos as suas limitações e dificuldades, lembrando que algumas são efeitos do próprio tratamento. "Ao mesmo tempo, é possível descobrir as suas potencialidades e verificar novas formas de recomeçar funções importantes na sua vida, que vão facilitar esse processo de enfrentamento do câncer", diz. Fazer um diário ou um blog para relatar o dia a dia dessa fase pode ser uma boa ideia. Muitos pacientes mantêm esse hábito para identificar e comemorar as pequenas conquistas que, no final, podem representar grandes resultados.