Redatora especializada em saúde, bem-estar, alimentação e família.
Raro encontrar uma doença que pode ser tratada somente com o uso de medicamentos. Cada vez mais, especialistas descobrem como é importante mudar hábitos no combate a problemas de saúde, crônicos ou não. O papel da alimentação, em praticamente todas as situações, é fundamental e determina o sucesso do tratamento - isso acontece com infecções mais simples, como a gripe a necessidade de estimular a imunidade a partir da dieta, e com casos mais sérios, como a hepatite e outras doenças do fígado (órgão diretamente relacionado ao metabolismo de tudo o que você consome, seja alimento, bebida ou medicação).
"Todo o cuidado é pouco na fase em que o fígado está mais sensível e não pode ser sobrecarregado, neste momento nem um remédio trivial para dor de cabeça pode ser ingerido sem orientação médica", afirma a hepatologista Marta Deguti, do Hospital 9 de Julho, em São Paulo.Segundo dados do Ministério da Saúde, são registrados aproximadamente 33 mil casos de hepatites virais por ano no Brasil, sendo a hepatite A (causada pelo contato com alimentos ou líquidos infectados) a mais recorrente. Em seguida, aparecem as hepatites do tipo B e a hepatite C, causadas pelo contato com sangue infestado e a partir de relações sexuais em que um dos parceiros apresenta o vírus, respectivamente.
Também existem os quadros crônicos de hepatite, ou seja, provocados por distúrbios metabólicos e outras condições que alteram o funcionamento do fígado. Em todas as situações, no entanto, permanece o alerta: quanto mais cuidadosa for a sua dieta, maiores as chances de alcançar a recuperação, ou o alívio dos sintomas, rapidamente. No Dia da Hepatite (28 de Julho), fique por dentro das principais dicas e neutralize o vírus da doença:
Bebida alcoólica
Pacientes com hepatite e outras doenças do fígado devem restringir completamente a ingestão de álcool, afirma a hepatologista Marta Deguti, do Hospital 9 de Julho. "O álcool é metabolizado no fígado e, portanto, representa sobrecarga de trabalho para as células que estão doentes". Além disso, o álcool interage com muitas das medicações ingeridas pelo paciente, podendo intoxicar ou estressar o fígado.
Alimentos embutidos
Ricos em gorduras, sódio e conservantes, os alimentos embutidos são difíceis de digerir, geram muitas toxinas ao organismo e podem agravar as inflamações no fígado. "O consumo de embutidos não é recomendado principalmente para pacientes que estão em tratamento da hepatite aguda ou apresentam inflamações em estado avançado", afirma o hepatologista Raymundo Paraná, chefe do Serviço de Hepatologia do Hospital Universitário da Universidade Federal da Bahia.
Gorduras
O fígado está envolvido na digestão, absorção, síntese e armazenamento das gorduras. Portanto, gorduras em excesso pode sobrecarregar o órgão no período de tratamento da hepatite. "Comer muitas frituras e alimentos gordurosos pode causar uma esteatose hepática, que é a infiltração de gordura nas células fígado, fator de risco para desenvolvimento de cirrose e câncer de fígado", diz a hepatologista Marta. No entanto, o nutrólogo Roberto Navarro, especialista do Minha Vida, afirma que consumir os óleos vegetais (isso inclui o azeite de oliva) apenas como tempero, sem acrescentá-lo a frituras, não traz riscos à dieta do paciente.
Proteína animal
Pacientes em tratamento para hepatite aguda devem evitar a ingestão de carne vermelha, leite integral e queijos amarelos, dando preferência às versões mais magras desses alimentos. "Isso porque a gordura animal faz com que o fígado tenha que produzir mais enzimas digestivas, sobrecarregando suas funções", afirma o nutrólogo Roberto Navarro. Pacientes que já evoluíram para fazes mais avançadas, alcançando o estágio de cirrose, também podem necessitar temporariamente de restrição deste grupo alimentar. No entanto, casos de hepatite crônica raramente precisam excluir ou moderar as proteínas da dieta, ficando a cargo do médico fazer essa recomendação.
Açúcar refinado
De acordo com o hepatologista Raymundo, controlar a glicemia evita o acúmulo de gordura abdominal e a infiltração da gordura no fígado, o que é um fator de risco para cirrose e câncer do fígado. Além disso, pacientes com hepatite C especificamente são mais propensos a desenvolver diabetes. "Isso porque o vírus dessa hepatite induz a resistência à insulina, favorecendo o diabetes", diz Raymundo. "Outro problema causado pelo vírus da hepatite C é o acúmulo de gordura no fígado, fenômeno que também está associado ao diabetes", completa. Por conta disso, a ingestão de açúcar deve ser moderada em paciente com essa manifestação da doença.
Industrializados
Ricos em condimentos, corantes e conservantes, os alimentos industrializados devem ser evitados. Eles dificultam a digestão e exigem alto consumo de energia para serem metabolizados, o que pode baixar a imunidade do paciente que já está debilitado. "Alimentos em estado natural são a melhor opção, só tome cuidado para higienizá-los bem antes do preparo", afirma Roberto Navarro.
Faça refeições leves
É importante manter a dieta fracionada durante o tratamento da hepatite, para que não haja exageros e o fígado não fique sobrecarregado de repente. "Para os portadores de hepatite crônica, é importante manter uma dieta equilibrada, com todos os grupos alimentares", diz Marta Deguti. Já para quem está em tratamento, o melhor é riscar da lista os alimentos citados anteriormente, deixando as refeições mais leves e evitando ficar em jejum por muito tempo.