Médica dermatologista formada em clínica médica pela UERJ e em dermatologia pelo Instituto de dermatologia Prof. Rubem D...
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O que é Melanoma?
O melanoma é um tipo de tumor maligno que pode ocorrer em qualquer parte da pele, além do trato gastrointestinal, das membranas mucosas e dos genitais. Caracteriza-se por lesões pigmentadas, amarronzadas ou pretas, com bordas irregulares e com mais de uma cor. Por isso, muitas vezes, é confundido com uma pinta (nova ou antiga).
É considerado o tipo mais grave de câncer de pele, que tem a capacidade de invadir qualquer órgão do corpo, criando metástases, inclusive no cérebro e no coração. Dessa forma, não existe melanoma benigno - o tumor é classificado como maligno desde o seu aparecimento.
Causas
Os melanócitos, células que produzem a melanina (responsável pela coloração da pele, dos olhos e do cabelo), podem sofrer danos e se desenvolverem descontroladamente, formando uma massa de células cancerosas.
Não se sabe ao certo como ocorrem esses danos, mas acredita-se que fatores ambientais e genéticos favorecem as mutações, sendo eles:
- Exposição solar: especialistas acreditam que o principal fator de risco para o surgimento do melanoma é a superexposição à luz solar, especialmente nos casos de queimaduras ocorridas na juventude e em pessoas que passam muito tempo debaixo do sol.
- Raios UV: a radiação ultravioleta (UV), geralmente presente em câmaras de bronzeamento, aumenta o risco de melanoma, tendo sido designada como cancerígena pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
- Histórico familiar
- Pele clara: pacientes de pele clara são mais suscetíveis à doença, assim como pessoas de cabelos loiros ou ruivos, olhos azuis e sardas. Esse risco também é maior para pessoas cuja pele tem tendência a queimar em vez de bronzear.
- Sistema imunológico fraco: isso inclui as pessoas que têm leucemia ou linfoma, pacientes que tomam medicamentos que suprimem o sistema imunológico, ou então aqueles que foram submetidos a transplante de órgãos.
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Tipos
Há diversos tipos de melanoma, no entanto, os principais são:
- Melanoma extensivo superficial: tipo mais comum da doença. Geralmente a lesão é plana, irregular, e pode acontecer em diferentes tons de preto e marrom. Pode se manifestar em qualquer idade ou região do corpo, sendo frequente em pessoas com menor nível de melanina.
- Melanoma nodular: segundo tipo mais frequente, pois pode se espalhar por várias partes do corpo rapidamente. Manifesta-se com uma área elevada de cor preta-azulada ou vermelha-azulada. Entretanto, alguns melanomas não apresentam cor alguma.
- Melanoma lentigo maligno: comum em idosos e em pessoas com a pele danificada pelo sol devido à exposição excessiva e prolongada. Ocorre especialmente em regiões como rosto, pescoço, couro cabeludo e braços. As áreas de pele anormal geralmente são grandes, planas e têm aspecto bronzeado com áreas marrons.
- Melanoma lentiginoso acral: tipo mais raro de melanoma, ocorre em regiões nas palmas das mãos, solas dos pés ou embaixo das unhas.
Estágios do melanoma
Além do diagnóstico do tipo de melanoma, há também os estágios da evolução da condição. São eles:
- Estágio 0 ou melanoma in situ: nesta fase as lesões não ultrapassam a camada mais superficial da pele e os tumores podem ser tratados com a remoção.
- Estágio 1: o tumor pode apresentar ulceração e possui espessura um pouco maior, de no máximo 1 milímetro, porém, ainda não acometeu outros tecidos. É tratado com excisão cirúrgica ampla e o profissional pode recomendar a realização de biópsia do linfonodo sentinela. Caso seja positiva, o paciente é classificado no estágio 3 da condição.
- Estágio 2: tumor possui tamanho maior que 1 milímetro, que pode ou não apresentar ulcerações. O tratamento é a excisão cirúrgica ampla com a avaliação do profissional para a realização da biópsia do linfonodo sentinela.
- Estágio 3: nesta fase o tumor possui tamanho variável, com ou sem ulcerações, mas já se espalhou para tecidos próximos e a outros locais, como os gânglios linfáticos. É realizada a excisão ampla do tumor e a ressecção de linfonodos. Tratamentos como radioterapia e imunoterápicos podem ser considerados.
- Estágio 4: chamado de melanoma metastático, o tumor encontra-se em estágio avançado e a condição já se espalhou para outros órgãos e tecidos longe do local de origem. O tratamento é ministrado de acordo com a gravidade do caso. Pode ocorrer a retirada de metástase e sessões de quimioterapia, radioterapia, imunoterapia ou terapia alvo.
Sintomas
Os primeiros sintomas de melanoma frequentemente são:
- Mudança em uma mancha ou pinta já existente
- Desenvolvimento de uma nova mancha ou pinta de aparência incomum ou bem pigmentada na pele
- Outras mudanças anormais, como coceira, comichão, sangramento e a não cicatrização da área
- Nódulos linfáticos inchados (principalmente em casos de melanoma metastático)
Diagnóstico
É importante procurar um médico sempre que notar uma nova lesão na pele ou quando uma lesão antiga tiver algum tipo de modificação. A regra ABCDE ajuda a reconhecer alguns sinais que podem ser indicativos de melanoma. Para isso, o paciente deve se atentar a fatores como:
- Assimetria: imagine uma divisão no meio da pinta e verifique se os dois lados são iguais. Se apresentarem diferenças deve ser investigada
- Bordas irregulares: verifique se a borda está irregular, serrilhada e não uniforme
- Cor: verificar se há várias cores misturadas em uma mesma pinta ou mancha
- Diâmetro: veja se a pinta ou mancha está crescendo progressivamente
- Evolução: se a mancha teve alguma mudança na cor, formato ou tamanho
Outras características que podem ser notadas e indicadas ao especialista também são:
- Elevação: espessamento ou aumento de uma pinta anteriormente plana
- Superfície: oxidação, erosão, inchaço, sangramento ou crostas na lesão
- Pele ao redor: vermelhidão, inchaço ou pequenas novas manchas de cor em torno de uma lesão maior (pigmentações satélite)
- Sensação: coceira, formigamento, queimação ou dor
- Consistência: amolecimento ou pequenos pedaços que se quebram facilmente
Na avaliação clínica, o profissional poderá solicitar exames para se obter o diagnóstico correto. Os mais recorrentes são:
- Dermatoscopia
- Microscopia confocal
- Biópsia
- Exames de imagem (tomografia de emissão, tomografia computadorizada e ressonância magnética)
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Tratamento
O tratamento do melanoma depende do tamanho e do estágio do câncer, além das condições de saúde e preferências pessoais do paciente. Em geral, as terapias envolvem os seguintes procedimentos:
Melanomas em estágio inicial
Geralmente inclui cirurgia para remover o tumor. O melanoma muito fino pode ser removido totalmente durante a biópsia e pode não necessitar de tratamento adicional.
O cirurgião irá remover o cancro, bem como uma margem de pele normal e de uma camada de tecido normal por baixo da pele. Para as pessoas com melanomas em estágio inicial, este pode ser o único tratamento necessário.
Melanomas avançados
Se o melanoma se espalhou para além da pele, as opções de tratamento podem incluir:
- Cirurgia para remover linfonodos comprometidos
- Quimioterapia
- Radioterapia
- Terapia biológica
- Imunoterapia
Prevenção
Diferentes fatores influenciam o desenvolvimento do câncer. Suas causas, fatores de risco e formas de prevenção continuam sendo estudadas pelo mundo científico. Apesar disso, é possível adotar uma série de hábitos e cuidados para prevenir seu aparecimento, como:
- Protetor solar: o indicado é reaplicar o protetor solar, pelo menos, mais duas vezes ao dia e esperar cerca de 30 minutos após a aplicação para se expor ao sol novamente.
- Horário de exposição ao sol: procure evitar os momentos de maior insolação do dia (entre 10h e 16h) e fique na sombra o máximo que puder. Além do protetor solar, use protetores físicos, como chapéus e camisetas.
- Conheça sua pele: examinar sua pele periodicamente é uma maneira simples e fácil de detectar precocemente o câncer de pele. Com a ajuda de um espelho, o paciente pode enxergar áreas que raramente consegue visualizar. É importante observar se há manchas que coçam, descamam ou sangram e que não conseguem cicatrizar, além de perceber se há pintas que mudam de tamanho, forma ou cor.
- Consulte o dermatologista: é importante que as pessoas com fatores de risco sejam acompanhadas por um dermatologista. Para pacientes que já sofreram com câncer de pele e foram tratados, o dermatologista irá acompanhar o local de onde o câncer foi retirado, principalmente a pele no entorno, e cuidar para que o tumor tenha sido completamente removido e tratado.