Graduação em Medicina pela Universidade de Mogi das Cruzes, especialista em Cardiologia pela Sociedade Brasileira de Car...
iManuela Pagan é jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero (2014) e em fisioterapia pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (2008).
iO que é Complicações do diabetes?
O diabetes é uma doença causada pela produção insuficiente ou má absorção da insulina no corpo. Este hormônio tem como uma de suas funções regular a glicemia, a “taxa de açúcar no sangue”. Além do diabetes tipo 1, que está presente desde o nascimento e do tipo 2, que está ligado a maus hábitos alimentares, há ainda o diabetes gestacional, que surge durante a gestação.
As complicações do diabetes mellitus são um conjunto de consequências que a doença pode trazer para o paciente ao longo dos anos. Quanto menos controlada está a taxa glicêmica (açúcar no sangue), maiores e mais graves serão as complicações, principalmente quando ela está associada a fatores de risco como colesterol alto, hipertensão arterial, tabagismo, sedentarismo.
As complicações do diabetes são divididas em dois grupos, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS): as micro e as macrovasculares. Para elas, em geral, são usados o CID 10 e o E10.
Tipos
As complicações microvasculares são aquelas que causam danos aos pequenos vasos sanguíneos, como as que acometem os olhos, rins e nervos. Já as macrovasculares incluem as doenças cardíacas e o fluxo insuficiente de sangue para o músculo cardíaco através das artérias coronárias, para as extremidades do corpo, principalmente as pernas.
Complicações microvasculares
Retinopatia diabética (problemas nos olhos)
A retinopatia diabética é uma lesão na retina que pode decorrer dos tipos de diabetes um e dois e levar à cegueira irreversível. Normalmente, é causada pela agressão das paredes das artérias, em especial uma chamada endotélio, pela consequente elevação crônica e patológica da taxa de glicose no sangue. Os portadores de qualquer um dos tipos de diabetes deverão fazer acompanhamento também com o oftalmologista, pois essas complicações são frequentes e com consequências às vezes agravadas. Portanto, é importante identificar possíveis alterações nos vasos da retina o quanto antes.
Saiba mais: Diabetes tipo 1 e 2: você sabe qual é a diferença?
Nefropatia diabética (lesões nos rins)
A nefropatia diabética é a principal causa da perda da função renal, chamada de insuficiência renal crônica e que, em fases avançadas, pode levar o paciente para a hemodiálise. Ela ocorre por conta de alterações nos vasos sanguíneos dos rins, levando à eliminação de proteína albumina. Nas fases iniciais, ela pode ser diagnosticada pelo aumento dos níveis de albumina na urina. É recomendado que se faça o teste uma vez por ano.
Neuropatia diabética
A neuropatia diabética é uma complicação frequente em pacientes com diabetes por conta de obstrução vascular e decorrente isquemia dos nervos. Se manifesta com diferentes sintomas, dependendo da fibra nervosa que foi afetada. São comuns a redução da sensibilidade ou a sensação de formigamento em mãos e pés.
É preciso estar atento às complicações crônicas do diabetes como essa falta de sensibilidade nas regiões do corpo, já que uma lesão assim pode passar despercebida e evoluir para feridas que, por sua vez, podem chegar até quadros mais graves, com a amputação de dedos ou dos membros inferiores e superiores. Na pessoa diabética, as artérias podem estar comprometidas, o que impede uma resposta do organismo para a cicatrização dessas feridas.
É o caso, por exemplo, do pé-diabético, quadro em que a redução da sensibilidade causada pelo diabetes nos pés torna o indivíduo mais propenso a não sentir dor quando tem uma ferida no pé, permitindo que a lesão aumente sem que a pessoa se dê conta. O quadro é agravado pelo prejuízo à circulação que a doença causa.
Complicações macrovasculares
Aterosclerose
A aterosclerose é uma condição em que ocorre o acúmulo de placas de gordura e outras substâncias nas paredes das artérias. Isso causa obstrução desses vasos que levam o sangue do coração para o resto do corpo. Por isso, é preciso monitorar esse impacto já que a saúde do paciente pode estar comprometida a ponto de levá-lo a um infarto ou um Acidente Vascular Cerebral.
Doença arterial periférica
A doença arterial periférica é uma condição de obstrução crônica das artérias periféricas, das pernas e dos braços. Nesse cenário, a redução do fluxo sanguíneo pode levar a possíveis lesões nos tecidos, músculos e nervos do corpo.
Doença carotídea
A doença carotídea é a obstrução das artérias carótidas que pode ocasionar a interrupção abrupta do fluxo de sangue para o cérebro. Com isso, o paciente corre o risco de sofrer um acidente vascular encefálico (isquemia cerebral). De forma crônica, pode ocorrer perda de função cognitiva, como quadros de esquecimentos.
Doença arterial coronariana
Pode acontecer em episódios de angina ou infarto agudo do miocárdio. É a principal causa de morte de pacientes diabéticos, pois o infarto pode acontecer sem uma prévia de dor no peito (a angina). Cabe alertar que os pacientes devem ser avaliados regularmente por cardiologista, a fim de realizar os exames específicos solicitados para avaliação da saúde.
Doenças agravadas pelo diabetes
Pessoas com diabetes também ficam mais suscetíveis a outras doenças que podem ser agravadas por causa da alta taxa glicêmica. Infecções de pele, sejam fúngicas ou bacterianas, abscessos e úlceras em regiões como o pé e as pernas são algumas das complicações que se tornam mais comuns e perigosas em pacientes com a doença.
Há ainda risco aumentado para desenvolver hipertensão, já que o excesso de glicose no sangue prejudica a circulação, e de danos ao sistema imunológico, já que a hiperglicemia prejudica o funcionamento das células brancas do sangue, responsáveis pela defesa do organismo frente a micro-organismos, como bactérias e vírus.
Diabetes gestacional
No caso do diabetes gestacional, que é um terceiro tipo de diabetes, quando não controlado, mãe e bebê podem ter diversas complicações: desenvolver futuramente diabetes tipo 2, crescimento exagerado do bebê durante a gestação, quadros de hipoglicemia e hiperglicemia além de aumentar a incidência de pré-eclâmpsia, o que aumenta o risco de mortalidade tanto da mãe quanto do feto.
Saiba mais: Sinais de alerta do diabetes
Fatores de risco
A maior parte das complicações do diabetes acontece quando:
- Há descontrole da taxa glicêmica
- Tabagismo
- Sedentarismo
- Dieta desequilibrada
- Não realizar exames dentro dos prazos estabelecidos pelos médicos.
- Dificuldade em seguir o tratamentos médico
Vale lembrar ainda que quem tem pré-diabetes está sujeito a ter o diabetes tipo 2 se não seguir um tratamento adequado e recomendado por médico.
Prevenção
Quanto mais o paciente com diabetes estiver consciente das complicações decorrentes da doença e se comprometer em manter uma rotina saudável, mais conseguirá prevenir quadros agravados.
Para o equilíbrio da saúde, são recomendados ainda os seguintes cuidados:
- Praticar exercícios físicos regularmente
- Manter uma alimentação equilibrada e regrada
- Persistir no controle de outros fatores de risco, como hipertensão, altos níveis de colesterol, obesidade e estresse
- Fazer todos os exames nos intervalos de tempo recomendados para cada tipo de doença
- Tomar cuidado com os traumas e possíveis infecções, uma vez que o sistema imunológico e circulatório de pessoas com diabetes tendem a ser mais fracos do que em pacientes sem a doença
- Buscar o diagnóstico precoce, sempre comparecendo às consultas periódicas com o endocrinologista
É fundamental que se siga o tratamento medicamentoso, quando necessário, e mudanças de estilo de vida caso essa seja a orientação médica.
Qual é a taxa normal de glicemia?
A pessoa com a doença deve ter como meta manter as taxas próximas ao normal, ou seja, entre 80 e 120 mg/dL antes das refeições e entre 100 e 140 mg/dL na hora de dormir.
Saiba mais: Diabetes tipo 1: o que é, sintomas, tratamentos e causas
Referências
Organização Mundial da Saúde (OMS)
Ministério da Saúde
Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional do Rio de Janeiro
Associação Americana do Diabetes
Mayo Clinic