Graduado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Possui especialização em Cirurgia Geral pelo Hosp...
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O que é Epididimite?
A epididimite é uma inflamação que ocorre no epidídimo, tubo espiralado localizado na parte de trás do testículo, responsável por armazenar e transportar o esperma.
Homens de todas as idades podem ter a doença, que é mais comumente originada por uma infecção bacteriana, inclusive advinda de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), como gonorreia ou clamídia. Às vezes, o testículo também pode ser infectado, o que é chamado de epididimo-orquite.
Causas
A epididimite pode ser causada por diversos fatores. As causas mais comuns, segundo Flávio Iizuka, urologista e pesquisador pela Universidade de São Paulo (USP), estão relacionadas a infecções bacterianas. Situações mais raras podem incluir infecção por fungos.
Os principais fatores ligados à epididimite incluem:
- Infecções sexualmente transmissíveis, como a gonorreia e a clamídia, mais comuns de ocorrer em homens jovens sexualmente ativos
- Infecções bacterianas, como a do trato urinário e de próstata, que são mais comuns em homens que não são sexualmente ativos. Do local afetado, a infecção pode se espalhar até o órgão, causando a epididimite
- Administração de certos medicamentos para o coração
- Urina no epidídimo (epididimite química), que acontece quando a urina flui para trás, para o epidídimo, possivelmente devido a trabalho pesado ou de deformações
- Traumas na região
- Tuberculose.
Sintomas
Os principais sintomas da epididimite são dor e inchaço no escroto e podem ocorrer tanto da epididimite bacteriana quanto na não bacteriana. Além do inchaço, o saco escrotal também pode apresentar vermelhidão ou sensação de calor.
Outros sintomas também incluem:
- Dor para urinar
- Micção urgente ou frequente
- Dor ou desconforto do baixo abdômen ou na pélvis
- Secreção
- Aumento da sensibilidade no saco escrotal
- Dor na ejaculação
- Aumento da frequência urinária
- Relação sexual ou ejaculação dolorosa
- Nódulo no testículo
- Aumento dos gânglios linfáticos da virilha
- Sangue no sêmen
- Febre (menos comum).
Quando a epididimite dura mais de seis semanas ou ocorre frequentemente, ela é considerada um problema crônico . Os sintomas de epididimite crônica podem aparecer gradualmente e, por vezes, a causa não é identificada.
Diagnóstico
O diagnóstico de epididimite é clínico e realizado a partir de um exame físico. Com ele, o urologista pode verificar se houve aumento dos gânglios linfáticos da virilha e inchaço no testículo. Também pode realizar um exame retal para checar se a próstata está aumentada.
Porém, o diagnóstico pode ser realizado através de alguns exames básicos, como:
- Triagem de IST
- Exame de urina
- Exame de sangue
- Ultrassom do tipo doppler da bolsa testicular, para identificar a inflamação na bolsa testicular.
Caso o paciente apresente febre, queda do estado geral e perda do apetite, Iizuka esclarece que o médico também pode solicitar um hemograma e um PCR (Proteína C-Reativa).
"O método mensura a proteína em quantidades muito pequenas no sangue, proporcionando um diagnóstico mais precoce de processos infecciosos ou inflamatórios", diz Claudio Gonsalez, infectologista do Hospital Santa Paula, em entrevista prévia ao Minha Vida.
Fatores de risco
Os fatores de risco para epididimite estão relacionados ao perfil e ao comportamento do paciente, segundo Flávio Iizuka. Pessoas que apresentam baixa imunidade tem mais risco de desenvolver o problema, como pacientes com diabetes e idosos. Porém, outros fatores podem influenciar diretamente nos riscos, tais como:
- Sexo com um parceiro com alguma IST
- Sexo sem o uso de preservativos
- Histórico pessoal de IST
- Pessoas que administram medicamentos imunossupressores e corticoides
- Histórico de infecções do trato urinário e ou próstata
- Histórico de procedimentos médicos que afetam o trato urinário, como inserção de cateter no pênis
- Pênis não circuncidado ou com anormalidades anatômicas
- Próstata aumentada, que aumenta o risco de infecções e, consequentemente, de epididimite.
Pessoas que têm relações sexuais com penetração anal também possuem alto risco de ter o problema, conforme explica Flávio iizuka, “pois as bactérias da região anal têm uma possibilidade de contaminar a uretra e assim provocar a epididimite ou a orquiepididimite, quando a inflamação não só atinge o epidídimo, como também o testículo".
Buscando ajuda médica
O paciente não deve ignorar o aparecimento de dor ou inchaço na bolsa escrotal. Os sintomas podem ser causados por várias doenças diferentes e requerem tratamento imediato para evitar danos permanentes. Se a dor for severa, é necessário procurar um pronto-socorro. Também se deve buscar auxílio médico no caso de secreção no pênis ou dor para urinar.
“Todo paciente que tem sintoma de aumento da sensibilidade na região da bolsa testicular ou que tenha anormalidade como secreção na uretra, inchaço local, deve procurar o médico, porque uma das consequências de uma epididimite não tratada é a infertilidade masculina”, explica o urologista Flávio Iizuka.
O epidídimo, ainda segundo o especialista, é um órgão importante para a condução e para a maturação dos espermatozoides. Se não tratada adequadamente, a epididimite pode provocar um dano irreversível ao órgão, levando à infertilidade masculina.
Embora a epididimite seja unilateral, ou seja, ela só ocorra em um dos lados do epidídimo, o não tratamento pode gerar uma queda acentuada na função reprodutiva do homem.
Em caso de suspeita de epididimite, é importante evitar ter relações sexuais, pois isso aumenta os riscos de transmissão de infecções sexualmente transmissíveis — e isso inclui sexo oral, anal e qualquer contato pele a pele com órgãos genitais. Ademais, também é importante alertar a sua parceria sobre os sintomas para que busque realizar testes que verifiquem a presença de alguma IST.
Tratamento
Pode ser necessário o uso de antibióticos para tratar epididimite e epidídimo-orquite. Se a causa da infecção bacteriana é uma IST, o parceiro sexual do paciente também precisará de tratamento.
Podem passar algumas semanas até que os sintomas comecem a desaparecer. Para aliviar a dor, pode ser recomendado usar suportes atléticos para a região, descansar, aplicar compressas de gelo e fazer uso de medicamentos para dor prescritos pelo médico. Para a maioria das pessoas, o tratamento acaba depois de três meses.
Se a infecção gerar um abscesso, pode ser necessária uma intervenção cirúrgica para drená-lo. Em algumas situações, parte ou todo o epidídimo precisa ser removido na cirurgia.
“Quando o quadro é grave, a simples drenagem do abscesso às vezes não resolve e o paciente persiste com dor; em casos realmente severos passa a ser necessária não só drenagem, mas também a retirada cirúrgica do epidídimo acometido, a epididimectomia”, acrescenta Iizuka.
Cuidados durante o tratamento
Segundo Iizuka, manter repouso, uma boa alimentação e administração correta do antibiótico prescrito pelo médico é essencial durante o tratamento, especialmente quando o paciente possui uma imunossupressão. “Esses pacientes precisam de uma observação mais próxima para que a evolução dessa infecção seja devidamente tratada e controlada”, acrescenta o especialista.
Tem cura?
Normalmente, o tratamento de epididimite é bem sucedido e termina após três meses. Contudo, dependendo da causa que levou a essa doença, o tratamento pode durar mais ou menos tempo e as complicações futuras também.
Prevenção
A prevenção mais importante contra a epididimite é evitar o contágio por infecções sexualmente transmissíveis praticando sexo seguro.
“Homens que têm multiparceiros ou parceiras e têm prática de atividades sexual com penetração anal sem proteção também aumentam o risco de ter esse tipo de problema. Então, o uso de camisinha é mandatório em toda prática de atividade sexual, principalmente quando há penetração anal”, explica Iizuka.
Se o paciente tem infecções do trato urinário recorrentes, outro fator de risco para a doença, ele pode discutir com o médico outras formas para se prevenir contra a epididimite.
Além disso, a manutenção de hábitos saudáveis de vida é essencial para evitar problemas como a epididimite e outros que podem contribuir para o desenvolvimento da inflamação.
Saiba mais: Consultas rotineiras ao urologista ajudam a rastrear câncer de próstata e outras doenças
Complicações possíveis
Se não tratada, a epididimite pode se tornar crônica, o que demanda mais cuidados e causa incômodos e dores frequentes. Segundo Flávio, outras complicações possíveis incluem a formação de abscessos ou infecções que levam à perda do epidídimo — e, às vezes, à extensão do processo inflamatório, que pode acometer o testículo do mesmo lado. Se não tratado previamente, a fertilidade do homem pode ser prejudicada.
Referências
Mayo Clinic
Flavio Iizuka, urologista e pesquisador pela Universidade de São Paulo, CRM/SP 75674