Médico Especialista em Endoscopia Digestiva, Coloproctologia e Gastroenterologia. Membro titular das Sociedades Brasilei...
iRedatora especialista em conteúdos sobre saúde, família e alimentação.
O que é Fissura anal?
A fissura anal é uma laceração ou ferida que surge no revestimento do ânus, normalmente resultante da evacuação de fezes duras ou volumosas. Provoca sintomas como dor, sangramento e irritação na região. Embora possam acometer pessoas de qualquer idade, as fissuras anais são mais frequentes em bebês.
Causas
As principais causas de fissuras anais incluem:
- Defecar fezes grandes ou duras e secas
- Prisão de ventre e esforço durante as evacuações
- Diarreia crônica
- Sexo anal
- Inflamação da área retal causada pela doença de Crohn ou outra doença inflamatória do intestino
- Exame retal ou inserção de objetos no ânus
- Tensão nos músculos que controlam o ânus
- Câncer anal
- HIV
Tipos
Os tipos de fissura anal são:
- Fissura anal aguda: apresenta um corte que tende a ser superficial, com bordos sem fibrose, normalmente com menor tempo de evolução
- Fissura anal crônica: é caracterizada por ferida que torna-se uma úlcera facilmente reconhecível pelo médico especialista, com fibrose e endurecimento dos bordos, plicoma sentinela (pele sobressalente na margem anal), com maior tempo de evolução
Sintomas
Sintomas de fissura anal
O principal sintoma de fissura anal é a dor no revestimento do ânus, que tende a ser severa — como se algo estivesse arranhando ou cortando ao evacuar. Outros sintomas podem incluir:
- Sangue vermelho brilhante no assento ou papel higiênico depois de uma evacuação
- Comichão ou irritação ao redor do ânus
- Rachadura visível na pele ao redor do ânus
- Pequeno nódulo ou marca de pele sobre a pele perto da fissura anal
- Em quadros crônicos, a fissura gera um crescimento da pele na borda do ânus onde se encerra a ferida, chamado plicoma
Diagnóstico
O diagnóstico de fissura anal é feito a partir do histórico médico do paciente e de um exame físico — o que inclui a inspeção da região. Em alguns casos, pode ser necessário um exame de toque retal ou a inserção de um endoscópio para inspecionar o canal anal. Se houver suspeita de uma doença subjacente, o especialista pode recomendar testes adicionais, como sigmoidoscopia e colonoscopia.
Fatores de risco
Fatores que podem aumentar o risco de desenvolver uma fissura anal incluem:
- Infância: muitas crianças experimentam uma fissura anal durante o seu primeiro ano de vida
- Envelhecimento: os adultos mais velhos podem desenvolver uma fissura anal, em parte, devido à circulação mais lenta, resultando em diminuição do fluxo sanguíneo para a área retal
- Prisão de ventre: o esforço durante as evacuações e passar fezes duras (característicos de quem sofre de prisão de ventre) pode aumentar o risco de rasgar a região, resultando em ferida no ânus
- Parto: as fissuras anais são mais comuns em mulheres após o parto
- Doença de Crohn: a doença causa a inflamação crônica do trato intestinal, o que pode fazer com que o revestimento do canal anal seja mais vulnerável à rotura
Na consulta médica
Se você tem uma fissura anal, pode ser encaminhado para:
- Gastroenterologista (médico especialista em doenças do aparelho digestivo)
- Coloproctologista (médico especialista em cólon e reto)
- Clínico geral
Buscando ajuda médica
Consulte o seu médico se você tiver dor durante as evacuações ou avistou sangue nas fezes ou papel higiênico após uma evacuação. Caso sua situação não exija ir ao pronto-socorro imediatamente e você está esperando o dia da consulta médica agendada, tome medidas para evitar a constipação, como beber muita água, ingerir fibras e fazer exercícios regularmente.
Além disso, evite esforço durante as evacuações. A pressão extra pode prolongar a fissura ou criar uma nova.
Tratamento
Tratamentos para fissura anal
O tratamento de fissura anal é clínico e consiste em alguns métodos para aliviar o desconforto e aumentar o fluxo sanguíneo na região, como:
- Manter uma boa função intestinal, com ingestão de fibras e emolientes fecais
- Banhos de assento com água morna de 10 a 15 minutos após cada evacuação
- Medicamentos de uso tópico, como o diltiazem 2% e a nifedipina 0,3%
- Injeção de toxina botulínica
Cirurgia para fissura anal
Quadros fissura anal crônica, que não respondem a outros tratamentos, podem exigir a realização de uma esfinterectomia — cirurgia que, normalmente, envolve o corte de uma pequena porção do músculo do esfíncter anal para reduzir a dor e promover a cura.
Medicamentos
Pomadas para fissura anal
As pomadas mais usadas para o tratamento de fissuras anais são:
Somente um médico pode dizer qual o medicamento mais indicado para o seu caso, bem como a dosagem correta e a duração do tratamento. Siga sempre à risca as orientações do seu médico e NUNCA se automedique. Não interrompa o uso do medicamento sem consultar um médico antes e, se tomá-lo mais de uma vez ou em quantidades muito maiores do que a prescrita, siga as instruções na bula.
Tem cura?
A fissura anal tem cura, desde que os cuidados necessários sejam adotados para tratá-la. Alguns quadros leves podem se resolver espontaneamente em quatro a seis semanas. Se isso não acontecer, o tratamento médico ou cirúrgico geralmente pode aliviar o desconforto provocado pela ferida.
Prevenção
A fissura anal pode ser prevenida a partir de alguns hábitos, como:
- Consuma alimentos ricos em fibras, o que contribui para o trânsito intestinal
- Beba bastante água
- Pratique exercícios físicos
- Mastigue bem os alimentos
- Evite situações de estresse
- Vá ao banheiro sempre que tiver vontade
- Evite o consumo de alimentos ricos em gordura saturada e gordura trans
Complicações possíveis
As principais complicações da fissura anal são:
- Dificuldade de cicatrização: uma fissura anal que não cicatriza dentro de seis semanas é considerada crônica e pode precisar de tratamento adicional
- Recorrência de fissura anal: uma vez que você tenha experimentado uma fissura anal, você está propenso a ter outra futuramente, mesmo tendo a curado
- Feridas em outros músculos: uma fissura anal pode se estender para o esfíncter anal interno, tornando-se mais difícil de curar. Uma fissura não curada pode desencadear um ciclo de desconforto que pode exigir medicamentos ou cirurgia para reduzir a dor, reparar ou remover a fissura
Referências
Manual MSD