Dr. Franco Martins é pneumologista e gerente médico de vacinas da GSK. Ele é formado pela Unicamp e fez residência méd...
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O que é Pneumonia química?
A pneumonia química é uma irritação pulmonar causada pela inalação de substâncias agressivas e tóxicas para o pulmão — como fumaça, agrotóxicos ou outros produtos químicos.
Quando aspiradas, essas substâncias vão para os pulmões e inflamam os alvéolos, estruturas que fazem o transporte do oxigênio para o sangue. O quadro de inflamação e de infecção eventual dificulta as trocas respiratórias, provocando sintomas como falta de ar, tosse e insuficiência respiratória.
Causas
A pneumonia química é causada quando o paciente aspira um material tóxico para os pulmões. Um material inalado comumente é o ácido gástrico — quando uma pessoa inala o que foi vomitado, por exemplo. A pneumonia também pode ser causada pela aspiração de óleos laxantes, como o óleo mineral e de rícino; e hidrocarbonetos, como gasolina, querosene e produtos derivados de petróleo.
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Sintomas
Sintomas de pneumonia química
Os sintomas da pneumonia química podem variar de acordo com a composição da substância tóxica, o ambiente e o tempo de exposição. Os principais incluem tosse seca e falta de ar — que se manifestam quase imediatamente após o contato com o agente agressor. Outros sintomas que podem surgir incluem:
- Irritação no nariz, olhos, lábios, boca e garganta
- Tosse com muco claro, amarelo ou verde
- Tosse com secreção rosada na saliva e presença de sangue
- Náuseas
- Dor abdominal
- Dor no peito
- Respiração dolorosa
- Dor de cabeça
- Fraqueza ou desorientação
É importante destacar que os sintomas da pneumonia química podem demorar dias para aparecer, especialmente em quadros de aspiração de fumaça. Casos mais graves podem manifestar sintomas como:
- Febre alta
- Sons pulmonares, como chiado
- Insuficiência respiratória
- Queimaduras na boca, nariz ou pele
- Pele pálida e lábios suando
- Pensamento alterado e raciocínio comprometido
- Inchaço dos olhos ou língua, voz rouca ou abafada
- Salivação em excesso
Diagnóstico
O diagnóstico da pneumonia química é clínico e realizado a partir da inspeção dos sinais vitais do paciente, como frequência cardíaca, pressão arterial, frequência respiratória, temperatura e quantidade de oxigênio no sangue. Uma radiografia torácica e uma coleta de sangue podem ajudar no diagnóstico.
Em casos graves, o médico pode solicitar uma broncoscopia, um exame que consiste na visualização do aparelho respiratório através de um aparelho com uma microcâmera — o que permite identificar eventuais lesões ou alterações.
Tratamento
O tratamento de pneumonia química consiste na administração de oxigênio administração de oxigênio e, se necessário, da assistência temporária de um ventilador mecânico, que ajuda na entrada e na saída de ar nos pulmões. Em casos mais leves, o tratamento pode variar entre apenas observação, administração de oxigênio e fisioterapia.
Destaca-se que antibióticos e anti-inflamatórios não são eficazes para este quadro químico, mas podem ser utilizados em casos de infecções generalizadas ou para distinguir entre pneumonia química e pneumonia bacteriana.
Medicamentos
Remédios para pneumonia química
Os medicamentos mais usados para o tratamento de pneumonia química são broncodilatadores na inalação:
-
Fenoterol (Berotec)
- Oxigênio
- Corticóides.
Somente um médico pode dizer qual o medicamento mais indicado para o seu caso, bem como a dosagem correta e a duração do tratamento. Siga sempre à risca as orientações do seu médico e NUNCA se automedique. Não interrompa o uso do medicamento sem consultar um médico antes e, se tomá-lo mais de uma vez ou em quantidades muito maiores do que a prescrita, siga as instruções na bula.
Prevenção
Algumas medidas podem ajudar a prevenir a pneumonia química:
- Evitar o contato com produtos químicos em ambiente fechado
- Usar equipamento de proteção individual, máscaras e afins quando manipulando material de risco
- Na presença de incêndios, deixar o local o mais rápido possível e observar o aparecimento de falta de ar e tosse
- Em idosos e pessoas com problemas neurológicos, atentar para o risco de aspiração de conteúdo do estômago, observando se a pessoa engasga ao se alimentar.
Complicações possíveis
A inflamação no pulmão pode deixar o órgão fragilizado, podendo evoluir para infecções secundárias, como pneumonia bacteriana ou em outras áreas do corpo. Quadros de insuficiência respiratória podem ser muito graves e levar o paciente a óbito.
As complicações também podem variar conforme a condição médica anterior do paciente. Pessoas com asma ou outros problemas pulmonares podem apresentar complicações mais facilmente, por exemplo. Quadros de transtorno de estresse pós-traumático podem surgir, assim como a desregulação de doenças endócrinas.
Referências
Ubiratan de Paula Santos, pneumologista da Sociedade Brasileira de Pneumologia
Manual MSD
Andrea Sette, pneumologista do Hospital São Luiz