Médico coloproctologista formado pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo com mestrado e doutorado...
iManuela Pagan é jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero (2014) e em fisioterapia pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (2008).
iO que é Pólipo colorretal?
Pólipo colorretal é o nome recebido por pequenas lesões internas no tubo digestivo. Estas estruturas crescem na parede do revestimento do cólon ou do reto (ou seja, dos intestinos), projetando-se para o interior do órgão.
Nem todo pólipo retal é preocupante. Apesar de todos serem um possível indicador de câncer colorretal, somente alguns realmente evoluem para a doença – mas todos eles merecem atenção e devem ser removidos justamente para prevenir o câncer colorretal.
Pólipos colorretais podem se desenvolver em qualquer parte do intestino grosso. Em geral, quanto maior for um pólipo, maior é a probabilidade dele se tornar um câncer.
Causas
O processo de divisão celular é, geralmente, ordenado. Células se replicam para repor as que morrem, mas, devido a alterações genéticas, é possível que elas se dividam de forma desordenada sem necessidade. No cólon e no reto, este crescimento desregulado é o que causa pólipos colorretais.
As causas para este tipo de processo desordenado não são totalmente conhecidas, mas acredita-se que a mudança de curso na replicação celular ocorre por um conjunto de fatores ambientais e hereditários. Entre as possíveis causas para pólipos colorretais, portanto, estão:
- Histórico de pólipos colorretais ou câncer colorretal na família
- Diagnóstico de doenças intestinais como colite ou doença de Crohn
- Alimentação pobre em fibras e rica em gordura e carne vermelha
- Tabagismo
- Sobrepeso
Tipos
Pólipos colorretais podem ser pediculados (mais projetados, com formato semelhante ao de uma gota) ou sésseis (de superfície plana). Qualquer pólipo tem uma destas características – mas há cinco tipos de pólipos colorretais com alterações expressivas de formato, causas e potencial de malignidade.
Os tipos de pólipo colorretal são:
Pólipo colorretal adenomatoso (adenomas)
Cerca de dois terços de todos os pólipos colorretais são adenomatosos e grande parte deles realmente se torna canceroso. Quando se torna maligno, um pólipo adenomatoso recebe o nome de adenocarcinoma.
Pólipo colorretal serrilhado
Dependendo do tamanho e da localização, o pólipo serrilhado pode se tornar canceroso. Pólipos serrilhados podem ser pequenos ou grandes. Os pequenos raramente representam riscos, mas os maiores, geralmente planos, difíceis de detectar no exame e localizados na parte superior do cólon, tendem a ser pré-cancerosos.
Pólipo colorretal hiperplásico
Tipo de pólipo serrilhado, este tipo de pólipo é comum, pequeno e traz risco baixo para câncer. São, geralmente, retirados para análise de forma a garantir que não são malignos.
Pólipo colorretal inflamatório
Estes pólipos podem acompanhar um surto de colite ulcerativa ou doença de Crohn. Embora os pólipos em si não sejam uma ameaça significativa, ter essas doenças aumenta o risco geral de câncer de cólon, após oito a 10 anos de evolução.
Sintomas
Os sintomas de pólipo colorretal não costumam aparecer a menos que a estrutura tenha mais de 1 ou 2 centímetros ou seja canceroso. O sintoma mais comum é o sangramento retal – que pode, inclusive, ser invisível a olho nu e detectável apenas durante o exame de fezes.
Caso o pólipo colorretal seja grande e esteja bloqueando parte do cólon, pode causar sintomas como dor ou uma mudança nos hábitos intestinais. Estes sintomas, porém, são raros, uma vez que os pólipos geralmente são descobertos e retirados antes de crescer a ponto de criar problemas.
Sendo assim, os sintomas de pólipo colorretal incluem:
- Sangramento retal
- Mudança na cor das fezes
- Mucorreia (saída de muco com as fezes)
- Mudança nos hábitos intestinais
- Dor abdominal
- Náuseas e vômito
- Anemia ferropriva
Saiba mais: O que a coloração das fezes significa?
Diagnóstico
Como a maior parte dos pólipos colorretais não gera sintomas, exames de rotina são a única forma de detectá-los. Estes exames também compõem a prevenção contra o câncer colorretal.
De forma geral, o padrão-ouro (ou seja, a melhor opção de exame) para detectar pólipos colorretais é a colonoscopia. Neste procedimento, o paciente é sedado e uma cânula com uma câmera em uma das extremidades é inserida pelo reto de forma a revelar o interior do intestino
Fatores de risco
Pólipos colorretais são mais comuns em pessoas que têm certos hábitos e características genéticas. Sendo assim, fatores de risco para pólipo colorretal incluem:
- Idade acima de 50 anos
- Diagnóstico de colite ulcerativa, doença de Crohn ou outra condição inflamatória intestinal
- Histórico familiar de pólipos colorretais ou câncer de cólon
- Tabagismo
- Alcoolismo
- Obesidade
- Sedentarismo
- Etnia (afro-americanos são estatisticamente mais propensos a desenvolver câncer colorretal)
-
Diabetes tipo 2 que não está controlada
Distúrbios hereditários
Herdar mutações genéticas que favorecem o surgimento de pólipos e câncer colorretal também é possível. Distúrbios hereditários que causam pólipos no cólon e no reto incluem:
- Síndrome de Lynch (HNPCC)
- Polipose adenomatosa familiar
- Síndrome de Gardner
- Polipose associada ao MYH
- Síndrome da polipose serrilhada, entre outros menos comuns
Exames
A colonoscopia é o exame mais indicado para diagnosticar pólipos colorretais e câncer colorretal. Ainda assim, especialistas também podem requisitar um ou mais dos seguintes procedimentos para auxiliar ou possibilitar o diagnóstico:
- Retossigmoidoscopia
- Colonografia tomográfica computadorizada
- Teste de sangue oculto nas fezes
- Exame de fezes imunoquímico
- Exame de DNA fecal
Buscando ajuda médica
A indicação de buscar atendimento médico acontece quando o paciente apresenta um ou mais dos seguintes sintomas:
- Dor abdominal
- Sangue nas fezes
- Mudança duradoura nos hábitos intestinais (por mais de uma semana)
- Emagrecimento sem causa aparente
O rastreamento de pólipos, porém, não precisa aguardar o surgimento de sintomas. É preciso realizar exames regulares quando:
- Se tem mais de 50 anos de idade
- Há histórico familiar de câncer colorretal ou pólipos no intestino (algo que pode indicar a necessidade de fazer exames de rotina antes dos 50 anos)
Coloproctologistas e gastroenterologistas são os médicos mais indicados para consulta no caso de sintomas de pólipo ou câncer colorretal, mas, na presença de sintomas agudos, é recomendado buscar um pronto-socorro.
Tratamento
O tratamento para pólipo colorretal consiste na remoção desta estrutura e posterior análise para identificar os riscos de câncer. Não há medicações para tratar um pólipo colorretal, e os procedimentos médicos para pólipo colorretal são:
- Exame endoscópico (uma pinça ou laço de metal aprisiona o pólipo e o remove)
- Cirurgia minimamente invasiva (pólipos muito grandes podem pedir uma mucosectomia ou resseção endoscópica submucosa-ESD)
- Cirurgia (o diagnóstico de uma síndrome genética pode pedir a remoção do cólon e do reto a partir de cirurgias como retocolectomia ou proctocolectomia)
A partir da remoção de um pólipo colorretal, o tecido é enviado para análise. As características físicas do pólipo ajudam a estimar o risco de ele indicar câncer – mas apenas um exame patológico poderá indicar se ele é ou não maligno.
Após a retirada de um pólipo, é indicado fazer colonoscopias com uma frequência maior.
Prevenção
Nem sempre pólipos colorretais podem ser prevenidos. Ao remover um, é indicado aumentar a frequência dos exames preventivos – e, de forma geral, adotar ou abandonar certos hábitos também pode ajudar.
Sendo assim, a prevenção de pólipos colorretais (e, consequentemente, do câncer colorretal) inclui:
- Realização de exames regulares, especialmente após os 50 anos
- Busca de acompanhamento médico no caso de histórico de pólipos ou câncer na família
- Manejo correto de doenças de cólon e reto
- Atenção a alterações nos hábitos intestinais
- Alimentação equilibrada rica em fibras e pobre em embutidos, carne vermelha e outros ultraprocessados
- Controle do peso
- Prática de exercícios físicos
- Moderação no consumo de álcool
- Parar de fumar
Complicações possíveis
Ter pólipos no intestino é perigoso devido ao fato de que alguns deles podem evoluir para câncer colorretal. Nem todos o fazem ou têm potencial para isso, mas, ainda assim, existe a chance – e, por isso, é preciso removê-los.
Referências
Sociedade Brasileira de Coloproctologia
American College of Gastroenterology
University of Michigan