Médico especialista em urologia dedicado especialmente às doenças da próstata. Fernando Leão é um urologista certificado...
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O que é Próstata aumentada?
A hiperplasia benigna de próstata (HBP), também conhecida como hiperplasia prostática, é uma condição caracterizada pelo aumento da próstata. Esse órgão é responsável por produzir o fluido que, junto com os espermatozoides, constitui o sêmen.
O aumento da próstata acontece em quase todos os homens conforme eles envelhecem — e é um problema bastante comum após os 50 anos de idade. À medida que a glândula cresce, ela pressiona a uretra e causa problemas ao urinar e na bexiga também. É importante destacar que a hiperplasia prostática não é um câncer e não aumenta o risco de câncer de próstata.
Causas
A causa exata da hiperplasia prostática ainda é desconhecida, mas fatores relacionados ao envelhecimento e aos próprios testículos podem desempenhar um papel no crescimento dessa glândula — que é natural na maioria dos homens após certa idade. Em alguns casos, o crescimento é tanto que começa a bloquear a passagem da urina pela uretra.
Outra hipótese levantada pelos médicos para o crescimento da próstata são as mudanças no equilíbrio dos hormônios sexuais que acontecem nos homens com o passar dos anos.
“Alguns pacientes têm alterações de níveis de um substrato da testosterona, um hormônio chamado dihidrotestosterona. Esses pacientes com níveis diferenciados de dihidrotestosterona normalmente têm um crescimento benigno maior e mais acelerado da próstata comparado a outros”, explica Fernando Leão, urologista e cirurgião robótico do Hospital Israelita Albert Einstein.
Sintomas
O aumento da glândula da próstata tende a agravar-se gradualmente ao longo do tempo. Os sintomas de próstata aumentada incluem:
- Fluxo urinário fraco
- Dificuldade para urinar
- Retenção urinária
- Ardência ao urinar
- Sensação de peso no abdômen inferior
- Quadros de infecções urinárias de repetição
- Sangramento da urina
- Interromper o fluxo da urina quando já tiver iniciado
- Aumento da frequência de urinar à noite (noctúria)
- Necessidade de fazer esforço para urinar
- Não conseguir esvaziar completamente a bexiga.
Destaca-se que o tamanho da próstata não é um indicativo de que, necessariamente, os sintomas serão piores. Alguns homens com próstatas ligeiramente aumentadas podem apresentar sintomas significativos, enquanto que outros homens com próstatas muito aumentadas têm sintomas urinários pequenos.
Saiba mais: 7 sinais que indicam alterações da próstata
Diagnóstico
O diagnóstico de hiperplasia prostática é realizado através da anamnese, ou seja, da história clínica do paciente — suas queixas, sintomas e histórico familiar. Após isso, o médico realizará o exame retal digital para examinar a próstata. O exame físico muitas vezes basta para fazer o diagnóstico. Os seguintes exames, no entanto, também podem ser realizados:
- Taxa de fluxo de urina
- Exame de resíduo urinário para saber quanta urina permanece na bexiga depois de urinar
- Exames de fluxo de pressão para medir a pressão na bexiga conforme urina
- Exame de urina para verificar se há presença sangue ou infecção urinária
- Cultura de urina para verificar se há infecção
- Exame de PSA (antígeno prostático específico) para detectar câncer de próstata
- Cistoscopia.
Saiba mais: Consultas rotineiras ao urologista ajudam a rastrear câncer de próstata e outras doenças
Além disso, o paciente pode ser questionado a respeito da gravidade dos sintomas e o impacto deles em sua vida diária. A pontuação pode ser comparada com registros anteriores para determinar se a doença está sendo agravada ou não.
Fatores de risco
A idade e o componente genético são os principais fatores de risco estabelecidos para a hiperplasia prostática. Com o envelhecimento, a glândula tende a crescer devido às alterações hormonais do homem. O aumento da glândula da próstata raramente causa sintomas em homens com menos de 40 anos.
Outros fatores de risco da hiperplasia prostática incluem:
- Ter diabetes ou doenças cardíacas
- Histórico familiar ou problemas na próstata
- Ter mais de 50 anos
- Obesidade
O aumento da glândula da próstata raramente causa sinais e sintomas em homens com menos de 40 anos. Por volta dos 55, cerca de um em cada quatro homens têm alguns sinais e sintomas da próstata aumentada. Aos 75, cerca de metade dos homens relatam alguns sintomas relacionados ao problema.
Tratamento
O tratamento da hiperplasia prostática se baseia na gravidade dos sintomas, na dimensão do impacto em sua vida diária e na presença de qualquer outra eventual doença. As opções de tratamento abrangem espera vigilante, mudanças no estilo de vida, medicação — e, se necessário, cirurgia. Caso o paciente tenha sintomas leves a moderados, a hiperplasia prostática pode ser tratada com medicamentos.
“Esses medicamentos vão promover esse relaxamento da compressão da próstata sob a uretra, fazendo com que a próstata não comprima tanto a uretra e com isso facilite a passagem da urina”, explica Leão. Desse modo, o paciente volta a ter um fluxo urinário melhor e um esvaziamento adequado da bexiga.
Porém, caso o paciente apresente um quadro avançado de hiperplasia, ou na falência do tratamento à base de medicamentos, a cirurgia é o tratamento mais indicado para o problema. Os quadros mais graves, segundo Leão, se apresentam quando há retenção urinária e a bexiga está muito machucada devido aos esforços de conseguir esvaziar a bexiga.
Outros sintomas mais sérios que necessitam de cirurgia são:
- Incontinência urinária
- Sangue recorrente na urina
- Incapacidade de esvaziar completamente a bexiga (retenção urinária)
- Infecções recorrentes no trato urinário
- Insuficiência renal
- Cálculos vesicais.
Medicamentos para hiperplasia prostática
Os bloqueadores alfa 1 são um tipo de medicamento usado para tratar a pressão arterial alta. Esses medicamentos relaxam os músculos da próstata e do colo da bexiga, o que facilita na hora de urinar. A maioria das pessoas tratadas com medicamentos bloqueadores alfa 1 percebem melhora dos sintomas.
A finasterida e a dutasterida diminuem os níveis dos hormônios produzidos pela próstata e o tamanho da glândula prostática, aumentam a taxa do fluxo de urina e diminuem os sintomas. O paciente pode levar de três a seis meses para notar uma grande melhora em seus sintomas. Os potenciais efeitos colaterais relacionados ao uso da finasterida e da dutasterida incluem diminuição do desejo sexual e impotência.
Podem ser prescritos antibióticos para tratar a prostatite crônica (inflamação da próstata), que pode eventualmente acompanhar a próstata aumentada.
Cirurgia de hiperplasia prostática
Com o tratamento cirúrgico, alguns fatores devem ser levados em consideração, como idade do paciente, status de saúde e tamanho da próstata. A presença de doenças preexistentes também deve ser avaliada no momento de indicar o melhor procedimento para o paciente. Segundo Fernando, os principais incluem:
- Cirurgia aberta: é feito um corte abaixo do umbigo, onde abre-se a bexiga e retira-se a parte central da próstata
- Cirurgia robótica: é uma técnica sem cortes, minimamente invasiva e menos agressiva, realizada por um sistema robótico
- RTU: cirurgia em que é realizada a raspagem da próstata, uma ressecção feita normalmente por um bisturi elétrico
- Greenlight: é uma cirurgia feita a laser, menos agressiva e de recuperação mais rápida, indicada para tratar pacientes de alto risco
Tem cura?
A próstata aumentada pode ser curada através do tratamento com medicamentos ou cirurgia. Quando realizado de forma adequada, o tratamento é bem sucedido e o paciente apresenta melhora nas taxas de fluxo de urina e nos demais sintomas da hiperplasia prostática. O tempo de recuperação depende do tipo de tratamento utilizado.
Prevenção
Não há como prevenir o problema da próstata aumentada, já que ela é uma condição ligada a questões genéticas e não está ligada aos hábitos externos de cada paciente. Porém, conforme ressalta Fernando, é possível prevenir as complicações da doença, mantendo consultas regulares com o médico urologista.
Convivendo (Prognóstico)
Fazer algumas mudanças no estilo de vida muitas vezes pode ajudar a controlar os sintomas da próstata aumentada e impedir o seu agravamento, como:
- Limite o consumo de bebidas à noite: não beber nada durante uma ou duas horas antes de dormir ajuda a evitar despertar durante a noite para ir ao banheiro
- Não beba muita cafeína ou álcool: estes podem aumentar a produção de urina, irritar a bexiga e piorar os sintomas
- Se você tomar diuréticos, fale com o médico: o médico pode receitar uma dose mais baixa, ou limitar a ingestão apenas na parte da manhã. Isso pode ajudar a aliviar os sintomas urinários. Não pare de tomar diuréticos sem primeiro falar com o médico
- Limite descongestionantes ou anti-histamínicos: estas drogas pressionam músculos ao redor da uretra, que controlam o fluxo de urina, o que torna mais difícil para urinar
- Vá ao banheiro quando sentir vontade: tente urinar quando você sentir necessidade. Esperar muito tempo para urinar pode esticar o músculo da bexiga e causar danos
- Vá sempre ao banheiro, mesmo sem vontade: tente urinar em horários regulares para "treinar" a bexiga. Isso pode ser feito a cada quatro a seis horas durante o dia e pode ser especialmente útil se você tiver vontade de urinar frequentemente
- Mantenha-se ativo: a inatividade faz com que você retenha urina. Mesmo uma pequena quantidade de exercício pode ajudar a reduzir os problemas urinários causados pelo aumento da próstata
- Mantenha-se aquecido: temperaturas mais frias podem causar retenção de urina e aumentar a sua urgência para urinar.
Complicações possíveis
Se não for tratada, próstata aumentada pode levar a problemas de saúde mais graves, como:
- Infecção urinária
- Formação de cálculo na bexiga
- Piora na qualidade do sono
- Função renal reduzida
- Retenção urinária aguda
- Lesões permanentes à bexiga e aos rins.
Fernando cita um possível quadro de insuficiência renal aguda decorrente do crescimento da próstata. “Como ele não tem esvaziamento completo, essa urina acaba se infectando na bexiga e trazendo até comprometimento para os rins, e o que vai acontecer é evoluir com uma insuficiência renal aguda”.
Referências
Ministério da Saúde
Manual Merck
Mayo Clinic
Fernando Leão, urologista e Cirurgião Robótico do Hospital Israelita Albert Einstein Goiânia e São Paulo. CRM: 9517 - SP