Possui graduação em Medicina pela Universidade Federal do Paraná (2004). Concluiu no ano de 2008 a Residência em Clínica...
iManuela Pagan é jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero (2014) e em fisioterapia pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (2008).
iO que é Resistência à insulina?
A resistência à insulina, ou resistência insulínica, é uma situação em que há um desequilíbrio entre a quantidade de insulina produzida pelo pâncreas e o real funcionamento desta substância no corpo.
Para simplificar, em uma pessoa sem essa resistência, é como se uma molécula de insulina tivesse a capacidade de colocar uma molécula de glicose dentro da célula, porém, na pessoa com resistência, será necessário duas ou mais moléculas de insulina para realizar o mesmo trabalho. No organismo, a conta não é exatamente essa, mas a perda de funcionamento de insulina ocorre de forma bem semelhante quando essa resistência aparece. Em outras palavras, é preciso uma quantidade maior de insulina para ajustar a glicose no corpo.
Causas
A principal causa da resistência à insulina é o ganho de peso. Com o ganho de peso e o aumento do tecido adiposo (gordura no corpo), há maior necessidade do pâncreas produzir insulina e, com isso, o ciclo da resistência insulínica se inicia.
Quanto mais insulina é produzida, mais as células tendem a se proteger do excesso dela, e mais aumenta a resistência. Em determinado momento, o pâncreas não consegue produzir mais insulina, e é nesse ponto que os níveis de açúcar no sangue começam a ficar elevados e o diabetes tipo 2 pode surgir.
Outras condições também podem levar à resistência insulínica ou serem consequência dela, como:
- gestação;
- síndrome metabólica;
- hipertensão arterial;
- colesterol elevado;
- síndrome do ovário policístico;
- esteato-hepatite não alcoólica (esteatose hepática, mais conhecida como gordura no fígado).
Sinais
Geralmente a resistência à insulina não tem sintomas, ou seja, é assintomática, porém, se está associada com outras causas, pode apresentar alguns sinais.
Se está associada com a síndrome do ovário policístico, por exemplo, a resistência insulínica pode se apresentar como a Síndrome Hair-an, que é caracterizada por:
- Aumento de pelos pelo corpo;
- Acne e oleosidade na pele;
- Menstruação irregular;
- Escurecimento da pele em regiões de dobras de braço, axilas e pescoço, chamado de acantose nigricans.
Porém, a acantose nigricans não é um achado restrito da síndrome Hair-an, ela pode ser vista em casos de resistência insulínica sem associação com ovário policístico.
Outro achado bastante comum é a presença de pequenas protuberâncias de pele, chamadas de acrocórdons, vistas mais comumente em axilas e na região posterior do pescoço. Elas são frequentemente confundidas com pequenas verrugas, mas, na verdade, são pequenas estruturas formadas pelo crescimento da pele em excesso, ocasionadas pela resistência insulínica.
Diferença entre resistência à insulina e pré-diabetes
Muitas pessoas confundem a resistência à insulina com o pré-diabetes. Os quadros são diferentes, mas têm relação entre si, sendo que o progresso dos níveis de resistência pode levar ao pré-diabetes ou até mesmo ao diabetes. O pré-diabetes é um quadro em que os níveis de glicemia, além de insulina, estão começando a ficar elevados.
Diagnóstico
Mas, então, como saber se tenho resistência à insulina? O diagnóstico dessa condição é relativamente simples e se dá, principalmente, por meio da realização de exames de sangue.
Fatores de risco
O maior fator de risco para resistência insulínica é a obesidade. Com o ganho de peso, há o aumento do tecido adiposo, o que faz com que o pâncreas tenha necessidade de produzir insulina e, com isso, o ciclo da resistência se inicie.
Exames
Os exames que detectam a resistência à insulina são feitos por meio do sangue do paciente. São eles:
O HOMA-IR consiste em uma fórmula padronizada que calcula o nível de resistência insulínica de uma pessoa a partir dos valores de glicemia, insulina e uma constante.
Um outro teste bastante usado é o teste oral de tolerância à glicose, que vai nos mostrar a resposta do pâncreas em produzir insulina a partir da sobrecarga com glicose. Nele, a pessoa recebe uma quantidade predeterminada de glicose e são dosados os níveis de glicemia e também se será necessário insulina em tempos predeterminados após a ingestão da glicose.
Muitas vezes os pacientes com resistência insulínica podem apresentar esteatose hepática – vista no exame de ultrassom de abdômen, por exemplo, e também aumento no nível dos triglicérides no sangue.
Buscando ajuda médica
Como a resistência à insulina é geralmente identificada nos exames laboratoriais de rotina, e também nos casos em que há suspeita clínica, provavelmente o médico que pediu os exames continuará acompanhando o caso.
Além disso, em pacientes que estão com sobrepeso e obesidade, ou que apresentam alterações de colesterol, pressão alta e nos casos de gestantes com alterações de glicemia, a resistência insulínica deve ser sempre pesquisada e acompanhada. De forma geral, o endocrinologista é o médico indicado a cuidar dos casos de resistência insulínica.
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Tratamento
Sobre como tratar a resistência à insulina, a principal forma é com mudanças no estilo de vida. Para isso, vai ser importante:
- mudar a alimentação;
- atentar-se ao peso corporal;
- praticar atividades físicas;
- usar alguns medicamentos específicos, se for indicado pelo médico, como é o caso da metformina.
Saiba mais: Berberina ajuda a reduzir a resistência à insulina! Veja como
Alimentos para quem tem resistência à insulina
Normalmente, um cardápio para quem tem resistência à insulina inclui alimentos que fornecem açúcar mais lentamente ao corpo, como pão integral, arroz integral, vegetais, como brócolis ou cenoura, entre outros.
Frutas ricas em fibras, vegetais e carnes magras também são alimentos indicados.
O que uma pessoa com resistência à insulina não pode comer?
Já com relação aos alimentos que não são indicados, temos aqueles que fornecem açúcar rapidamente para a corrente sanguínea, como pães brancos, batatas e açúcar refinado.
Ultraprocessados, bebidas alcoólicas, embutidos, refrigerantes e chocolates também não devem ser consumidos.
Saiba mais: Consumo excessivo de pão branco é equivalente a ingerir glicose
Cuidado com o peso e prática de exercícios físicos
Além da melhora na alimentação, deve-se evitar o ganho de peso ou, se necessário, buscar manter o peso dentro do índice de massa corporal (IMC) adequado, que é entre 18,5 e 25 kg/m2.
A prática de atividades físicas também é essencial para o controle da resistência insulínica. As células musculares são grandes utilizadoras da glicose no sangue e, quando fazemos exercícios, essas células absorvem a glicose muitas vezes, até sem precisar de insulina.
Quando o músculo fica em repouso, ele precisa de uma quantidade menor de glicose e passa a depender da insulina para absorvê-la. Com menos atividade física, gera-se um ciclo vicioso que vai fazer com que a célula muscular precise cada vez mais de insulina.
Medicamentos
Em alguns casos, há possibilidade do uso de medicamentos para melhorar o funcionamento da glicose no organismo e também para o controle do peso. A avaliação médica será fundamental para definir qual o tratamento mais adequado caso a caso.
Metformina para resistência à insulina é indicado?
Caso o médico prescreva, sim, a metformina é um medicamento que tem indicação para o tratamento da resistência à insulina, assim como para outras condições associadas, como o próprio diabetes.
Prevenção
A prevenção da resistência insulínica se dá, principalmente, por meio da adoção de hábitos saudáveis, como uma alimentação equilibrada, com substituição de alimentos que fornecem açúcar rapidamente para a corrente sanguínea - como os pães brancos, batatas e açúcar refinado - por comidas que não se transformam rapidamente em açúcar, como alimentos integrais, vegetais como brócolis e cenoura, entre outros.
Além disso, a prática de exercícios também é fundamental, uma vez que as células musculares são grandes utilizadoras da glicose no sangue.
Complicações possíveis
O principal perigo da insulina alta é ter como complicação o desenvolvimento do diabetes. Além disso, a resistência insulínica pode estar associada a uma série de outras condições médicas, como síndrome dos ovários policísticos, esteatose hepática e aterosclerose. Dessa forma, o paciente com resistência deve ser avaliado globalmente.
Referências
Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia