Médica ginecologista e obstetra com especialização em medicina fetal pela Escola Paulista de Medicina - Universidade Fed...
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O que é Rubéola na gravidez?
A rubéola é uma infecção viral causada pelo Rubella Vírus e que pode acometer adultos e crianças de qualquer faixa etária, sendo que raramente provoca complicações. No entanto, quando o vírus é adquirido durante a gravidez, pode atingir a placenta pela circulação sanguínea materna e prejudicar o desenvolvimento do bebê — resultando na Síndrome da Rubéola Congênita.
O principal sintoma da infecção é o surgimento de erupções vermelhas no rosto, que se espalham por tronco, braços e pernas. Dor de cabeça, febre e perda de apetite são outros sinais que podem ser recorrentes.
Causas
Como a rubéola na gravidez é transmitida?
A rubéola é transmitida de pessoa para pessoa por meio das secreções expelidas ao falar, tossir, respirar ou espirrar — e ocorre quando a mãe não está protegida pela vacina. Quando a gestante é infectada pelo vírus, ele atravessa a barreira placentária e se dissemina-se nos tecidos fetais. Porém, o efeito do vírus no bebê depende do momento da infecção: quanto mais próximo da concepção, maior é o dano produzido.
De acordo com Patrícia Consorte, pediatra e especialista em nutrição materno-infantil, quando a mãe contrai o vírus no primeiro trimestre de gestação, o risco de malformação do bebê é maior, cerca de 80% a 90%. No segundo trimestre, o risco é de 54%. Já no último trimestre, o risco é menor, 25%. Porém, é também o período de maior risco de parto prematuro pelo vírus.
Sintomas
O principal sintoma da rubéola na gravidez é o surgimento de manchas vermelhas na pele, que aparecem primeiramente no rosto e depois se espalham por tronco, braços e pernas. A gestante também pode apresentar sintomas semelhantes a uma gripe, como:
- Dor de cabeça
- Dor nas articulações
- Febre
- Perda de apetite
- Congestão nasal
- Gânglios ou ínguas inchadas
O período de incubação médio do vírus (tempo em que os primeiros sinais levam para se manifestar desde a infecção) é de 17 dias, variando de 14 a 21 dias.
Diagnóstico
O diagnóstico da rubéola na gravidez é verificado através da coleta sanguínea de imunoglobulinas específicas para a rubéola (sorologia IgM e IgG), segundo Tatiane Boute, ginecologista e obstetra do Fleury Medicina e Saúde.
Uma vez suspeitada a infecção materna, a especialista explica que é necessário pesquisar o comprometimento fetal. Isso pode ser feito pela pesquisa direta do vírus de forma mais invasiva ou pela constatação de alterações ultrassonográficas compatíveis com a Síndrome da Rubéola Congênita.
Tratamento
Não existe tratamento específico para rubéola na gravidez ou para a infecção fetal. Durante esse período, podem ser usados medicamentos para auxiliar no controle dos sintomas e, quando diagnosticadas com comprometimento fetal pelo vírus da rubéola, devem ser acompanhadas em serviço especializado de Medicina Fetal.
Após o nascimento do bebê, o tratamento é voltado para as malformações congênitas causadas pela síndrome, de acordo com as deficiências apresentadas.
A gestante com rubéola pode tomar a vacina?
O Ministério da Saúde recomenda que a gestante não seja imunizada. Algumas vacinas, particularmente aquelas que contêm bactérias ou vírus vivos ou atenuados, como é o caso da tríplice viral, são contraindicadas devido a um risco teórico de infecção fetal.
Por isso, a orientação para aquelas mulheres em idade fértil é de que, após receberem as vacinas, esperem pelo menos 28 dias para iniciarem as tentativas de gestação, segundo Tatiane.
Cuidados
Na suspeita de infecção por rubéola, gestantes devem procurar um médico para realizar o seguimento laboratorial de investigação da infecção e os exames de avaliação fetal. O acompanhamento pré-natal é primordial para a detecção precoce da doença e da infecção fetal. Também é importante evitar o contato com outras pessoas, especialmente outras gestantes e com pessoas que não foram imunizadas.
Durante o período, é importante adotar alguns cuidados para não piorar o quadro, como repouso, uso de medicamentos prescritos pelo médico para aliviar possíveis desconfortos e consumo de, ao menos, dois litros de água por dia.
Prevenção
A vacina tríplice viral, que oferece imunidade para sarampo, rubéola e caxumba, é a única maneira de prevenir a Síndrome da Rubéola Congênita e está disponível em todo o Brasil pelo Sistema Único de Saúde (SUS). “Toda mulher que é suscetível (que nunca teve a doença e nunca foi vacinada) deve tomar a vacina antes de engravidar, na fase de planejamento”, aponta Tatiane.
O esquema vacinal vigente é de uma dose da vacina entre os 12 meses e 15 meses de idade e a segunda dose de reforço entre quatro e seis anos. Mulheres em idade fértil que não receberam a vacina anteriormente devem receber uma dose do imunizante.
Complicações possíveis
Riscos da rubéola para o bebê
A rubéola é uma infecção grave quando transmitida para o bebê durante a gravidez, porque o vírus, ao ultrapassar a barreira da placenta, invade os tecidos fetais e pode comprometer alguns órgãos — causando malformações no feto. A condição, conhecida como Síndrome da Rubéola Congênita, pode resultar em:
- Cardiopatias congênitas
- Microcefalia
- Alterações cerebrais
- Restrição de crescimento intrauterino
- Hepatoesplenomegalia
- Calcificações abdominais
- Ascite
- Surdez
- Catarata
- Glaucoma
- Retinopatia
- Diabetes
Referências
Manual MSD
Ministério da Saúde
Fiocruz