Médico formado pela Universidade de São Paulo (USP), é Especialista em Ortopedia e Traumatologia, Cirurgia da Mão, Medic...
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iMédico ortopedista formado pela Santa Casa de São Paulo, com especialização em cirurgia do joelho; médico colaborador do...
iO que é Tendinite?
A tendinite é uma inflamação ou lesão do tendão, fibra responsável por unir o músculo ao osso, como uma corda. Essa condição provoca dor e inchaço na região, podendo afetar qualquer parte do corpo – porém, são mais frequentes as tendinites no ombro, no pulso, no joelho e no tornozelo.
Os tendões ajudam a controlar e a transmitir a força dos músculos, o que torna capaz a movimentação dos ossos. Dessa forma, a tendinite pode dificultar e, até mesmo, impossibilitar a movimentação.
Causas
Embora as lesões ou inflamações possam ocorrer quando os tendões enfraquecem (tendinopatia), resultado de pequenas rupturas ao longo do tempo, a causa da tendinite é desconhecida. A doença costuma surgir na meia idade e em pessoas jovens que se exercitam de forma intensa ou que executam tarefas repetitivas.
Diferença entre bursite e tendinite
A bursite e a tendinite costumam ser confundidas, mas João Hollanda, ortopedista com especialização em cirurgia do joelho e médico da Seleção Brasileira de Futebol Feminino, explica que são doenças distintas.
A confusão ocorre porque a bursite é a inflamação das bursas, estruturas que estão muito próximas aos tendões, e apresenta sintomas parecidos com a tendinite. Para diferenciar, são necessários exames físicos e de imagem. Por vezes, pode acontecer de uma tendinite levar à bursite e vice-versa.
Tipos
Os principais tipos de tendinite são:
Tendinite no ombro (tendinite do manguito rotador)
A tendinite no ombro é a inflamação do tendão do ombro, que causa dores intensas, sensibilidade ao toque e dificuldade nos movimentos por conta da articulação rígida.
Costuma ser mais comum em pessoas que praticam esportes como musculação, tênis, natação, vôlei, handebol, basquete e crossfit. Não à toa a tendinite do manguito rotador é chamada também de "ombro de tenista". Em alguns casos, requer imobilização com tipoia para total recuperação e fisioterapia.
Saiba mais: Tendinite no ombro: cuidados necessários após o tratamento
Tendinite na mão
Esta lesão acomete as "costas das mãos" (dorso), levando a formigamentos, inchaço e ardência. Por vezes, pode gerar um incômodo como se um elástico estivesse sendo esticado ao máximo.
É mais habitual em trabalhadores que costumam se ocupar de trabalhos braçais e repetitivos, como digitadores, faxineiras, pedreiros e artistas visuais.
Tendinite no joelho (tendinite patelar)
A tendinite patelar é a inflamação da patela, uma das estruturas que formam o joelho. Também denominada "tendinite no joelho", ela costuma acometer indivíduos que forçam o joelho com saltos e corridas constantes, como ao jogar futebol, vôlei, basquete e praticar crossfit e corrida.
Porém, a tendinite patelar costuma ser ainda mais comum em pessoas com sobrepeso e obesidade e/ou sedentárias devido à sobrecarga do peso nos joelhos, que geralmente não estão fortes o bastante para aguentar tal carga. Em casos graves, é necessária a cirurgia.
Quem tem pé chato (plano) e quadris largos (como algumas mulheres) tem maior risco de desenvolver tendinite patelar devido ao desalinhamento dos membros inferiores com os joelhos.
Tendinite no pé (tendinite de Aquiles)
A tendinite no pé é conhecida como tendinite de Aquiles ou tendinite do calcâneo. É uma lesão inflamatória que acomete o tendão de Aquiles, ou seja, o tendão que interliga o calcanhar à panturrilha.
A dor costuma ser notada principalmente ao andar e levantar, pois são movimentos que forçam a região afetada.
Este tipo de tendinite pode acontecer pelo uso frequente de calçados sem elevação do calcanhar ou inadequados, além de fraqueza dos músculos da panturrilha ou excesso de carga em treinos (como musculação).
Vale ressaltar que a elevação do calcanhar não implica, necessariamente, em uso de salto alto, mas de sapatos que apresentam alguma plataforma que impeça com que o pé fique totalmente plano no chão. Uma dica é usar tênis macios e com amortecimento.
Pessoas com artrite reumatoide ou que sofreram lesões esportivas, como fraturas e entorses, costumam ter maiores riscos de tendinite no pé.
Tendinite no pulso (tendinite no punho)
A tendinite no pulso, chamada também de tendinite no punho, se trata de uma inflamação que causa dormência, formigamento e rigidez no punho, além de dor ao movimentá-lo.
Essa lesão tende a ser mais frequente em pessoas que fazem atividades repetitivas e manuais, como aquelas que passam o dia digitando. Assim, é classificada como uma lesão por esforço repetitivo (LER).
Tendinite no braço
A tendinite no braço é uma inflamação que, assim como a tendinite no pulso, costuma aparecer devido a esforços repetitivos. Algumas atividades que tornam essa lesão comum envolvem tocar instrumentos musicais, cozinhar, lavar roupa e limpar a casa por horas. Pode resultar em dificuldades para movimentar o braço, principalmente para cima, fraqueza e dificuldade em segurar itens pesados.
Tendinite de Quervain (tendinite no polegar)
A tendinite de Quervain é uma inflamação que afeta o tendão que liga o polegar ao punho. Acredita-se que esse tipo de tendinite esteja associado a manter a mesma posição por tempo prolongado, esforços repetitivos, sobrecarga e falta de alongamento. Na maioria dos casos, é unilateral, afetando somente uma das mãos.
Tendinite no quadril
A tendinite no quadril é o inchaço do tendão que interliga os músculos aos ossos do quadril. Provoca dores intensas que podem se estender para as pernas, dificultando movimentos e resultando em câimbras constantes. Similar aos demais tipos de tendinite, a tendinite no quadril normalmente tem origem em esforços repetitivos daquela determinada região do corpo.
Tendinite calcárea
A tendinite calcárea é uma tendinite no ombro decorrente do depósito de cálcio no tendão, podendo reduzir a vascularização, dando brecha ao acúmulo de cálcio. Os primeiros sintomas são dores leves e desconforto na região. Se não tratada, ela pode levar a dores intensas e perda de mobilidade.
Tendinite no cotovelo (epicondilite lateral ou epicondilite medial)
A tendinite no cotovelo é denominada como "epicondilite" (ou, popularmente, "cotovelo de tenista"), causando dores fortes ao movimentar o braço. Apesar de ter origem no cotovelo, pode resultar em fraqueza de todo o braço até o pulso.
A epicondilite, portanto, pode ser dividida em duas categorias:
- Epicondilite lateral: dor sentida no osso próximo ao lado externo do cotovelo
- Epicondilite medial: dor sentida no osso do lado interno do cotovelo
A epicondilite medial costuma ser uma dor mais aguda do que a lateral, especialmente quando o paciente tenta pegar algum objeto ou se alongar.
Sintomas
Os sintomas de tendinite mais comuns são:
- Dor local, que pode irradiar para toda musculatura ao redor
- Fadiga
- Perda de força
- Fisgadas e dores ao se movimentar
- Inchaço
- Calor
- Vermelhidão
- Formigamento
- Perda da mobilidade
- Atrofia muscular
Diagnóstico
O diagnóstico de tendinite geralmente é feito por meio da história que o paciente conta ao médico e pelo exame físico. O profissional buscará por sinais de dor e sensibilidade nos locais indicados pelo paciente. Existem testes físicos específicos para cada tipo de tendão.
Pode ser, no entanto, que o médico solicite algum exame de imagem que julgar apropriado para certificar-se do diagnóstico, avaliar o grau de inflamação e, também, para eliminar outras possíveis causas de dor.
É comum a dúvida sobre qual o exame mais indicado para descobrir a tendinite. De acordo com o fisioterapeuta Fabiano Fonseca, o método mais usado para o diagnóstico de tendinite é o exame físico. Com isso, o médico poderá checar se o problema é tendinite, lesão muscular ou lesão articular.
Para o diagnóstico de tendinite, os exames de imagem são complementares. Os mais frequentes são a ultrassonografia e a ressonância nuclear magnética.
Tratamento
Como tratar a tendinite?
Além do uso de anti-inflamatórios, como Ibuprofeno, Naproxeno, Paracetamol, Cataflan, Voltaren e Calminex, para aliviar os sintomas da tendinite é recomendado:
- Repousar e evitar movimentos do local afetado (o tratamento para tendinite no ombro, neste caso, pode ser feito com tipoia e, no punho, com tala)
- Fazer compressas
- Realizar acupuntura
- Fazer fisioterapia para analgesia (ultrassom, laser, massagem miofascial)
O tempo de repouso deve ser determinado pelo médico – períodos de repouso prolongados podem acarretar aderências e atrofia muscular e são prejudiciais.
Há ainda quem se pergunte sobre qual a compressa mais indicada para tendinite. Segundo o fisioterapeuta Marcel Tomonori Sera, o ideal é fazer compressa de gelo para casos agudos (recentes) e compressa de água quente para casos crônicos (já existem há semanas).
Em alguns casos, quando os tratamentos tradicionais falharem, pode ser necessário realizar um procedimento cirúrgico.
A cirurgia para tendinite é focada em descomprimir um tendão apertado, liberar aderências, limpar inflamações ao redor do tendão, ressecar fibrose ou calcificação dentro do tendão, além de costurá-lo para corrigir uma lesão.
Tem cura?
A tendinite tem cura quando tratada de forma correta e nos estágios iniciais. O que precisa ser acompanhada é a ocorrência de processos inflamatórios recorrentes, pois eles podem causar danos irreversíveis ao local lesionado. Nesses casos, costumam ser indicados tratamentos mais invasivos, como a cirurgia.
Prevenção
As principais medidas capazes de prevenir tendinite consistem em:
- Evitar movimentos repetitivos
- Alongar-se durante o dia
- Praticar exercícios físicos regularmente
- Não exceder a intensidade ou peso durante os exercícios
- Nunca esquecer de alongar antes e depois de exercícios físicos
- Prestar atenção na postura
Assim, a prevenção da tendinite é focada em "fortalecer o tendão e corrigir o movimento durante a prática esportiva, ou seja, melhorar a técnica esportiva", afirma o ortopedista João Hollanda.
Saiba mais: Adote estes 6 cuidados durante os exercícios para evitar tendinite
Convivendo (Prognóstico)
No repouso, durante a recuperação, pode-se utilizar uma tala ou um suporte removível. A aplicação de calor ou frio na área afetada também pode ajudar, bem como fisioterapia e acupuntura. Além disso, é importante sempre manter elevado o local de inflamação para reduzir a vermelhidão e o suor nas áreas afetadas.
Apesar de o repouso ser uma das medidas mais recomendadas pelos médicos, passar muito tempo sem exercitar o local de inflamação pode agravar a tendinite. Por isso, é importante manter o repouso no início do tratamento, mas, depois, procure acrescentar alguns exercícios leves à rotina para alongar e fortalecer o músculo, evitando atrofia.
A duração de uma tendinite pode variar a depender de cada caso. No geral, em casos mais leves, pode durar de alguns dias a seis semanas. Já em situações mais graves, pode durar até nove meses.
Complicações possíveis
A tendinite pode ser aguda (história de dor recente, até 45 dias) ou, se não tratada, tornar-se um problema crônico. Sem o tratamento adequado, a tendinite pode levar a problemas mais graves, como a ruptura do tendão, que pode exigir uma cirurgia para reparação dos danos. Pode resultar, também, em outras lesões e na recorrência de tendinite.
Referências
Ministério da Saúde
Sociedade Brasileira de Ortopedia