Corticoide: o que é, pra que serve e se engorda

O que é Corticoide?

Os corticoides são medicamentos de ação anti-inflamatória e imunossupressora usados para reduzir inflamações e, em algumas situações, suprimir os mecanismos de defesa do corpo, ações necessárias em transplantes e em enxertos, por exemplo. 

O medicamento é confeccionado a partir do cortisol, hormônio produzido nas glândulas suprarrenais, sendo um hormônio sintético. Ou seja, não atua apenas onde está o problema, podendo alterar o funcionamento de todo o organismo

Para que serve o corticoide?

Os corticoides servem para o tratamento de diferentes doenças de origem inflamatória, alérgica ou imunológica, como:

• Asma
• Esclerose múltipla
• Alergias (principalmente anafilaxias)
• Hepatite autoimune
• Herpes Zoster
• Lúpus
• COVID-19 grave
• Artrite reumatoide
• Leucemia e linfoma
• Púrpura trombocitopênica idiopática (PTI)
• Mieloma múltiplo
• Edema cerebral
• Gota
• Sarcoidose
• Rinite alérgica
• Vitiligo
• Psoríase
• Granulomatose de Wegener
• Doença inflamatória intestinal
• Vasculite
• Doença de Addison (insuficiência adrenal)
• Doenças de pele de origem inflamatória ou autoimune
• Transplante de órgãos
• Urticária

Corticoide engorda?

Sim, o corticoide engorda. Mas não é algo muito notável se usado por pouco tempo e os efeitos costumam desaparecer uma vez que a pessoa termina o tratamento. O corticoide engorda por algumas razões, dentre elas: ele aumenta o apetite, proporciona retenção de líquido, causa a redistribuição e acúmulo de gordura no corpo

Saiba mais: Fique atento para as principais causas de imunidade baixa

Tipos

É possível encontrar diferentes tipos de corticoides, sendo os principais:

• Corticoide tópico: creme, loção, gel ou corticoide em pomada usado para tratar reações alérgicas ou doenças na pele, como urticária, dermatites e eczema
• Corticoide oral: comprimidos ou soluções orais, como prednisona, usados no tratamento de doenças crônicas inflamatórias endócrinas, musculares, ósseas, alérgicas, dermatológicas, entre outras
• Corticoide injetável: é aplicado na veia para o tratamento de doenças osteomusculares, ou seja, que afetam ossos e músculos
• Corticoide nasal: spray usado no tratamento de asma, rinite alérgica e de outras alergias respiratórias
• Corticoide oftálmico (colírio): corticoide em colírios que pode ser usado para tratar conjuntivite ou uveíte, por exemplo, reduzindo a irritação e a vermelhidão

Contraindicações

Os corticoides não possuem contraindicação absoluta, mas devem ser usados apenas sob orientação médica. Pessoas com diabetes, hipertensão, osteoporose ou que estão na menopausa devem ser mais cuidadosas com estes medicamentos, uma vez que eles costumam alterar a glicemia e a pressão arterial e estão relacionados a uma propensão de aumento da fragilidade óssea.

Crianças também devem ser monitoradas e os medicamentos apenas usados em casos de necessidade, uma vez que o seu uso por longos períodos pode causar um prejuízo no desenvolvimento muscular e esquelético. Em idosos também é preciso avaliar como está o metabolismo antes de prescrever corticoides.

Em suma, para que o corticoide seja indicado, principalmente nestes casos mais críticos, é preciso que os seus benefícios superem os possíveis riscos. Quando se tem doenças crônicas, o uso prolongado, no geral, não é indicado.

Corticoide e pílula anticoncepcional

Os corticoides interferem no funcionamento da pílula anticoncepcional hormonal. Portanto, se faz uso deste método, consulte o seu médico.

Saiba mais: Saiba quais remédios não tomar em caso de suspeita de dengue

Considerações

Efeitos colaterais do corticoide

Os efeitos colaterais dos corticoides são mais comuns em casos de uso prolongado e incluem:

• Cansaço
• Aumento dos níveis de açúcar no sangue
• Diminuição das defesas corporais
• Agitação
• Insônia
• Aumento do colesterol
• Aumento do triglicerídeos
• Dor de cabeça
• Glaucoma

Reações adversas comuns durante o uso de corticoide

São várias as reações adversas dos corticoides, sendo que a sua gravidade e a sua intensidade normalmente estão relacionadas a dosagens grandes ou maior tempo de uso. Dentre os mais comuns e que aparecem logo nos primeiros dias de tratamento estão:

• Rubor facial
• Aumento da pressão arterial
• Aumento da taxa de glicemia
• Edemas (retenção de líquidos)

Quando usado por períodos um pouco maiores, o corticoide começa a degradar algumas proteínas no organismo, o que leva à perda de massa muscular, à redistribuição da gordura corporal (fica concentrada em áreas como rosto, abdômen e no dorso), à diminuição da imunidade e a estrias na pele que costumam ser bem grandes e arroxeadas.

Nestas condições ele também pode favorecer a catarata, aumentar a fragilidade óssea e a propensão de desenvolver osteoporose — ainda mais se ministrado em pacientes com outros fatores de risco, como mulheres na menopausa. Mesmo os corticoides de uso tópico podem oferecer riscos, principalmente se há cortes no local que se está aplicando a pomada ou creme. Estes riscos são diferentes dos anteriores e estão relacionados à diminuição da imunidade.

Além deste, os corticoides de via inalatória, muito usados por crianças com crises asmáticas que "espirram" o produto na boca, por exemplo, acabam acarretando um maior risco de candidíase oral (fungo) se usado muitas vezes. Ou seja, as reações adversas ao efeito esperado são diferentes de acordo com a dosagem e com o tempo e com a forma de uso (comprimido, injetável, spray, colírio) utilizado.

Saiba mais: Pomadas para dermatite: 5 tipos diferentes e quando são recomendadas

Riscos do uso contínuo de corticoide

O uso contínuo de corticoide ocasiona problemas mais graves. Nestes casos o corticoide está relacionado à alteração celular em várias partes do corpo. Pessoas com artrite reumatoide e outras doenças reumáticas incuráveis podem acabar apresentando uma piora da situação quando usam este medicamento, uma vez que ficam dependentes dele e quando retirado há uma piora expressiva.

Ele também está relacionado a cânceres mais agressivos, pode provocar obesidade central, supressão do funcionamento da glândula suprarrenal e, quando aplicado sobre a pele de forma contínua, pode mascarar problemas e fazer com que as lesões se tornem crônicas e de difícil tratamento.