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O que é Exame de toque retal?
O exame de toque retal, também conhecido como exame de próstata, é um procedimento de rotina realizado com o intuito de fazer a avaliação prostática. Pode detectar alterações na glândula, como nódulo ou área suspeita de doença pelo endurecimento percebido à palpação, levando à suspeita de câncer de próstata.
Todo médico, dependendo da hipótese diagnóstica, pode realizar o exame de toque retal. Ele é apenas mais uma ferramenta que vai auxiliar no diagnóstico de determinadas doenças.
Em casos de suspeita de câncer, o exame de próstata é acompanhado do exame PSA (antígeno prostático específico). Se forem notadas alterações, outros exames complementares podem ser solicitados.
No Brasil, o câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens (atrás apenas do câncer de pele não melanoma). Esse é um câncer da terceira idade, já que cerca de 75% dos casos no mundo ocorrem a partir dos 65 anos.
Estima-se que até 20% dos casos diagnosticados de câncer de próstata apresentam toque alterado, sem alteração do PSA, e cerca de 70% dos pacientes são curados com o tratamento do câncer de próstata quando a detecção da doença é feita na sua fase inicial.
Quanto tempo dura o exame de próstata? Dói?
A realização do exame dura poucos segundos e não causa dor, sendo imprescindível para o diagnóstico da doença
Saiba mais: Câncer de próstata: quais as vantagens do exame de toque e PSA?
O que é a próstata?
A próstata é uma glândula do organismo masculino que se localiza abaixo da bexiga. Sua função é produzir o fluido que, junto com os espermatozoides, constitui o sêmen. Essa glândula começa a se desenvolver durante a adolescência, chegando ao tamanho de uma noz, ou seja, aproximadamente 3 cm. À medida que a glândula cresce, ela pressiona a uretra e causa problemas ao urinar e na bexiga também.
Existe exame de toque retal feminino?
Dentro da rotina urológica não existe a indicação para mulheres, já que na maioria das vezes o objetivo do especialista é avaliar a próstata, glândula que não é presente no corpo feminino. No entanto, o exame do toque retal pode ser realizado na mulher para investigação de doenças orificiais, por orientação do proctologista.
"Outro exame, a retossigmoidoscopia, complementa o toque e é realizado pelo proctologista com o objetivo de avaliar alterações na mucosa do reto (porção final do intestino) tanto em homens quanto em mulheres", diz o urologista Valter Javaroni.
Como o exame de toque retal é feito?
O exame de toque retal é realizado nos consultórios médicos durante uma consulta de rotina ao urologista. O especialista irá pedir para que você retire a roupa e deite em uma maca. A posição para o toque retal depende da prática de cada médico. Pode ser feito deitado em cama na posição ginecológica, deitado de lado ou em pé com flexão do abdome sobre a maca.
O médico irá introduzir o dedo enluvado e lubrificado na região retal (canal que liga o ânus ao reto). O exame dura aproximadamente 10 segundos para ser feito. O procedimento é indolor, mas pode acabar causando certo incômodo.
"Exige, obviamente, o relaxamento muscular e a paciência de quem está fazendo um sacrifício em prol da saúde", comenta Valter Javaroni. É importante lembrar que esse é um exame de baixo custo e que serve de grande auxílio para o diagnóstico precoce do câncer de próstata.
Como lidar com o preconceito em torno do exame de toque?
No Brasil, a cultura do cuidado com a saúde é extremamente diferente. As meninas, assim que menstruam pela primeira vez já são levadas ao ginecologista e depois disso seguem fazendo o acompanhamento anual. O mesmo não acontece com os homens: depois que os pais param de levá-los ao pediatra, só voltam a procurar o médico quando estão com algum problema de saúde.
De acordo com a pesquisa Life Insights: Health Report 2018, que entrevistou 3.218 leitores do MinhaVida, os homens não fazem exames com tanta frequência quanto as mulheres. Aproximadamente 8% dos participantes nunca fez ou não lembra de ter feito exames.
Se exames comuns como de sangue e urina já não são feitos por boa parte dos homens com a frequência devida, quando falamos do exame de toque o tabu é ainda maior. Mas o medo, o preconceito, o constrangimento e o desconhecimento que rondam a realização desse exame não devem superar os cuidados com a saúde do homem. O mais importante nessa situação é lembrar que o exame contribui para detecção de doenças graves, como câncer de próstata.
Muitos homens acreditam que o exame fere a masculinidade, mas segundo o urologista Evandro Cunha esse papo é recheado de preconceito e totalmente infantil. "Um simples exame é incapaz de tirar a masculinidade de um homem. Muito pelo contrário, a atitude de cuidar da saúde é uma característica de homens muito bem resolvidos", ressalta.
Uma dica do urologista é conversar com uma mulher, seja esposa, mãe ou amiga. "As mulheres estão mais acostumadas a enfrentar esses tipos de exames. Então, costumam dar força para os homens ao explicar que nada é tão complicado quanto parece", acrescenta Evandro Cunha.
Além disso, é importante ter bom humor e deixar as tensões de lado na hora do exame. Segundo Evandro, quando o paciente está seguro e bem humorado, a consulta irá fluir melhor.
Saiba mais: 5 coisas que podem ocorrer se você fugir do exame de próstata e do urologista
Para que serve e quando é indicado?
O exame é realizado no próprio consultório médico e serve para coletar informações importantes, como presença de lesões perianais, tônus muscular, aspecto da mucosa do reto, hemorroidas, tumores de reto, volume da próstata e detalhes da anatomia da glândula como consistência e sensibilidade.
Não existe um consenso entre a sociedade médica sobre a idade ideal para iniciar as consultas com o urologista. Para Valter Javaroni, o indicado seria visitar o urologista para acompanhamento de rotina assim que o pediatra não for mais necessário.
A Sociedade Brasileira de Urologia recomenda o exame de toque retal a partir dos 50 anos. Homens com histórico familiar (pai ou irmão) de câncer da próstata devem iniciar aos 40 anos. Nesses dois casos, o exame deve ser feito uma vez por ano.
É importante alertar que o toque não se destina exclusivamente a verificar a presença de alterações sugestivas do câncer. O exame serve também para que o urologista conheça a anatomia e peculiaridades de cada paciente a fim de correlacionar as informações do histórico de saúde, exame físico e exames complementares.
Assim, conhecendo o aspecto individual da glândula antes de aparecerem sinais ou sintomas de doenças, a análise fica mais seguro e alterações são identificadas mais precocemente.
Problemas para urinar: o que indicam?
Dificuldade ou urgência para urinar, jato fraco ou infecções urinárias frequentes podem indicar alterações no tamanho da próstata.
O aumento da próstata é frequentemente chamado de hiperplasia prostática benigna (HPB) ou hipertrofia prostática benigna. Não é um câncer e não aumenta o risco de câncer de próstata. No entanto, é necessário tratar a condição para evitar complicações futuras.
Quando esse crescimento exagerado não é tratado, a bexiga precisa fazer uma força maior do que está acostumada para expulsar a urina. "Com o tempo, podem surgir divertículos, ou seja, pequenas alterações no tecido epitelial da bexiga que podem causar dor e problemas urinários e ainda dificultar o funcionamento dos rins", explica Alfredo Canalini, urologista da Sociedade Brasileira de Urologia.
Desta forma, se você está apresentando esses sinais, é recomendado procurar um urologista - e, em alguns casos, o exame de toque pode ser indicado.
Saiba mais: 7 sinais que indicam alterações da próstata
Preparo para o exame de toque retal
O exame de toque retal pode ser feito em uma consulta de rotina ao médico e não exige nenhum preparo especial para a sua realização. Alguns médicos, no entanto, podem recomendar esvaziar o intestino antes do exame, para não causar nenhum tipo de constrangimento durante o procedimento.
Como dito anteriormente, tente se descontrair conversando com pessoas próximas que já fizeram esse exame ou outros semelhantes, além de ir relaxado e consciente de que esse será um bem feito para sua saúde.
Outro ponto importante é tirar todas as suas dúvidas com o médico antes do exame ser realizado, assim ele poderá te tranquilizar. Além disso, é essencial que você comente com o especialista se possui outras condições de saúde.
Recomendações pós-exame de toque retal
Não existe nenhum cuidado especial após a realização do exame, porém alguns homens, principalmente aqueles que não relaxam a musculatura local, podem sentir um leve incômodo por alguns minutos. Mas essa sensação passa logo e dá pra seguir a rotina normalmente.
Periodicidade do exame de toque retal
A periodicidade vai depender do que está sendo avaliado. Com relação ao exame urológico, para o homem que não tem sintomas e não está tratando nenhuma doença, a frequência pode ser anual. Segundo a Sociedade Brasileira de Urologia, para o rastreamento do câncer de próstata, é recomendado o exame anual a partir dos 50 anos para pacientes que não têm histórico familiar da doença. Caso ele exista, o exame deve ser feito a partir dos 45 anos.
Contraindicações
Contraindicações do exame de toque retal
Segundo o urologista Felipe Delgado, pacientes com prostatite não devem ser submetidos ao exame de toque retal. Outras doenças orificiais também podem não permitir a realização adequada do exame. Por isso, é essencial conversar com o seu médico antes de fazê-lo, para que ele seja alertado sobre suas condições e as dúvidas sejam esclarecidas.
Riscos
De acordo com Valter Javaroni, quando o exame é feito de maneira correta e respeita-se as contraindicações, não há riscos ou complicações. No geral, o exame é minimamente invasivo e gera apenas um incômodo leve.
Resultados do exame de toque retal
O resultado do exame apresenta, principalmente, a necessidade de exames complementares para a investigação do câncer de próstata. Entretanto, também pode mostrar alterações na região retal.
O exame de toque retal com resultados normais descreve ausência de lesões perianais, tônus do esfíncter normal, ausência de dilatações venosas (hemorroidas), mucosa intestinal sem alterações, próstata indolor, de volume normal para idade e consistência preservada.
Já os resultados alterados podem exibir presença de nódulos palpáveis ou perda do sulco mediano, podendo indicar um caso de câncer de próstata ou de hiperplasia prostática benigna.
Para algumas dessas condições, apenas o toque é suficiente para o diagnóstico, porém, em outros casos pode ser necessária a realização de outros exames mais específicos que confirmem ou descartem a hipótese, como no câncer da próstata.
O que pode afetar o resultado do teste?
Geralmente o exame não sofre interferências, mas a tensão e a ansiedade podem impedir o relaxamento adequado e dificultar a avaliação do médico. Além disso, processos inflamatórios locais, como prostatite, ou história prévia de doenças prostáticas podem afetar os resultados.
Referências
(1) Valter Javaroni, urologista
(2) Felipe Delgado, urologista do Hospital Santa Paula
(3) Leonardo Otero Pertusier, coordenador da urologia do check-up do Grupo Fleury
(4) Evandro Cunha, urologista do Hospital Urológico de Brasília
(5) Alfredo Canalini, urologista
(6) Diretrizes Urologia - Sociedade Brasileira de Urologia em parceria com a Associação Médica Brasileira. Disponível em: http://sbu-sp.org.br/wp-content/uploads/2016/02/Livro_Diretrizes_Urologia.pdf
(7) Life Insights: Health Report 2018 - Pesquisa feita com leitores do Minha Vida
(8) Stanford Medicine - Rectal Exam. Disponível em: https://stanfordmedicine25.stanford.edu/the25/rectal.html