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O que é Farinha de Coco?
O coco é uma fruta típica de países tropicais, e ele pode ter diversos derivados: coco ralado, água e o famoso óleo de coco. Mas outro produto seu que chama a atenção de quem quer emagrecer é a farinha de coco.
Esse alimento é produzido a partir da polpa da fruta, ou seja, a parte branca e gordurosa. Parte dessa gordura é retirada antes do processo de desidratação, o que faz com que ela tenha um percentual menor do macronutriente.
Tem se atribuído a esse alimento propriedades como aumento da saciedade, melhora do intestino ou mesmo combate à diabetes. Será que é tudo verdade? Conheça, a seguir, tudo sobre esse alimento funcional que não contém glúten.
Propriedades
A principal característica desse alimento é que ele mistura fibras com gorduras. Mas antes que você torça o nariz para as últimas, saiba que por mais que a maior parte da gordura do coco seja saturada, ou seja, não tão amiga da nossa saúde, grande percentual dela é composta pelas triglicérides de cadeia média (TCM), que são metabolizadas direto no fígado, se tornando energia mais rapidamente e de não se acumulando depois no tecido adiposo.
Não existe ainda uma tabela nutricional oficial da farinha de coco, logo sua composição de nutrientes pode variar conforme o fabricante do produto. Mas podemos observar essa proporção das gorduras no fruto: em 100 gramas de coco encontramos 30 g de gordura de saturadas, sendo que 15,37 g delas são o ácido láurico, um dos tipos de TCM.
Outra vantagem nutricional da farinha, que a faz ganhar do óleo de coco, por exemplo, é sua quantidade de fibras. Estima-se que podemos encontrar 2,5 gramas delas a cada colher de sopa da farinha (10 g). Isso equivale a 10% do que precisamos consumir ao dia.
Além de tudo, ela não contém glúten, sendo bem indicada para celíacos, substituindo a farinha de trigo em algumas preparações.
Benefícios
Ajuda a emagrecer: A farinha de coco é rica em fibras, substâncias que têm algumas repercussões no corpo que nos ajudam a perder peso. Quando essas substâncias entram em contato com a água no sistema digestivo, se tornam um gel volumoso. Ele aumenta a distensão do estômago e promove maior saciedade e nos impede de exagerar nas refeições.
Além disso, esse gel envolve o bolo alimentar, o que torna a liberação da glicose mais lenta na corrente sanguínea, reduzindo a vontade por carboidratos por algum tempo. Com menos glicose sendo liberada de uma vez, o pâncreas produz menos insulina, hormônio responsável por colocar esse açúcar para dentro das células e que também estimula que a gordura seja depositada no tecido adiposo, diminuindo nosso acúmulo de "massa gorda".
Os triglicérides de cadeia média, um dos tipos de gordura saturada, também ajudam no emagrecimento, já que são metabolizados diretamente no fígado e se não forem usados, também não se acumulam como gordura no nosso corpo. Por fim, alguns estudiosos atribuem ao ácido láurico, um desses ácidos graxos saturados, a função de acelerar o metabolismo das células, o que aumenta o consumo de calorias e com isso ajuda na perda de peso.
Reduz riscos de diabetes: Essa absorção mais lenta da glicose também traz outras vantagens: quando temos açúcar demais no sangue, precisamos de cada vez mais insulina para metabolizar esse nutriente. O problema é que, com o tempo, alguns órgãos e tecidos começam a requisitar ainda mais desse hormônio para colocar a mesma quantidade de glicose nas células, gerando um quadro conhecido como resistência à insulina. Essa é uma condição chamada de pré-diabetes, já que se ela não for solucionada, pode evoluir para o diabetes tipo 2 em si.
Para quem já tem a doença essa redução também é importante, pois faz parte do tratamento ter os níveis de glicose mais equilibrados, o que ajuda na contenção das diversas repercussões do diabetes, como o pé diabético e hipertensão.
Auxilia a digestão: As fibras são muito importantes para um bom funcionamento intestinal. Primeiro porque elas forma uma camada de gel em torno do bolo alimentar que facilita sua circulação pelo sistema digestivo, desde que se ingira a quantidade correta de água. Além disso, elas são fermentadas pelas bactérias intestinais (microbiota intestinal), o que leva à formação dos chamados ácidos graxos de cadeia curta (AGCC). Esses ácidos ajudam na melhora da constipação, já que são capazes de aumentar o volume fecal e reduzir o tempo de trânsito intestinal.
Turbina a imunidade: Coloca as "bactérias boas" do intestino para trabalhar, ajudando a aumentar sua quantidade e, com isso, protegendo a saúde não só desse órgão, como a do corpo inteiro. Isso porque elas e os ácidos graxos de cadeia curta estão intimamente ligados ao sistema imunológico ao impedir que as bactérias ruins da microbiota caiam na corrente sanguínea. Além disso, no intestino se encontram 60% das imunoglobinas do nosso corpo.
Reduz o colesterol: Como o coco é uma fonte de gorduras saturadas, e metade delas não são triglicérides de cadeia média, há o risco do consumo excessivo desse alimento e seus derivados aumentarem o colesterol LDL, que quando circula em grandes quantidades no nosso corpo, pode depositar gordura nas paredes das artérias (condição chamada de aterosclerose).
Porém, alguns outros componentes da farinha de coco podem ajudar na redução desse colesterol também. É o caso das fibras, que tornam a absorção desse nutriente mais lenta. Além disso, a sua fermentação pelas bactérias do estômago forma os ácidos graxos de cadeia curta, que por sua vez inibem a ação de uma enzima (a HMG-Coa redutase) que está diretamente ligada com a produção do colesterol.
Um estudo publicado na revista Innovative Food Science and Emerging Technologies em 2006 mostrou benefícios da farinha de coco na diminuição do colesterol, além de sua influência na saúde intestinal e índice glicêmico. Mesmo assim, não há ainda uma diretriz que indique seu consumo para quem tem taxas de colesterol altas.
Como consumir ?
A farinha de coco pode ser consumida diretamente com iogurtes, frutas, batida com um suco ou fazer parte de uma granola saudável. Ela também pode enriquecer receitas de pães e bolos.
Ela é muito usada pelos celíacos para substituir a farinha de trigo em algumas preparações, geralmente misturada a outras farinhas. E se engana que pensa que seu sabor adocicado a impede de participar de massas salgadas. Na verdade, ela acaba por substituir também a pitada de açúcar que colocamos nessas receitas. Para bolos, o ideal é misturar com a farinha de arroz, para ter a melhor consistência da massa.
Quantidade recomendada
Não há uma quantidade recomendada fixa para a farinha de coco, mas para conseguir os benefícios sem abusar das calorias, experimente consumir entre uma e duas colheres de sopa ao dia, o que equivale a até 20 gramas.
Onde encontrar ?
A farinha de coco pode ser encontrada em alguns hipermercados, mas principalmente em lojas de produto naturais, físicas ou na internet.
Como fazer a farinha de coco
Dá para fazer a farinha também em casa, apesar de não ficar com a mesma consistência da industrializada. Para tanto, coloque uma xícara de polpa de coco em uma forma e leve ao forno média a 200 ºC por cinco minutos. Ela vai se tornar uma farinha, então misture e a deixe assar mais cinco minutos. Por fim, deixe esfriar por mais dez minutos e pode consumir. Prefira armazenar em local arejado e sem entrada de luz e umidade.
Contraindicações
Não há contraindicações ao uso da farinha de coco, mas o ideal é consumi-la com o aval de um especialista, para que a quantidade de gorduras saturadas que ela possui seja adequada à sua dieta.
Riscos do consumo excessivo
Por ser um alimento rico em fibra, o consumo excessivo pode gerar desconfortos como gases e problemas abdominais. Além disso, é preciso ter um bom consumo de água, ou pode haver um favorecimento da constipação. Por fim, o coco é um alimento gorduroso, e o consumo sem medidas da farinha pode levar ao aumento de peso.
Referências
Gabriela Soares Maia, nutricionista e pós-graduada em Nutrição Funcional e sócia da Nutrindo Ciclos, no Rio de Janeiro.
Israel Adolfo, nutricionista.
Lidiane Barbosa, culinarista funcional.