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Muitas questões envolvendo o parto vaginal variam de mulher para mulher, o que torna o ato de dar a luz único e um tanto que misterioso. Muito se ouve falar do medo da dor, mas ainda se fala pouco sobre o que acontece com o corpo após o parto.
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Além de mudanças que ocorrem apenas durante o puerpério, período de 42 dias a oito semanas após o parto, é possível que haja modificações corporais que durem por toda a vida da mulher.
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A vagina fica dolorida após o parto?
É normal que se sinta um incômodo na região vaginal durante alguns dias após o nascimento do bebê. A pressão causada pelo trabalho de parto pode gerar dor e inchaço, melhorando após algumas semanas.
"O tempo de melhora dos sintomas é variável (entre 2-3 semanas) e tem relação direta com a profundidade e tamanho da laceração ou do corte da episiotomia, o tempo de período expulsivo do bebê e a cicatrização de cada mulher", explica a médica ginecologista e obstetra Karina Tafner.
Ainda de acordo com a médica, essa dor pode durar ainda por mais tempo caso haja laceração na vagina. "Se houver laceração (lesões causadas durante a passagem do bebê pela vagina) que se estende até o reto, por exemplo, a dor e desconforto podem durar mais de um mês", explica.
Lesões na vagina
A passagem do bebê pelo canal vaginal pode causar cortes ou escoriações, mas esse é mais um aspecto variável de mulher para mulher. Johnata Dacal, ginecologista da clínica DUO+, conta que esse tipo de lesão pode ser resolvida rapidamente.
"Porém, algumas lesões musculares podem acontecer e tornar necessário uma correção cirúrgica após o parto. Por isso é importante uma análise individual e detalhada de cada mulher para avaliação da possibilidade do parto com o mínimo de lesões possíveis", explica o médico.
A vagina pode sofrer "alargamento" após o parto normal?
Essa questão é uma das mais perguntadas pelas mulheres, que sentem medo de não conseguirem voltar ao seu estado natural após a passagem do bebê. Apesar do que existe no imaginário popular, a musculatura vaginal tende a voltar naturalmente para seu tamanho original após o parto.
Porém, em alguns casos, é possível que a musculatura demore um pouco para se recuperar. Karina Tafner explica que, após repetidas gestações, vários partos normais ou se houve laceração e ruptura da musculatura, o alargamento do canal vaginal se torna mais possível.
É compreensível que essa questão mexa com a autoestima de muitas mulheres, mas já é possível corrigir esse alargamento com tratamentos não invasivos, como o laser íntimo.
A relação sexual após o parto normal
Antes de voltar a ter relações sexuais, é de extrema importância que se respeite o período de resguardo, com o total de 45 dias sem a prática de sexo. Durante esse tempo, o corpo está se recuperando de todas as mudanças que ocorreram durante a gestação e o parto.
"Após esse período a mulher pode apresentar algumas alterações no ato sexual como diminuição da sensibilidade, dor ou sensação de alargamento vaginal. Nesses casos é necessário avaliar as causas como cicatrizes na região, alterações hormonais ou até mesmo infecções", explica Johnata Dacal.
A amamentação também está ligada ao prazer sexual. Enquanto amamentam, as mulheres passam por mudanças hormonais que podem causar desconforto durante o sexo com penetração. A ginecologista Karina Tafner recomenda o uso de lubrificantes vaginais com frequência durante esse período.
"Os ciclos ovulatórios são suspensos e, com eles, a produção de hormônios femininos, o que leva a diminuição da lubrificação e consequente secura vaginal, tornando a relação sexual dolorida", conta ela.
A cor da vulva pode mudar?
O que muita gente não sabe é que a mudança de cor na região íntima pode sim acontecer durante a gestação. As mudanças hormonais que ocorrem no corpo podem favorecer o escurecimento da vulva, além do inchaço sofrido no local.
"A coloração da vulva muda durante a gestação, devido às alterações gravídicas, que permanecem no pós parto imediato mas regridem com o evoluir do puerpério", explica Karina.
Incontinência urinária
A incontinência urinária é um fator que pode ocorrer não apenas em mulheres que realizaram um parto vaginal, como também naquelas que tiveram uma cesariana. De acordo com Johnata Dacal, isso acontece por causa da distensão pélvica gerada pela gestação.
Os sintomas costumam desaparecer nos primeiros 3 meses após o parto. Caso eles continuem, é necessário que se faça uma avaliação médica para que se encontre o tratamento ideal, que pode ser realizado através aplicação de laser, fisioterapia pélvica e regulação hormonal.
Como é a menstruação após o parto?
A amamentação exclusiva dos bebês altera o ciclo menstrual da mulher, pausando a menstruação por um período. "Quando é iniciada dieta ou complemento necessário na alimentação do bebê, os ciclos ovulatórios se restauram e assim, a menstruação retorna", conta Karina.
O ciclo menstrual costuma retornar com as mesmas características de antes para a maior parte das mulheres. De acordo com Johnata, o parto não é o que causa alteração no período menstrual, mas sim as mudanças hormonais ou cicatriciais.
Alterações muito drásticas no fluxo devem ser alertadas aos médicos. "Se a menstruação sofrer uma grande diminuição de volume no pós parto, pode indicar que o revestimento do útero não voltou a crescer conforme esperado após o parto, o que pode causar infertilidade", explica Karina.
A ginecologista explica ainda que, após várias gestações, o útero pode não voltar ao seu tamanho anterior, adquirindo maior volume, podendo levar ao aumento do fluxo menstrual.
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