Redatora de saúde e bem-estar, autora de reportagens sobre alimentação, família e estilo de vida.
Crianças e adolescentes não têm a mesma maturidade de um adulto para discernir a realidade da imaginação. Por isso, algumas coisas que parecem bobas para quem está crescido pode assustar os pequenos. Uma menina de 13 anos de Jaboatão dos Guararapes (PE) cortou seus pulsos após um perfil com a foto da Momo ameaçá-la, dizendo que iria matar sua família caso não fizesse.
A delegada Vilaneida Aguiar declarou, em entrevista ao jornal O Globo, que a polícia acredita que seja uma pessoa adulta que soube manipular a adolescente. "Começou de forma amigável e ganhou sua confiança. Quando já teve um certo domínio, fez a ameaça", disse ela. O perfil com a foto da escultura japonesa de olhos arregalados chamada de Momo conversava com a menina há 10 dias e já tinha coletado informações como endereço e com quem a garota morava.
Saiba mais: Momo: como conversar com seus filhos sobre lendas da internet
Quando a menina começou a se ferir, foi flagrada por sua mãe, que a impediu de continuar e descobriu as conversas em seu celular.
A polícia está investigando o perfil, que tem adolescentes de todo o Brasil da mesma faixa etária adicionados. As informações são do jornal O Globo.
Outros casos
Em agosto, um menino de 9 anos morador de Recife (PE) se suicidou após ser influenciado por um desafio da internet. Segundo sua mãe, ele já tinha mostrado foto da mesma personagem Momo.
Halla Cristina, de Porto Velho (RO), é mãe de um menino autista de 8 anos e fez um vídeo no seu Facebook alertando sobre conteúdos no YouTube que também usam a imagem da Momo e incentivam ao suicídio.
Segundo ela, seu filho estava assistindo a um desenho no celular quando no meio do vídeo começaram a ser reproduzidas imagens que ensinavam a criança a tirar a própria vida e a agredir seus pais.
"Eu estou fazendo esse vídeo para alertar vocês que são mães, porque eu quase perdi meu filho", disse ela. Veja o depoimento completo de Halla aqui.
Como conversar com seus filhos sobre desafios da internet
Para um adulto, é mais fácil entender a diferença entre realidade e imaginação. No entanto, as crianças transitam melhor entre a abstração e o nosso mundo, declara a psicóloga Katyanne Segalla. "Quanto mais nova a criança, mais real a lenda tende a parecer", completa.
A psicóloga Denise Franco defende que os pais sempre monitorem as crianças para saber o uso que fazem da internet. No caso dos adolescentes, a confiança pode ir sendo conquistada aos poucos. "Gradativamente, é possível ir oferecendo momentos mais livres para perceber como reagem diante disso; isso de de acordo com o amadurecimento que só pode ser avaliado quando existe diálogo na família e muita conversa de "olho no olho", explica a psicóloga.
Katyanne acredita que esse monitoramento deve ser indispensável até os 13 anos. "Na adolescência, quanto mais diálogo e instrução, menos será preciso a invasão de privacidade". A atenção ao comportamento dos filhos é essencial para identificar se algo está errado. Mesmo nos casos em que os pais sintam a necessidade de entrar nas contas dos filhos e invadir essa privacidade, o diálogo é uma ferramenta para fazer com que o adolescente não perca a confiança e não se sinta injustiçado ou invadido, instrui ela.
A advogada e pedagoga Cristina Sleiman, sócia do Peck Sleiman Edu e diretora pedagógica do Instituto iStart explica que é importante que os pais falem sobre o assunto com os filhos, mostrem as notícias que estão sendo divulgadas e expliquem sobre os possíveis riscos tentar falar com a Momo. "Sendo verdade ou não, é fato que existem pessoas mal intencionadas na internet e é preciso que os pais falem os filhos sobre esses perigos", completa a especialista.