Médico infectologista diretor da divisão médica do Instituto de Infectologia Emílio Ribas. Tem residência Médica em Inf...
iDesde a descoberta do vírus HIV, diversos exames foram desenvolvidos para realizar o diagnóstico dessa infeção. Buscamos desenvolver testes tão confiáveis e com tempos de janela imunológica tão baixos, que chegamos ao ponto de um exame conseguir detectar a infecção pelo HIV quinze dias após a suposta infecção com mais de 99% de chances do resultado estar correto. Relembrando que a janela imunológica é o tempo que existe entre a infecção e o exame do laboratório vir positivo.
Apesar de todos esses avanços no diagnóstico do vírus HIV, muitas pessoas desconhecem que são HIV positivas. Estima-se que, atualmente, existam 35,3 milhões de pessoas vivendo com HIV no mundo e a cada ano 2,3 milhões de pessoas se infectem, o que resulta em mais de 6.300 pessoas sendo infectadas a cada 24 horas. Dados mais recentes do Brasil afirmam que existem 718 mil pessoas vivendo com HIV no Brasil, sendo que 20% delas (144 mil pessoas) não sabem do diagnóstico da infecção. Esse dado é muito preocupante, pois hoje o vírus HIV adquiriu características de uma doença crônica, como a pressão alta e o diabetes, mas para isso a infecção deve ser diagnosticada e tratada de maneira adequada e precoce, não permitindo que a imunidade chegue a níveis muito baixos, fazendo com que outras doenças graves, chamadas de oportunistas, apareçam e causem risco de vida ao paciente.
Se o diagnóstico for precoce e o paciente procurar auxílio médico, o curso da doença será bem diferente daquelas pessoas que não sabem da infecção ou não querem se tratar. Os dados oficiais ainda mostram que em 2012 no Brasil houve 39.185 mortes relacionadas ao HIV, sendo que na cidade de São Paulo acontecem duas mortes por dia diretamente relacionadas com a infecção pelo vírus da Aids.
Novidades do diagnóstico
Pensando em facilitar o diagnóstico da infecção pelo HIV, foi produzido um exame rápido e de fácil realização, que é capaz de fazer o diagnóstico através da análise da saliva. Até então, os principais exames de diagnóstico do HIV necessitavam da coleta de amostra de sangue. A saliva das pessoas infectadas pelo vírus apresentam anticorpos da classe IgG (mecanismos de defesa contra o vírus) que deixam o exame positivo. Vale lembrar que o vírus do HIV não está presente na saliva, portanto, a saliva não tem capacidade de transmitir o vírus. Por isso que beijar ou compartilhar copo e talheres não transmite o HIV entre as pessoas. O exame garante mais de 99% de resultados corretos e a janela imunológica estimada pode ser de até três meses (tempo entre a possível infecção e o exame vir positivo). Dessa forma, as pessoas que fizerem um exame em um curto espaço de tempo e que vierem com exame negativo, devem repetir o teste após três meses de uma exposição de risco para o contagio do HIV.
Por ser rápido, de confiança e de fácil realização, esse exame será usado pelo Ministério da Saúde em inúmeras situações como, por exemplo, em campanhas de testagem para o HIV. Mas o próprio Ministério da Saúde já sinalizou que liberará a venda desse teste em farmácias de todo Brasil no primeiro semestre de 2014 ao custo estimado de R$ 8,00. Existem críticas sobre essa ação, mas o objetivo é facilitar o diagnóstico da infecção. Toda pessoa que fizer esse teste tem que estar preparada caso o exame venha a ser positivo. Nestes casos, deve-se procurar imediatamente um serviço de saúde para realizar um atendimento médico. A partir disso, novos exames serão solicitados para confirmar ou não a infecção pelo HIV (só um exame rápido de saliva não confirma o diagnóstico da infecção pelo HIV). O importante neste momento é não se desesperar e procurar ajuda médica imediata. Lembrem-se, prevenir continua sendo a melhor opção, mas caso você suspeite estar infectado pelo vírus HIV, é muito importante que você faça o diagnóstico precoce e siga o tratamento adequadamente.
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Fontes:
- Aids by de Numbers - Unaids 2013
- Boletim epidemiológico HIV/aids - MS - dezembro 2013
- Manual técnico para o diagnóstico da infecção pelo HIV - dezembro 2013.