Hoje, a ciência e a medicina possibilitam que qualquer pessoa que tenha sofrido um acidente ou foi vítima de algum probl...
iApós a triste experiência da perda de um membro, a qual pode ter sido causada por diferentes fatores, tais como, doenças vasculares e neuropáticas, acidentes traumáticos, processos infecciosos, tumores, mal formações das extremidades e também por iatrogênias, encontramos, muitas vezes, seres humanos abalados psicologicamente, porém dispostos a superar mais um obstáculo imposto pela própria vida. Quando a amputação é colocada como uma solução terapêutica para que o indivíduo possa retomar suas atividades habituais, sua aceitação se torna mais fácil. A amputação não deve estar relacionada à derrota, à dependência, à limitação física ou à incapacidade, portanto os amputados jamais devem ser vistos ou tratados como tais. A curiosidade e o interesse alheio em saber o que aconteceu com esses
indivíduos resultam em olhares pouco discretos, motivo este, que gera desconforto aos pacientes. Este fato deveria ser tratado com naturalidade pelos usuários, já que não se trata de uma atitude preconceituosa e discriminatória da população e sim falta de informações sobre este assunto.
Vocês sabiam que há alguns séculos, as amputações eram realizadas com
guilhotinas em campos de batalha, os amputados eram considerados como pessoas inválidas, as próteses eram esculpidas em madeira por artesãos e que não existiam programas de reabilitação física? Atualmente tudo mudou. Cirurgiões especializados realizam procedimentos que resultam em cotos de amputação adequados e funcionais. Os amputados, independentemente do nível de amputação e faixa etária, podem ser vistos reintegrados à sociedade com ou sem próteses.
O período entre a amputação e a primeira protetização anteriormente poderia durar anos, hoje isso ocorre em apenas 06 semanas. Os programas de reabilitação, realizados por uma equipe multidisciplinar, possibilitam um retorno precoce as atividades de vida diária. É sabido também que o sucesso no trabalho de reabilitação está diretamente relacionado a uma tríade: bons pacientes, boas próteses e bons programas de reabilitação. Consideramos bons pacientes, aqueles interessados com o processo, colaborativos e otimistas.
As boas próteses são aquelas que atendem aos anseios de seus usuários. Certamente a prótese utilizada pelo amputado Marlon Shirley, recordista mundial dos 100 metros rasos com o tempo de 10,97 segundos, não deveria ser indicada para pacientes com um nível de atividade mais baixa. Quanto ao processo de reabilitação, deve ser iniciado o quanto antes, ou seja, antes da própria amputação em casos de procedimentos eletivos ou logo no primeiro dia de pós-operatório nas demais situações. Este processo se fará em todas as fases: hospitalar e ambulatorial, até que o paciente esteja totalmente adaptado com sua prótese.
Torna-se cada vez mais comum a presença de pacientes que utilizam próteses modernas com componentes de última geração. Quantas vezes já paramos para observar amputados correndo em parques ou calçadões? Vale a pena ressaltar que a prática esportiva desenvolvida pelos amputados, não só traz benefícios para a reabilitação física, social e psicológica do indivíduo, mas
também possibilita a reintegração e reinclusão social.
O número de portadores de amputações adeptos ao esporte tem crescido consideravelmente. Hoje, há atletas profissionais que iniciaram a vida esportiva após a própria amputação e protetização. Este fato é uma prova de aceitação e superação de uma grande perda. Este ano, o Brasil estará sediando os jogos parapanamericanos. Neste evento, poderemos acompanhar a participação de atletas brasileiros amputados que irão competir em várias modalidades esportivas, tais como: natação, corrida, salto e arremesso de peso. Tendo em vista a notória participação dos paraatletas nas últimas competições, o Brasil terá grandes chances de liderar o quadro de medalhas.
Você utiliza próteses ou conhece alguém que necessita deste aparelho? Como é a rotina diária?