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O câncer de mama é o segundo tipo de câncer mais frequente no mundo e o que mais acomete as mulheres. Há três anos, Rosângela dos Santos Rocha descobriu nódulos durante um autoexame na mama direita. "Eu já fazia exames de rotina anualmente, porém ao me tocar senti que a mama estava um pouco dura e decidi voltar ao médico antes do prazo previsto. Mesmo sem ter realizado os exames, já havia 98% de chances de ser um tumor maligno", comentou a advogada.
Após realizar uma série de exames, incluindo uma biopsia, foi acusado que Rosângela tinha um tumor na mama chamado de carcinoma ductal invasivo no estágio 3 (CDI RH+ Her. 2+ Estadiamento III).
Esse tipo de câncer também acomete os ductos da mama e é caracterizado por ser um tumor que pode invadir os tecidos que o circundam. O câncer do tipo ductal invasivo representa de 65 a 85% dos cânceres de mama invasivos. Esse carcinoma pode crescer localmente ou se espalhar para outros órgãos por meio de veias e vasos linfáticos.
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"Tive medo de morrer"
Receber um diagnóstico de câncer não é fácil. "Quando a gente escuta a palavra câncer maligno já acha que não vai viver muito. Minha primeira reação ao receber a notícia foi o medo. Tive medo de morrer e achava que não existiria cura", disse. "Eu estava passando por uma fase ruim, meu marido havia sofrido um acidente de moto e não poderia me levar às consultas".
Por esse motivo, Rosângela precisou contar com o apoio de amigos e familiares para que pudesse começar a realizar as quimioterapias. "Minha filha abriu mão da procura de emprego para cuidar não só do meu esposo como de mim, ela foi nossa enfermeira em todos os momentos. Tive o apoio de familiares e amigos para me levarem às sessões de quimioterapias e demais exames", revelou a advogada.
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Apesar dos obstáculos enfrentados durante essa luta, o câncer possibilitou novos aprendizados. "A doença permitiu que eu me aproximasse dessas pessoas, hoje estamos ainda mais unidos", afirmou.
Tratamento
No dia 22 de abril de 2014, Rosângela realizou sua primeira quimioterapia no Hospital ACCamargo, onde fez todo o tratamento contra o câncer. Durante cinco meses de quimioterapia, ela emagreceu 15 kg e precisou lidar com os efeitos negativos do processo: enjoos, vômitos, problemas na alimentação, esgotamento físico e psicológico, imunidade baixa, queda do cabelo e perda da autoestima.
Ao final da quimioterapia, novos exames foram realizados e indicaram que já não havia mais tumor, mas, mesmo assim, seguindo protocolo médico foi necessário fazer a mastectomia, e demais procedimentos.
"O câncer afeta o corpo físico, deixando cicatrizes. No meu caso, foi realizado em outubro de 2014 a mastectomia total da mama direita com esvaziamento da axila. Foi um choque, me sentia mutilada. Não usava roupas muito decotadas, estava sempre com camiseta por baixo das roupas, para não aparecer o enchimento do sutiã", relembrou ela.
No início de 2015, Rosângela começou a fazer as sessões de radioterapia. Enquanto estava nessa fase do tratamento, sua mãe teve um AVC e, após um período na UTI, veio a falecer.
"Parecia que tudo de ruim estava acontecendo comigo, minha doença, acidente do meu esposo e falecimento da minha mãe. Em muitos momentos pensei que não ia conseguir, minhas forças estavam acabando", contou.
Quando uma pessoa inicia o tratamento do câncer, uma das grandes preocupações é a queda de cabelo. Esse é um período muito marcante para aqueles que lutam contra a doença e, para Rosângela, o objetivo foi tornar o processo o mais tranquilo possível e nunca ter vergonha de estar careca.
"Antes do início do tratamento cortei o cabelo para ter menos impacto com a queda, mas um mês após o início da quimioterapia meus cabelos estavam caindo muito. No Dia das Mães decidi passar a maquininha e aderir aos lenços, não consegui me acostumar com peruca", disse Rosângela.
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Superação
O novo recomeço da vida de Rosângela aconteceu no dia 17 de outubro de 2016. De acordo com a advogada, essa é a data em que lhe foi devolvido o que o câncer tirou: neste dia ela teve a 1ª fase da reconstrução da mama. Já a segunda parte do procedimento aconteceu em maio de 2017. Agora, ela permanece em período de remissão por mais três anos.
"Foi uma batalha dura, dolorida e cansativa. Os tratamentos são tão agressivos que não quero ter que passar por eles novamente. Dúvidas são constantes, às vezes me questiono se o câncer foi realmente curado ou se está manifestando em outro órgão", revelou ela.
Apesar disso, Rosângela procura não viver com medo e ela tenta levar as coisas boas que o câncer lhe proporcionou. "Fui criando defesas emocionais, táticas para viver a minha vida, criando alternativas, aproveitando o presente e o que a vida tem a me oferecer. Procuro sempre ver o lado bom, positivo em tudo. Isso veio para mudar minha vida."
"Tem cura. É um tratamento dolorido, mas tem cura"
O câncer muda as pessoas e para Rosângela serviu como forma de aprendizado: "Hoje, eu vivo a minha vida com um propósito e com confiança. Prefiro olhar para tudo sem rancor, sempre com sorriso no rosto. Apesar de ser um período doloroso, é preciso que as pessoas saibam que tem cura, é um tratamento dolorido mas tem cura."
Durante o tratamento, a advogada também contou com a ajuda de um grupo do Facebook chamado Meninas do Peito, um ambiente onde as mulheres, que já enfrentaram ou estão em tratamento contra qualquer tipo de câncer, podem compartilhar sua luta, fazer amigas, tirar dúvidas, dividir angústias, alegrias e tristezas.
"Outubro Rosa é o mês que simboliza a luta pela conscientização e prevenção do câncer de mama. Participem da campanha, façam o exame de toque, exames clínicos e mamografia para detectar precocemente a doença, obtendo, assim, maior probabilidade de cura", incentiva.