Redatora de saúde e bem-estar, autora de reportagens sobre alimentação, família e estilo de vida.
Quase metade da população brasileira sofre de alguma doença respiratória. De acordo com a mais recente pesquisa do Ibope sobre o assunto, 44% dos entrevistados afirmaram ter condições como asma, bronquite crônica, sinusite e rinite - sendo as duas primeiras as mais prevalentes. O dado reflete a realidade de adultos com idades entre 18 e 65 anos, e a maioria dos entrevistados revelou que o problema tem um impacto negativo em seu dia a dia, seja para praticar exercícios físicos, respirar, dormir ou trabalhar.
Mas as coisas não precisam ser ruins assim. É possível adotar atitudes cotidianas simples para evitar problemas respiratórios ou o agravamento deles quando já estão instalados no organismo. Quatro especialistas dão 13 dicas de ouro. Confira e as adote o quanto antes!
1 - Não fume
Ficar longe do fumo é essencial quando se deseja uma saúde respiratória plena. "O cigarro é a principal causa dos problemas respiratórios, uma vez que seus componentes são os maiores responsáveis pelo desenvolvimento e pela continuidade de inflamações nas vias respiratórias, como a asma e a bronquite", afirma José Raphael Castro Jr., otorrinolaringologista do Hospital Quinta D'Or.
Quem já fuma e quer recuperar as boas condições respiratórias deve procurar ajuda para abandonar o cigarro de forma progressiva e definitiva.
2 - Vacine-se
"A forma mais efetiva de evitar gripes e pneumonias é a vacinação contra gripe sazonal, H1N1 e pneumococo", defende João Geraldo Houly, chefe do departamento de pneumologia do Hospital Santa Paula. Ele alerta que as vacinas fazem parte do calendário oficial de vacinação e são importantes especialmente para os idosos, cardiopatas, pessoas com diabetes e pacientes oncológicos.
3 - Hidrate-se
O organismo desidratado ou não suficientemente hidratado fica mais sujeito a doenças, como explica João Geraldo: "A função mucociliar, que é uma espécie de autolimpeza da mucosa nasal, precisa de hidratação. Se não a tiver, há retenção de muco no trato respiratório, fica difícil eliminar os micro-organismos inalados. Isso leva a doenças respiratórias."
Recomenda-se, de maneira geral, que mulheres bebam cerca de dois litros de água por dia e homens, três litros de água por dia.
4 - Consuma os alimentos certos
Um corpo bem nutrido é mais resistente a vírus e bactérias e consegue evitar que doenças respiratórias tenham vez. Jacqueline Moniz Anversa, nutricionista clínica e esportiva da Clínica Dra. Maria Fernanda Barca, esclarece que nenhum alimento age diretamente nos pulmões, mas sim nos sistemas respiratório e imunológico.
Para o sistema respiratório, Jacqueline indica o chá preto (vasodilatador que melhora a respiração e a passagem sanguínea pelos vasos respiratórios), peixes, linhaça e chia (ricos em ômega 3, o que ajuda a reduzir inflamações crônicas, como rinite, sinusite, bronquite e asma), gengibre e canela (diminuem a produção de muco no sistema respiratório), hortelã e alecrim (antibactericidas, anti-inflamatórios e antifúngicos), cebola e alho (ricos em quercitina e com alto poder antialérgico, antibactericida e anti-inflamatório).
Já para conquistar um sistema imunológico que possa evitar ou combater problemas respiratórios, as recomendações da nutricionista são frutas cítricas (laranja, limão, acerola e caju, por exemplo, com alta concentração de vitamina C), vegetais escuros (como brócolis, couve-flor e rúcula, ricos em ferro), azeite extravirgem (ótima fonte de vitamina E) e frutas vermelhas e roxas (framboesa, açaí, uva e morango, entre outras, por serem antioxidantes).
Mas Jacqueline ressalta: "É importante cuidar da saúde quando tudo está bem, para depois não precisar se desesperar atrás do prejuízo. A alimentação é parte dos cuidados preventivos de saúde que todos devem ter no dia a dia."
5 - Medicamentos ajudam a evitar ou amenizar sintomas
Fazer higiene nasal diariamente é excelente para prevenir doenças respiratórias. José Raphael explica: "Manter as vias respiratórias limpas é muito importante para a boa saúde respiratória. O ideal é que se faça a limpeza de três a quatro vezes por dia com solução salina ou soro fisiológico".
"A higiene nasal diária com soluções salinas ajuda a lavar o epitélio e a mucosa do nariz removendo impurezas, detritos, crostas e agentes biológicos que ali se instalam prevenindo problemas futuros", afirma Marli Sileci, vice-presidente executiva da Associação Brasileira da Indústria de Medicamentos Isentos de Prescrição (ABIMIP). Além da solução salina, ela destaca que outros medicamentos, como antitérmicos, analgésicos e antialérgicos, podem ajudar a diminuir os sintomas de uma doença respiratória.
É importante ressaltar que os medicamentos que precisam de prescrição médica, com tarjas vermelha ou preta, não podem ser usados sem a orientação do profissional da saúde. A categoria de medicamentos que pode ser usada para aliviar os sintomas de problemas respiratórios é conhecida como MIP (Medicamentos Isentos de Prescrição). E seu uso deve ser consciente, ou seja, respeitando a posologia e observando sempre se os sintomas persistem. Se isso acontecer, procure um médico.
6 - Pratique atividades físicas
Manter o corpo em movimento oxigena o sangue, e isso é importante para que o sistema respiratório funcione bem. José Raphael sugere que ao menos uma caminhada frequente faça parte dos hábitos de todas as pessoas, de preferência em um ambiente como um parque, cercado de natureza.
7 - Limpe a casa com panos úmidos
João Geraldo diz que não é recomendado limpar a casa varrendo o chão, espanando as superfícies ou usando um aspirador de pó, pois são três instrumentos de disseminação de poeira. "As partículas que eles levantam são sensibilizantes do sistema respiratório e ficam suspensas no ar por até 48 horas", observa. O ideal, portanto, é limpar tudo com panos úmidos, que agregam as partículas e não permitem que elas se espalhem pelo ar.
8 - Higienize roupas guardadas há muito tempo antes de vesti-las novamente
"Roupas guardadas juntam mofo e ácaros. Se forem usadas imediatamente ao serem retiradas das gavetas ou dos armários, certamente causarão problemas respiratórios como rinite a asma", afirma João Geraldo, que ensina que a melhor forma de lidar com as roupas é lavando-as ou as deixando estendidas sob o sol por algumas horas antes de recolocá-las em uso.
9 - Fique atento ao ronco
O ronco sinaliza que a pessoa não está respirando pelo nariz e, portanto, algo está errado. "É preciso investigar o que é, para poder tratar", orienta José Raphael.
10 - Evite mudanças bruscas de temperatura
Sabemos que é difícil passar calor dentro do carro, por exemplo, e refrigerar o ar é necessário para o bem-estar no trânsito. Essa mudança brusca de temperatura, porém, prejudica a saúde respiratória, segundo João Geraldo. Se for indispensável refrescar o ambiente, faça-o com temperaturas não muito baixas.
11 - Use a circulação de ar externo dentro do carro
Especialmente se estiver com outras pessoas no carro e com as janelas fechadas, acione o modo de circulação de ar externo. "Nessas situações há muita possibilidade de vírus e bactérias se espalharem no ar, então é bom fazer esse ar circular e diminuir os riscos de contrair doenças respiratórias", esclarece João Geraldo
12 - Procure ajuda médica sempre que necessário
Ao suspeitar que algo nas vias respiratórias não vai bem, de forma crônica, é importante procurar um médico especializado - o otorrinolaringologista ou o pneumologista - para verificar o que pode ser.
"Mas o ideal é se prevenir e fazer visitas regulares ao médico, mesmo sem suspeitas. Assim, os problemas podem ser detectados antes de alguma doença se manifestar", pontua José Raphael.
13 - Não demore para ir ao médico em casos agudos
Um problema agudo aparentemente simples, como uma gripe que surge do nada, pode progredir rapidamente para doenças complexas, como a pneumonia. Por isso, tão logo perceba que as vias respiratórias estão comprometidas devido a alguma condição aguda, vá ao pronto-socorro ou ao médico. Quanto antes se iniciar um tratamento, maiores as chances de eliminar a doença.
"As primeiras 48 horas são fundamentais, porque é nelas que os vírus ou as bactérias estão em plena replicação e os medicamentos têm mais chances de combatê-los", explica João Geraldo. "Se for para começar depois desse período, o tratamento é realizado, mas sua eficácia é menor. De 72 horas em diante, o que se faz é tratar a amenização dos sintomas e contar com o próprio organismo para combater a doença", finaliza o pneumologista.