Danilo Höfling é endocrinologista e doutor em ciências pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. É Membro...
iA tireoide é uma glândula que se situa na região anterior do pescoço, logo abaixo do pomo de adão, mais conhecido como gogó. É a responsável pela produção de dois hormônios, o T3 (triiodotironina) e o T4 (tetraiodotironina), que têm a função de regular o funcionamento de vários órgãos.
A inflamação dessa glândula, que pode ocorrer por diversas causas, chama-se tireoidite. Os sintomas e sinais são variáveis e dependem da causa da doença. Podem ser ocasionados pela própria inflamação, como dor, vermelhidão, edema, calor e manifestações compressivas na região da tireoide.
As tireoidites podem levar, também, tanto à falta de hormônios tireóideos (hipotireoidismo), quanto ao seu excesso (tireotoxicose). Assim, as manifestações clínicas de hipotireoidismo (depressão, intestino preso, menstruações irregulares, diminuição da memória, cansaço excessivo, dores musculares, ganho de peso etc) ou tireotoxicose (nervosismo, irritabilidade, agitação, tremor, aceleração dos batimentos do coração, aumento de sudorese, fraqueza muscular, perda de peso etc.) podem estar presentes. Maiores detalhes nos artigos: "Como identificar os sintomas de hipotireoidismo" e "Hipertireoidismo: quando a cirurgia pode ser uma alternativa").
A tireoidite pode ainda ser assintomática e passar despercebida. Embora o autoexame da tireoide seja mais utilizado para identificar a presença de nódulos tireóideos, ele pode ser útil para alguns pacientes com tireoidite que têm aumento de volume da glândula. Nestes casos, aparece um abaulamento da área localizada abaixo do gogó.
Na maioria das vezes, o diagnóstico das diferentes causas de tireoidite pode ser realizado por meio da avaliação clínica, exames de sangue (que verificam o funcionamento da glândula e a presença de anticorpos antitireóideos), ultrassonografia e cintilografia.
A seguir, veja os tipos de tireoidite:
Tireoidite de Subaguda ou de De Quervain
Geralmente começa de forma abrupta com aumento doloroso da glândula e febre. É mais frequente entre os 30 e 50 anos de idade. A incidência é cinco vezes maior em mulheres. Habitualmente, ocorre tireotoxicose no início, seguido por hipotireoidismo transitório e, no final, normalização do funcionamento da glândula. Raramente pode haver hipotireoidismo definitivo com necessidade de reposição de hormônio tireóideo.
Tireoidite Silenciosa (Indolor ou Pós-Parto)
A tireoidite silenciosa é causada por uma reação imunológica do organismo contra a tireoide que promove destruição transitória e indolor da glândula. Quando ocorre nas mulheres até um ano após o parto ou o aborto, denomina-se tireoidite pós-parto. A tireoidite pós-parto acomete 5 a 10% das mulheres. A forma clássica inicia-se com tireotoxicose leve a moderada, seguida por hipotireoidismo, que regride no final. Alguns pacientes, contudo, apresentam hipotireoidismo permanente e necessitam de reposição de hormônio tireóideo por toda a vida.
Tireoidite de Riedel (Esclerosante ou Fibrótica)
Trata-se de um distúrbio em que a tireoide e tecidos vizinhos são progressivamente substituídos por fibrose. É uma doença rara, que é mais frequente entre 40 e 60 anos, com incidência de duas a quatro vezes mais comum em mulheres. O tecido tireóideo pode ser parcial ou totalmente destruído causando hipotireoidismo, que necessita de tratamento. Pacientes podem sentir falta de ar, sensação de sufocamento e disfagia.
Tireoidite Aguda (Supurativa ou Bacteriana)
Trata-se de infecção da glândula tireoide, geralmente causada por bactérias e, raramente, por fungos. É um tipo raro de tireoidite. Ela ocorre com mais frequência em indivíduos com doença tireoidiana prévia (câncer, tireoidite de Hashimoto e bócio multinodular), pessoas imunodeprimidas (uso de agentes imunossupressores, infecção por HIV etc.), debilitados ou idosos. Além disso, é mais prevalente em crianças do que em adultos.
Os pacientes, em geral, apresentam dor, vermelhidão da pele, calor e edema na região da glândula tireoide. Além disso, é comum a presença de febre, fraqueza, calafrios e sudorese.
O tratamento é realizado com antibioticoterapia, na presença de bactérias e antifúngicos, quando a infecção é causada por fungos, analgesia e drenagem cirúrgica do abscesso.
Tireoidite crônica autoimune ou Tireoidite de Hashimoto (TH)
Na tireoidite de Hashimoto (TH) o organismo desenvolve uma reação imunológica contra a glândula, inclusive com a produção de anticorpos antitireóideos que podem promover destruição gradual da glândula. O sexo feminino é cinco a sete vezes mais afetado, comumente, entre 30 e 50 anos.
A tireoide pode funcionar normalmente, mas o hipotireoidismo ou tireotoxicose podem aparecer. O exame laboratorial mais importante para o diagnóstico da TCA é a presença anticorpos antitireóideos. A ultrassonografia pode mostrar indícios da TH anos antes das alterações no sangue se mostrarem presentes. Ainda não há tratamento que leve a cura desta doença. Quando há hipotireoidismo ou tireotoxicose, inicia-se a terapia de reposição com hormônio tireóideo ou drogas antitireóideas, respectivamente. Mais recentemente, a terapia com laser de baixa potência vem sendo avaliada para a redução da inflamação e regeneração da tireoide com resultados promissores.