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O que é gastrosquise?
A gastrosquise é um defeito da parede abdominal do feto, cuja parte do intestino fica "para fora", por um orifício ao lado do cordão umbilical.
Causas
Não se conhecem as causas da gastrosquise, apenas teorias que apontam o surgimento da doença. Os especialistas acreditam que existe uma relação mínima com algumas doenças genéticas, mas na maioria das vezes é isolada.
Dessa forma, para o médico Pedro Muñoz Fernandez, cirurgião neonatal do Hospital e Maternidade Santa Joana, a teoria mais aceita para que a gastrosquise ocorra é uma obstrução de um vaso que nutre a parede abdominal, mais comum à direita do cordão umbilical.
Diagnóstico
O diagnóstico durante a gravidez é feito pelo ultrassom morfológico, que consegue identificar a saída do intestino pela cavidade abdominal do feto. Outra forma de diagnosticar é após o nascimento, quando o médico consegue identificar a gastrosquise, pois está visível.
De acordo com o cirurgião neonatal, Pedro Muñoz, a mãe que tem um bebê com diagnóstico de gastrosquise precisa ser encaminhada a um hospital com estrutura de UTI neonatal que irá monitorar a assistência ao recém-nascido. Esse bebê não pode nascer em um hospital sem essa estrutura, pois o transporte pode representar levar a um agravamento da doença.
"É importante lembrar que a gastrosquise leva a mortalidade de 30% a 40%. Além disso, no Hospital e Maternidade Santa Joana, por exemplo, em partos com o bebê diagnosticado com gastrosquise, o cirurgião pediátrico já acompanha o parto no Centro Obstétrico, para que, logo após o nascimento, o bebê já seja encaminhado ao Centro Cirúrgico e seja iniciada a intervenção cirúrgica", ressalta.
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Sintomas
Diversas pessoas acreditam que essa doença pode causar dor à gestante e ao feto ou recém-nascido, mas isso não é verdade.
Na maioria das vezes a doença não apresenta sintomas, mas, em alguns casos, com a evolução da gestação, pode haver um aumento do líquido amniótico, sendo considerado assim um sintoma que está associado à gastrosquise.
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Fatores de risco
Não há fatores de risco comprovados cientificamente. No entanto, alguns estudos mostram que a gastrosquise pode estar associada com comportamentos e características da mãe, como:
- Alcoolismo
- Uso de drogas ilícitas
- Tabagismo
- Mães jovens abaixo dos 20 anos de idade.
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Complicações
De acordo com o Renato Sá, coordenador de assistência obstétrica da Perinatal, a principal complicação da gastrosquise é a necrose do intestino, que pode levar a necessidade de retirar parte do intestino necrosado.
Tratamentos
De acordo com os especialistas, o tratamento é pós-natal, ou seja, após o nascimento do bebê. A cirurgia geralmente consiste em recolocar as alças intestinais para dentro da cavidade abdominal do recém-nascido e fechar o orifício.
Em alguns casos é necessário cobrir o intestino exteriorizado com uma prótese protetora, também conhecida como silo, que nada mais é do que uma "bolsa de plástico", para que aos poucos o intestino seja colocado para dentro do abdômen. Assim, esse processo pode demorar dias ou até mesmo semanas e posteriormente a abertura é fechada com cirurgia.
O tempo de recuperação do recém-nascido depende de alguns fatores como prematuridade e funcionamento do intestino, e a melhoria pode ser notada em alguns meses após a cirurgia.
Prevenção
Como citado anteriormente no tópico "Fatores de Risco", existem alguns pontos importantes que devem ser levados em consideração durante o período da gestação, para não prejudicar o feto. Além disso, é de extrema importância que a mãe faça acompanhamento médico pré-natal para que a gastrosquise seja diagnosticada ainda no período da gravidez.
É importante ressaltar que mulheres com ocorrência familiar ou histórico de gastrosquise em outra gravidez precisam ser observadas com mais frequência para o diagnóstico precoce.
Diferença entre gastrosquise e onfalocele
É comum que muitas pessoas relacionem a gastrosquise com a onfalocele. Afinal, as duas são malformações congênitas de parede abdominal, mas uma não tem nada a ver com a outra.
"A onfalocele é a herniação do intestino pelo orifício do umbigo. É visto pelo ultrassom como um defeito abaixo do cordão umbilical (e não ao lado como na gastrosquise). Outra diferença é que o intestino na onfalocele é recoberto por membrana, diferente da gastrosquise que não tem membrana recobrindo. A onfalocele tem forte associação com doença genética (outra diferença da gastrosquise, já que neste caso a associação é baixa)", explica o médico Renato Sá.
Referências
- Renato Sá, ginecologista e obstetra, coordenador de assistência obstétrica da Perinatal
- Pedro Muñoz Fernandez, médico cirurgião neonatal do Hospital e Maternidade Santa Joana.