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Quem nunca se sentiu pressionado a perder peso única e exclusivamente por questões estéticas? Na verdade, a obesidade tem a ver com a saúde - ou, no caso, com o risco de perdê-la. Por isso, é preciso entender que a obesidade é uma doença crônica que precisa ser tratada, e que pessoas com obesidade não têm falta de vontade, tampouco não perdem peso só porque não querem.
A obesidade é considerada uma doença crônica1. Outras doenças crônicas conhecidas são diabetes, hipertensão, problemas cardiovasculares - a lista é enorme. E, de fato, ninguém afirma a um hipertenso que a sua pressão está alta por falta de vontade, não é? Apenas aceitamos e entendemos que, assim como outras doenças crônicas, é preciso tratamento para que essa questão se resolva. O mesmo deve valer para a obesidade.
Para entender melhor, a obesidade é considerada uma doença multifatorial, e envolve questões genéticas, ambientais, de estilo de vida e até mesmo emocionais2.
Por isso, ninguém tem obesidade por uma causa única, como apenas pelo aumento excessivo da ingestão calórica diária, mas sim por um conjunto de fatores2. A obesidade precisa ser tratada juntamente a médicos e outros profissionais de saúde (nutricionistas, educadores físicos e psicólogos), e sempre com acompanhamento para que aqueles que são impactados possam atingir a faixa ideal de peso para sua estrutura física.
Consequências da obesidade
Quando não tratada, a obesidade pode trazer diversas consequências à saúde. Há risco aumentado para o desenvolvimento de diabetes, hipertensão, doenças cardiovasculares, problemas dermatológicos, alterações do aparelho locomotor, dislipidemias - como colesterol e triglicérides altos3 - e até mesmo determinados tipos de câncer4.
O excesso de gordura corporal proporciona um estado de inflamação crônica no organismo, bem como alteração e aumento de determinadas substâncias que podem facilitar o crescimento de células cancerígenas, o que eleva o risco de desenvolver câncer.
No entanto, o desenvolvimento dessas condições varia entre cada indivíduo, bem como de acordo com o grau de obesidade (tipo leve, moderada ou grave). É por isso que as pessoas com obesidade precisam ser esclarecidas a respeito desses riscos e direcionadas a um tratamento que possa evitá-los1.
Obesidade tratada é igual a mais saúde
Quem trata uma doença crônica ganha saúde. Por isso, pessoas com obesidade que recebem tratamento apresentam, frequentemente, melhora no perfil lipídico - o colesterol e o triglicérides tendem a baixar, o que diminui o risco de doenças cardiovasculares -, há diminuição do grau de hipertensão arterial, bem como o risco diminuído de desenvolver câncer, como o de mama, ovário, endométrio, esôfago, estômago, pâncreas, fígado, intestino, rins, entre outros4.
Tratamentos disponíveis
Há diversos tratamentos disponíveis para a obesidade. Há recursos medicamentosos, cirúrgicos, o incentivo à prática de exercício físico, a adoção de um plano alimentar personalizado e até mesmo psicoterapia.
No entanto, assim como na hipertensão e no diabetes, muitas vezes as mudanças de estilo de vida não são suficientes para o controle da doença, sendo necessário o uso de medicamentos, sempre prescritos pelo médico.
Há, no Brasil, alguns medicamentos disponíveis para o tratamento da obesidade. Mas, toda medicação sempre deve ser prescrita por um médico e ter o devido acompanhamento.
Sibutramina: o medicamento atua bloqueando a recaptação de noradrenalina e serotonina, o que resulta em redução da ingestão de alimentos, levando à perda de peso2.
Liraglutida: a liraglutida é um medicamento agonista do peptídeo semelhante ao glucagon-1 (GLP-1). Em outras palavras, ele age simulando o hormônio GLP-1, que tem uma ação no hipotálamo em neurônios envolvidos no balanço energético, diminuindo fome e aumentando a saciedade2.
Orlistate: o orlistate é um fármaco análogo da lipstatina inibidor de lipases gastrintestinais, e age no sistema digestivo, fazendo com que cerca de 30% da gordura ingerida na alimentação não seja absorvida, sendo eliminada nas fezes. Essa diminuição de absorção das calorias da gordura contribui para a perda de peso2.
Cirurgia bariátrica: além disso, o tratamento da obesidade também exigir uma cirurgia bariátrica. A indicação cirúrgica passa por critérios específicos, bem como a realização de diversos exames e preparo pré-operatório, como acompanhamento ao longo da vida, para ajustes de nutrientes2.
Em todos os casos, é preciso entender que, por ser uma doença crônica, a obesidade deve ser tratada de forma contínua, ou seja, o cuidado com o peso perdura para sempre.
Dieta
A dieta e a reeducação alimentar fazem parte do tratamento para a obesidade. No entanto, para que seja efetiva e não traga riscos à saúde, é importante que ela seja prescrita por um profissional especializado (ex.: nutricionista), que poderá avaliar de maneira individualizada, propondo um plano alimentar equilibrado, que componha todos os grupos alimentares e, principalmente, todos os nutrientes, como vitaminas, minerais e proteínas, essenciais para uma boa saúde2.
Além disso, o plano alimentar deve visar a preferência alimentar de cada pessoa, afinal, não adianta o profissional insistir que você coma quiabo caso seu paladar não se adapte a esse alimento, não é2?
Por isso, fuja de dietas da moda - aquelas que se mostram muito restritivas. Além de ser um problema por frequentemente não contemplar os nutrientes necessários, o radicalismo na alimentação não faz bem à saúde2.
Para quem não tiver disponibilidade de se consultar com um profissional da nutrição, é possível já melhorar a saúde em casa e começar ainda hoje. Para isso, basta priorizar a alimentação mais natural - a comida de verdade ou, como popularmente são conhecidos, aqueles alimentos que podemos descascar mais e desembalar menos.
Por isso, opte por um prato que contenha vegetais, como legumes, verduras, leguminosas, bem como proteína, carboidratos complexos (mandioca e batata-doce são algumas opções), boas gorduras - como a do azeite de oliva - e, quando estiver com vontade de uma sobremesa, prefira as frutas.
Exercício físico
O exercício físico é um dos pilares da boa saúde e tem um papel importante na perda de peso. Praticada regularmente, ela ajuda a afastar o risco de diversas doenças crônicas, como obesidade, hipertensão, diabetes, doenças cardiovasculares, bem como de outras condições, como depressão, alterações de colesterol, câncer, entre outras5.
Por isso, comece hoje e não se cobre tanto. Uma caminhada leve já traz benefícios à saúde e é melhor do que ficar parado. Com o tempo - e com o auxílio de profissionais indicados - a intensidade da atividade pode ser alterada, o que trará ainda mais benefícios à saúde física e mental, bem como na perda e manutenção do peso perdido.
Procure ajuda
Lembre-se: obesidade é uma doença crônica e tem tratamento. Os profissionais que podem ajudar são os endocrinologistas, nutrólogos, nutricionistas, educadores físicos e até mesmo psiquiatras e psicoterapeutas.
Isso por que quem está lidando com algum problema de ordem mental - como depressão, ansiedade ou outras alterações - também precisa buscar ajuda, pois o tratamento adequado dessas condições também impacta positivamente na perda de peso, na ligação com a alimentação, bem como na adesão à atividade física e ao tratamento medicamentoso, se este for recomendado.
Mas, lembre-se que médicos de outras especialidades, como ginecologistas para as mulheres e cardiologistas para os homens, também podem auxiliar com orientações sobre o tratamento ou indicar um outro especialista que compreenda bem sobre obesidade.
Referências
1 - Pinheiro ARO, Freitas SFT, Corso ACT. Uma abordagem epidemiológica da obesidade. Revista de Nutrição. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-52732004000400012
5 - Medline Plus. Benefits of Exercise. NIH - U.S. National Library of Medicine. Disponível em: https://medlineplus.gov/benefitsofexercise.html
No entanto, o desenvolvimento dessas condições varia entre cada indivíduo, bem como de acordo com o grau de obesidade (tipo leve, moderada ou grave). É por isso que as pessoas com obesidade precisam ser esclarecidas a respeito desses riscos e direcionadas a um tratamento que possa evitá-los1.